Um rumor bastante recente pegou de surpresa a indústria de tecnologia, os desenvolvedores de jogos e o público gamer: a Sony estaria planejando o lançamento de um possível “PS4,5”, bem mais poderoso e capaz até de rodar jogos na espetacular resolução 4K. Ainda que os boatos sejam bastante comuns nesse tipo de mercado, parece que, desta vez, o assunto tem grandes chances de ser real – ainda que de forma um pouco mais diferente do que a imaginada inicialmente. Aguenta coração!
Depois que o Kotaku levantou a peteca para essa informação depois de ter contato com alguns devs durante a GDC deste ano, o pessoal da Eurogamer conseguiu entrar em contato com uma série de fontes internas que confirmaram a existência do projeto. Aparentemente, o novo aparelho, que está sendo chamado de PlayStation 4K, realmente está nos planos da companhia japonesa e até possuiu alguns protótipos funcionais lacrados nos laboratórios de pesquisa da empresa.
Quatro vezes o poder de um PS4 original.
Notícia boa para quem pensa em rodar seus títulos favoritos com o melhor visual possível? Sim! No entanto, o jornalista responsável pela coluna Digital Foundry do site europeu foi bem mais pé no chão na análise dos dados obtidos com seus informantes e em suas especulações sobre o tema. Isso porque, para qualquer um mais antenado em informática, fica claro que, mesmo que essa nova versão traga um hardware mais poderoso por baixo de sua carcaça, dificilmente ele será potente o bastante para reproduzir jogos de última geração em 4K.
É simplesmente impossível espremer o equivalente ao poder de processamento gráfico de um PC top de linha dentro da caixa de um console
“Realisticamente, é simplesmente impossível espremer o equivalente ao poder de processamento gráfico de um PC top de linha dentro da caixa de um console para o mercado de massa”, analisou Richard Leadbetter. Basta conferir o esforço para que os desenvolvedores consigam rodar games mais exigentes no console atendendo às marcas de 1080p e 30 ou 60 fps para que se perceba que muito dificilmente a geração atual de video games seja capaz de expandir esses trabalhos para o Ultra HD e aplicando recursos atrelados a essa tecnologia.
Tecnologia gera tecnologia
Como é, há recursos agregados ao 4K? Pode ter certeza que sim. Como explicamos em nosso artigo sobre a evolução dos mercados de VGAs e displays, os avanços criados para tornar a experiência de altíssima resolução cada vez mais intensa e imersiva possibilitam a integração de novas funcionalidades a esse segmento. A reprodução de conteúdo em HDR (High-Dynamic Range) ou utilizando uma paleta de cores ainda mais rica, por exemplo, é capaz de tornar as imagens mais reais, mas, ao mesmo tempo, exige um processamento maior.
As novas tecnologias combinam desempenho e eficiência na mesma proporção.
Considerando esse tipo de adições, levando em conta os novos processos de litografia das próximas famílias de GPUs da NVIDIA e AMD – com chips de 14 e 16 nanômetros e transistores do tipo FinFET – e respeitando até a possível regrinha de que o suposto PS4K tenha que ser compatível com os games do seu irmão mais velho, Leadbetter estabeleceu alguns cenários possíveis para o posicionamento desse aparelho. Afinal, o brinquedinho pode ter a tarefa nobre de fazer a ponte entre esta geração e a próxima.
Vale notar que é preciso que toda essa tecnologia, robustez e evolução caiba no formato reduzido dos consoles atuais e não obriguem o consumidor a manter um “trambolhão” no meio da sala ou envergando a prateleira do quarto. Confira abaixo as três possibilidades levantadas até então para esse console aperfeiçoado:
1) Um PlayStation 4 “musculoso”
Os avanços da AMD com seu chipset Polaris para placas de vídeo poderia ser a chave para aumentar o desempenho do equipamento sem comprometer o tamanho do produto e sua eficiência energética. Um empecilho para a adoção do recurso é que as primeiras VGAs com esse tipo de tecnologia só estão programadas para chegar mais para o fim deste ano e voltadas inicialmente para PCs. A parceria da Sony com a fabricante precisaria ser ainda mais estreita para a produção de unidades feitas sob medida – menores e com baixíssimo consumo.
Teoricamente a nova linha da AMD teria poder de fogo para trabalhar com resoluções 4K, mas a quantidade de informações exigidas para produções rodando nesse formato exigem que um bom conjunto de memórias acompanhe o kit. A tecnologia mais indicada para isso seria a implementação de módulos de RAM do tipo HBM, um hardware que ainda está longe de se popularizar e poderia elevar bem o valor do console. Mesmo assim, é difícil acreditar que o aparelho conseguiria rodar um Final Fantasy XV da vida em UHD e sem engasgadas.
Dá para fazer tudo isso virar um PS4 mais bombadinho, será?
O mais provável é que uma mudança brusca nos dispositivos internos resultasse em uma melhoria considerável para quem curte assistir a filmes e séries por meio do PS4. A possível presença de uma conexão HDMI 2.0, por exemplo, acompanhada de um leitor Blu-ray atualizado, poderia resultar na reprodução de discos em 4K ou curtir o acervo da Netflix nessa mesma resolução a 60 Hz. O preço da brincadeira, no entanto, pode aumentar drasticamente, fazendo bater a saudade da época que o video game saia por R$ 4 mil no varejo.
2) PS4: Remastered?
