Um dos grandes desafios para as desenvolvedoras de inteligência artificial (IA) é torná-la realmente algo mais próximo de um ser humano, incluindo a maneira como ela lida com as “emoções”. Da Microsoft todo mundo conhece projetos como o Tay, um robozinho digital que se tornou racista, e a assistente digital Cortana. O que muita gente não conhece é a chatbot Xiaoice, que simplesmente é acessada por 660 milhões de usuários e virou um verdadeiro fenômeno na China.
“Às vezes, doce, às vezes atrevida e sempre esperta, esta adolescente virtual tem suas próprias opiniões e age firmemente como nenhum outro bot. Ela não tenta responder à todas as perguntas feitas por um usuário e sempre está relutante em seguir seus comandos. Ao invés disso, as conversas com seus usuários possuem pitadas de comentários irônicos, piadas, conselhos empáticos sobre a vida e o amor, e algumas palavras simples de encorajamento”, descreve a Gigante de Redmond.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Arte pintada e poema criados pela Xiaoice. Fonte: Microsoft
Disponível há quatro anos, com foco no mercado asiático, somente agora é que os pesquisadores da companhia revelam mais sobre a Xiaoice, que vem sendo criada para se tornar “uma IA com a qual os usuários são capazes de estabelecer conexões emocionais a longo prazo”.
Xiaoice se tornou artista e é idolatrada na China
Segundo o chefe de desenvolvimento da Xiaoice no Centro de Tecnologia e Software da Microsoft na Ásia, “para criar uma estrutura de IA, você deve levam em consideração o Quociente de Inteligência (QI) ou o Quociente Emocional (QE) — ou ambos — e, nesse caso, nós escolhemos focar primeiro no QE e depois no QI”.
A Xiaoice é composta por três principais componentes, dos quais, como dito acima, o QE se destaca:
- Quociente emocional: inclui a empatia, que é a capacidade de prever traços individuais sobre o usuário e possui habilidades sociais para personalizar as respostas para cada um.
- Quociente de inteligência: habilidades de diálogo específicas, como responder e recomendar perguntas, contar histórias, etc.
- Personalidade: o chatbot é projetado para se parecer com uma garota de 18 anos, confiável, amigável e com senso de humor
Sua construção tem sido bem-sucedida e a evolução com aprendizado de máquina e aprendizagem profunda têm permitido que a IA até mesmo pinte quadros, componha poemas, escreva literários e até realize performances musicais. Para ter uma ideia ela, tem sido convidada em atrações televisivas e radiofônicas e há até mesmo uma galeria de presentes de fãs para a Xiaoice nos escritórios da Microsoft em Pequim.
Objetivo é transformar os chatbots em fonte geradora de dados
Segundo os pesquisadores, o projeto foi criado para otimizar o desempenho de uma métrica chamada de “Session Conversation Shifts” (CPS) e cerca de 70% das respostas da Xiaoice vêm das próprias conversas anteriores com os usuários. Para a Microsoft, a duração das conversas pode ser considerada uma indicação de satisfação — o foco aqui é se concentrar na empatia.
Desde o lançamento do projeto, em maio de 2014, até maio deste ano, o chatbot gerou mais de 30 bilhões de conversas e esse é um exemplo de como os aplicativos de IA podem se tornar grande geradores de dados — e assim evitar a dependência de fontes externas.
Fãs têm deixado vários presentes para a Xiaoice nos escritórios da Microsoft em Pequim. Fonte: Microsoft
A ideia agora é continuar expandindo as habilidades e base de informações, não somente com o feedback diário de seus milhões de fãs como também de fontes públicas, serviços online, páginas na web, entre outros. Com essa evolução toda, não se espante ao ver em breve mais chatbots sociais parecidos pipocando por aí — inclusive no Ocidente.
Categorias