Um estudo da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado nesta semana constatou o que há muito se discute quanto aos assistentes pessoais digitais: o uso da voz feminina nesses equipamentos reforça estereótipos sexistas.
Esse tipo de dispositivo de gigantes da tecnologia, como Apple, Google, Amazon e Microsoft, que têm características femininas do tom de voz à escolha do nome, transpassam uma ideia de submissão e serventia, segundo apontou estudo feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
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A organização chegou a recomendar que as empresas parem de fazer assistentes digitais femininas por padrão. A disposição em ajudar e a forma simpática de abordar assuntos delicados reforça, de acordo com o relatório, uma idealização irreal do comportamento feminino.
"Ficaria vermelha, se pudesse"
O relatório mostrou, também, que as respostas padrão dos assistentes digitais para os comandos "gostosa", "bonita" e outros que envolvem comportamentos inadequados, na maior parte das vezes, refletem gratidão, falta de entendimento ou humor.
Apesar de não ser a primeira vez que o assunto é abordado, o relatório da ONU afirma que "a submissão do assistente diante do abuso de gênero permanece inalterada".
Voz sem gênero
Uma solução para o problema seria tirar características de gênero dos assistentes de voz. Com isso, um grupo de ativistas, linguistas, publicitários e engenheiros já conseguiu alcançar um tom de voz sem esse tipo de marcação. O projeto, chamado de Q, foi realizado por meio de gravações de 24 pessoas com diferentes identificações de gênero, a partir das quais o grupo encontrou uma "zona neutra" na faixa entre 145 Hz e 175 Hz.
Conheça o resultado:
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