Ao que tudo indica, o “namoro” entre a Foxconn e a Sharp pode finalmente ser consolidado e seguir para o próximo estágio de negociação. Depois de anos de conversa e de uma proposta da taiwanesa para adquirir a marca por US$ 5,3 bilhões (R$ 20,9 bilhões) – superando, e muito, a oferta do governo japonês –, a fabricante de displays só resolveu assinar os papéis diante de um valor “levemente” superior: US$ 6,24 bilhões (cerca de R$ 25,3 bilhões).
Ainda que a Sharp esteja relatando prejuízos ano a ano e possua dívidas substanciais com os bancos do Japão, o fato de a companhia ser a principal fornecedora de telas para os iPhones faz com que a aquisição seja bastante estratégica para a Foxconn. Isso porque a empresa sediada em Taiwan age como a linha de montagem não-oficial da Apple para seus smartphones, recebendo as peças de diversas fabricantes e despachando os celulares finalizados para todo o mundo.
Com a possibilidade de passar a fornecer componentes diretamente para sua aliada, as chances são de que a taiwanesa ganhe mais força para acertar negociações e contratos mais vantajosos no futuro. Terry Gou, fundador da Foxconn, revelou que todo o processo de aproximação com os japoneses não foi fácil, exigindo cerca de cinco anos de contatos intensos para criar um clima amistosos entre eles e a Sharp. A ideia é que, com a marca, eles possam encarar outros rivais asiáticos no mercado de tecnologia.
Nesse ponto, alguns analistas acreditam, inclusive, que a própria Empresa da maçã pode sair lucrando com essa aquisição, fazendo com que ela se afaste um pouco de uma das suas maiores concorrentes. “A Sharp tem a tecnologia para produzir componentes que podem competir com a Samsung no fornecimento à Apple. Isso que significa que, com a Sharp sob suas asas, a Foxconn pode ajudar a Apple a se desvencilhar da Samsung”, explicou Gavin Parry, diretor da Parry International Trading, de Hong Kong.
Faltam alguns detalhes...
Mesmo com o aceite dos japoneses, a passagem de bastão ainda não foi gravada em pedra, faltando a aprovação do acordo pelas entidades reguladoras do Japão. Enquanto isso, a movimentação da taiwanesa anda tendo uma recepção mista do mercado. Embora as ações da Sharp tenham subido 4% desde que a intenção de compra foi formalizada, os papéis da Foxconn tiveram uma queda de 3,9% – possivelmente devido ao receio dos investidores com a pouca experiência da compradora no segmento de displays.
Além disso, o surgimento de uma nova lista de possíveis prejuízos astronômicos da companhia japonesa – passivos contingente na casa dos bilhões de dólares – pode colocar a negociação em pausa até que a administração da Foxconn reavalie toda a situação. De qualquer forma, a expectativa é de que tudo seja oficializado em breve, dando um fim a essa novela do mundo de tecnologia.
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