A partir de 1º de julho de 2021, a Google reduzirá em 50% a taxa que cobra de desenvolvedores pela venda de "bens digitais e serviços" na Play Store – de 30% para 15% – até que atinjam US$ 1 milhão anualmente (uma medida que beneficiará 99% dos profissionais e, de acordo com um porta-voz da empresa, justa, já que contempla todas as companhias). Qualquer valor acima disso, complementa a big tech, será tributado de acordo com a abordagem original.
Aplicados desde o lançamento do Android Market em 2008, os 30% se mantiveram inalterados com o passar dos anos e eram direcionados, alegava a gigante das buscas, a operadoras e taxas de liquidação de faturamento. Ainda assim, em 2018, houve redução de 50% de taxas sobre valores de assinaturas cobrados de usuários que superassem um ano de uso das soluções.
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Cerca de 3% dos desenvolvedores Android realmente cobram pelo download de seus aplicativos ou por compras digitais, e apenas 1% deles ganha mais do que o limite de US$ 1 milhão, indica a empresa. Agora, os novos descontos contemplam necessidades de "parceiros de distribuição e taxas operacionais."
99% dos desenvolvedores serão beneficiados com medida.Fonte: Reprodução
"Práticas monopolistas" e medo industrial
Estratégias como a apresentada pela Google não são inéditas, uma vez que a Apple, no ano passado, criou um programa especial para pequenos negócios por meio do qual também reduz taxas de 30% para 15% daqueles que não ultrapassem o limite de US$ 1 milhão anuais. Se excedido, entretanto, a empresa que é automaticamente desligada da iniciativa e fica sujeita à cobrança habitual.
Por fim, as adaptações estão ocorrendo em um momento no qual há críticas ferrenhas de desenvolvedores quanto às políticas sob as quais são submetidos, ações judiciais antitruste e debates de novas leis empreendidos por autoridades norte-americanas, que esperam o oferecimento de métodos alternativos de distribuição de softwares e mais opções de pagamentos nas plataformas envolvidas.
Abordagem não é inédita e preocupa grandes companhias.Fonte: Reprodução
Com tantas questões, há quem se mantenha resistente às supostas tentativas de auxílio tanto da Apple quanto da Google: "É assustador para a indústria de tecnologia ver a Google e a Apple alinharem suas práticas monopolistas. Em um mercado de aplicativos gratuitos, as taxas seriam muito mais baixas para todos pela competição em vez de sujeitas às suas táticas de 'dividir para conquistar'", declara Tim Sweeney, fundador da Epic Games.
"É uma jogada autobenéfica: a maioria dos desenvolvedores obterá essa nova taxa de 15% e, portanto, estará menos inclinada a lutar, mas a maior parte da receita vem de aplicativos com a taxa de 30%. Assim, a Google e a Apple podem continuar a inflacionar os preços e enganar os consumidores com seus impostos", defende.
It's a self-serving gambit: the far majority of developers will get this new 15% rate and thus be less inclined to fight, but the far majority of *revenue* is in apps with the 30% rate. So Google and Apple can continue to inflate prices and fleece consumers with their app taxes.
— Tim Sweeney (@TimSweeneyEpic) March 16, 2021
"O Android precisa estar totalmente aberto à competição, com um campo de jogo genuinamente nivelado entre plataformas, criadores de aplicativos e provedores de serviços. A competição no processamento de pagamentos e a distribuição de aplicativos é o único caminho para um mercado justo", se posiciona a desenvolvedora de jogos em nota.
"[A medida apresentada] não ataca a raiz do problema", finaliza.
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