Anonymous lista mais empresas que teriam financiado atos em Brasília

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Imagem: Herbert Pictures/Getty Images

A EterSec, uma célula brasileira do grupo hacktivista Anonymous, divulgou ontem (23) uma lista que mostra 110 empresas do agronegócio que supostamente financiaram os atos antidemocráticos em Brasília.

Ao todo, são três documentos: um mostrando as empresas, outro focado nos grandes empreendimentos e outro identificando pessoalmente os empresários que comandam os negócios ou que são sócios.

O grupo de ativistas digitais chama o relatório de “Bolsoagros”. Parte destas pessoas supostamente financiaram ônibus, comida e acampamento para os terroristas que atacaram as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em 8 de janeiro.

“Nem todo nome aqui citado é financiador direto da invasão de Brasília, alguns fizeram doações para reeleição de membros da direita do nosso país, outros estavam presentes em reuniões estranhas onde políticas foram propostas para alimentar os ganhos da classe agro”, fez questão de ressaltar a EterSec.

Além dos nomes e CNPJs das empresas, o texto revela dados dos empresários como CPF, RG, PIS, data de nascimento, nome do pai e da mãe, telefone, e-mails, frota veicular, título de eleitor, renda e escolaridade. No relatório constam até mesmo itens comprados em sites online e score no Serasa.

Muitas das informações compiladas são públicas, porém, servem para “ligar os pontos”, de acordo com a célula brasileira dos Anonymous. A exposição, segundo eles, serve também para indicar como agentes públicos como deputados receberam doações de empresas do agronegócio que supostamente estiveram envolvidas com os atos antidemocráticos.

“E em seus mandatos [os deputados] garantiram votos em medidas que flexibilizam as leis ambientais, além de apoiar vetos e/ou decretos do ex-presidente Bolsonaro. O apoio desses deputados à permanência de Bolsonaro não é à toa, é uma tentativa de garantir a máquina de lucros que é o agronegócio”, sustenta a EterSec.

Destruição do meio ambiente e indígenas

Além de ligar os empresários do agronegócio aos atos terroristas de 8 de janeiro, o texto da EterSec acusa os listados de contribuírem com a destruição ambiental, principalmente de terras indígenas, e que esses fatores acabaram causando a fome de povos originários como os Yanomami.

O caso dos Yanomami, em Roraima, ganhou bastante repercussão na última semana. O povo indígena está passando por uma grave crise de saúde provocada por fatores como a desnutrição. A crise humanitária já causou mortes até mesmo de crianças, que ainda estão sofrendo com uma epidemia de malária.

O presidente Lula (PT) fez uma visita à região no último sábado (21) e o governo federal declarou Emergência de Saúde Pública.

YanomamiPovo Yanomami recebendo atendimento contra a covid-19 em 2020

“Ao mesmo tempo que mais de 100 moradores de terras indígenas morreram por garimpo ilegal em 2021, que 46% do território Yanomami foi invadido por mineração ilegal e 55% da população não se alimentaram adequadamente em 2020. É inegável que quanto mais o agro avança, mais pessoas passam por fome, doenças e inseguranças sociais que são devastadoras em nível psicológico, físico e ambiental”, diz trecho do texto divulgado pela EterSec.

Na conclusão do relatório, a célula brasileira do Anonymous defende que o agronegócio brasileiro é “tóxico”, lembra o quanto alguns empresários do setor lucram bilhões com o desmatamento e invasão de terras indígenas e como os malefícios "podem demorar séculos" para serem revertidos.

“Precisamos falar e lembrar o que significa reforma agrária e por que ela é tão importante para tentar solucionar minimamente problemas tão profundos da nossa sociedade. Precisamos cobrar mais e mais pela demarcação de terras indígenas”, defende a EterSec.

Fontes

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