Vencer na loteria pode não ser questão apenas de sorte, mas de malandragem. Um vencedor da Hot Lotto foi preso e está em julgamento acusado de adulterar as máquinas responsáveis por fazer o sorteio de números, fazendo com que ele mesmo seja o vencedor.
Em 2010, Eddie Raymond Tipton trabalhava como diretor de segurança de informação em uma vendedora de loterias de Iowa, nos Estados Unidos. Ele recebeu um prêmio de US$ 14,3 milhões (o equivalente a R$ 44 milhões), mas não chegou a comemorar: em janeiro de 2015 e sem ver a cor do dinheiro, ele foi preso e pode pegar até cinco anos de cadeia, fora uma multa que pode chegar a R$ 23 mil.
Imagens do sistema de segurança de uma loja mostram o acusado comprando o bilhete de loteria premiado um mês depois da adulteração — algo proibido desde o início, pois ele era funcionário da empresa. Tipton negou que fosse ele, mas a placa do carro do consumidor bate com a de um veículo alugado pelo rapaz e registros telefônicos também indicam a presença do réu na cidade, apesar de ele afirmar que estava em outra localidade.
Um golpe de mestre (do crime)
Colegas de trabalho alegam que Tipton estava obcecado com root kits na época do golpe. Esse tipo de programa faz ações pré-programadas rapidamente e some sem deixar qualquer rastro, segundo os promotores.
O problema é que os números do programa Random Number Generator são sorteados em uma máquina bastante segura, que fica em uma sala fechada com paredes de vidro, acessível por duas pessoas ao mesmo tempo, com gravação constante de vídeo e sem qualquer conexão com a internet. Esse é o argumento do advogados de defesa: como ele conseguir fazer a malandragem?
O acusado trabalhava nos sistemas de segurança da loteria na época do sorteio.
Tipton sairia livre da acusação por conta dessa informação, mas ele mesmo foi visto na sala de segurança horas antes de efetuar a compra. O motivo? Alterar a data e a hora dos computadores e mexer no sistema de câmeras, que naquele dia gravaram somente um segundo por minuto, em vez de operarem normalmente.
Quatro funcionários que tinham acesso ao sistema vão testemunhar e alegam que não mexeram no sistema — o quinto é Tipton, que será julgado.
A história fica mais obscura
Ninguém tentou retirar o prêmio da loteria até poucas horas antes do bilhete expirar, em 2011. Quem alegou ser o vencedor? Uma empresa sediada em Belize, no Caribe, ligada a um advogado chamado Crawford Shaw.
Tipton comprando o bilhete de loteria de forma suspeita.
Shaw, por sua vez, foi contratado por Robert Clark Rhodes II e um segundo elemento, interessados em retirar um bilhete de loteria de forma totalmente anônima — sem revelar a identidade ou como efetuaram a compra até mesmo para os organizadores. Para desespero dos criminosos, o prêmio nunca foi retirado porque o pedido de privacidade foi negado, mas a investigação começou a partir da desconfiança das autoridades. Conversas posteriores concluíram que Tipton e Rhodes estudaram juntos na faculdade e trocavam chamadas telefônicas frequentes.
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