Outra opção para a Sony seria aproveitar sua situação relativamente confortável na atual geração de consoles e apostar em uma ampliação da liderança com um equipamento diferenciado tanto para o público quanto para os desenvolvedores. A ideia básica seria atualizar o hardware do video game para que ele tenha novidades suficientes para gerar interesse de compra, mas não passe a impressão de que quem já tem um PS4 original ou opte por pegar o modelo mais barato se sinta abandonado pela marca.
Partindo do pressuposto de que a atual GPU do PlayStation 4 é uma versão customizada e com recursos reduzidos da antiga Radeon HD 7870, por exemplo, a introdução de uma edição turbinada do chip ou a troca por um modelo mais recente – sem que precise ser algo de ponta ou da futura série Polaris – já garantiria um belo aumento de desempenho. Adicione a essa receita módulos de memória mais rápidos ou em maior quantidade e a chance de implementar funcionalidades Ultra HD ao produto se torna bastante real.
De jogos remasterizados para um console nesse moldes?
Isso quer dizer que provavelmente os jogos não rodariam em 4K nessa opção do PS4K – apesar de poder haver suporte, mais uma vez, à reprodução de vídeos no formato –, mas poderiam ser executados de forma bem mais fluida que em sua encarnação original. Imagine que alguns títulos que ficam na casa dos 30 fps ou abaixo de Full HD poderiam rolar sem nenhum problema em 1080p, a 60 fps e com maior profundidade de cor, texturas mais definidas e com cenários sendo renderizados até os confins do horizonte.
3) PS4K fininho, mas igualmente potente
A última alternativa teorizada por Leadbetter diz respeito a outro rumor que já circula há algum tempo na indústria: a produção de um PS4 Slim. Como isso é algo que aconteceu em todas as três outras gerações da família PlayStation, o surgimento de uma versão magrinha do video game é praticamente certa. Juntando ambos os boatos, essa poderia ser a chance de a Sony fabricar um PlayStation 4 menor, que, graças aos novos métodos de produção, mantivesse a mesma capacidade de processamento ou até a aumentasse um pouco.
Dependendo do ponto em que um equipamento desse seja lançado no mercado, as chances são de que a Sony tenha em mãos um novo respiro para o video game da vez
Utilizando um combo de APU/GPU com litografia de 14 ou 16 nanômetros, seria possível criar um aparelho de medidas reduzidas que desse um suporte mais avançado para TVs e monitores 4K, indo além do upscale automático feito por esses itens. Tanto jogos quanto arquivos multimídia rodando em 1080p se beneficiariam de uma ampliação mais refinada em displays UHD e receberiam melhorias vindas de funcionalidades como HDR e maior banda de transferência de dados – devido, principalmente, à possível saída HDMI de última geração.
Dependendo do ponto em que um equipamento desse seja lançado no mercado, as chances são de que a Sony tenha em mãos um novo respiro para o video game da vez. Isso porque o PS4K Slim poderia substituir seu irmão mais velho com segurança ao instigar a compra por usuários que já tem a versão atual do hardware e também atrair uma nova leva de consumidores que estejam buscando por novidades e um preço mais em conta.
Um caminho ainda em aberto
Considerando a longevidade tradicional dos consoles, pode parecer meio cedo para que a Sony resolva investir em uma atualização de um video game bastante jovem e que, ainda hoje, esbanja sucesso entre o público. No entanto, esse pode ser mais um indício de que a indústria gamer está em plena transformação e tentando atrelar sua evolução aos avanços da tecnologia como um todo – algo que já saiu dos componentes para PCs e se espalhou, de forma surpreendente, para o ramo de smartphones, por exemplo.
Esse carinha também aposta nesse tipo de abordagem para o hardware de consoles.
A ideia também não é revolucionária ou exclusiva dos japoneses, uma vez que, recentemente, o próprio chefão da marca concorrente falou de forma aberta sobre o assunto – o que acabou gerando todo tipo de polêmica pela internet afora. Sim, Phil Spencer há pouquíssimo tempo falou sobre como o segmento precisava se adaptar à realidade tecnológica atual e que isso é algo interessante de ser colocado em prática o quanto antes, já que pode trazer benefícios para todos os envolvidos nesse ecossistema.
“Os consoles fecham o hardware e a plataforma de software no começo de uma geração. Então você usa isso por sete anos, enquanto outros ecossistemas estão ficando melhores, mais rápidos e fortes. E então você espera pelo novo grande passo”, explicou o executivo da Microsoft ao analisar o tema, dizendo ainda acreditar que a tendência são mais inovações de hardware do que no passado.
Assim, estaria nas mãos da Sony desbravar os caminhos desse tipo de upgrade em consoles já lançados com seu PS4K, ganhando a confiança do usuário, provando que a atualização não é só válida como necessária
Mesmo com a visão otimista de Spencer, ficou subentendido que talvez o Xbox One ainda não participe desse tipo de revolução. Assim, estaria nas mãos da Sony desbravar os caminhos desse tipo de upgrade em consoles já lançados com seu PS4K, ganhando a confiança do usuário, provando que a atualização não é só válida como necessária e fazendo esquecer qualquer tipo de tentativa passada nesse sentido – como o não tão saudoso 32X da SEGA.
Vale lembrar que a empresa ainda não se pronunciou a respeito de toda essa polêmica e, por consequência, nada disso ainda está gravado em pedra. Ainda assim, não deixa de ser uma análise interessante sobre os trajetos que um projeto do tipo pode tomar e o impacto que isso pode ter na indústria. Qual das opções do suposto novo PS4 faria você largar seu video game atual para apostar na novidade?
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