A prática configura como o que é chamado de “blackface”, a apropriação quase caricatural de traços raciais estereotipados
Polêmica não é novidade para o aplicativo FaceApp, que faz montagens automáticas em fotos de rostos humanos, colocando filtros que envelhecem, rejuvenescem e alteram as feições das pessoas. Após adotar um clareamento de pele no efeito que supostamente deixaria as faces mais bonitas, o que foi taxado de racista por muitos usuários, agora o app tem opções de filtros para deixar você com “cara de” negro, asiático ou indiano.
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O problema é que, para criar esse efeito, o aplicativo utiliza clichês raciais aplicados sobre os rostos dos usuários, alterando o formato dos olhos, nariz, boca e cabelos. A prática configura como o que é chamado de “blackface”, a apropriação quase caricatural de traços raciais estereotipados, o que também acontece com outras raças não brancas além, obviamente, dos afrodescendentes.
Efeitos aplicados na atriz Cate Blanchett mostram os traços estereotipados dos filtros
Falha técnica
Outro aplicativo – o Snapchat – também cometeu a mesma gafe ao comemorar o dia 20 de abril (4/20 nos Estados Unidos, uma referência ao consumo da maconha) com um filtro que “transformava” as pessoas em Bob Marley. O efeito escurecia a pele das pessoas e colocava dreadlocks em suas cabeças, além do tradicional gorro colorido da cultura rastafári.
Apesar de ter se desculpado pelo filtro de embelezamento que clareia a pele das pessoas, colocando a culpa, obviamente, em uma falha de machine learning da inteligência artificial do FaceApp, o CEO da empresa, Yaroslav Goncharov, afirmou que os novos efeitos não são racistas e que não carregam em si valores positivos ou negativos como no caso anterior.
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