Talvez você já tenha perdido ou esquecido onde deixou um objeto importante — uma mochila, um guarda-chuva ou as chaves do carro. Normalmente, é preciso refazer caminhos e revisitar cômodos na tentativa de encontrá-lo, prestando atenção em cada detalhe.
Pensando nesses problemas, o mercado de tecnologia está cada vez mais disposto a oferecer uma solução para ninguém perder mais esse tipo de item: etiquetas inteligentes, que são bastante discretas e contam com a ajuda de um recurso popularizado para impedir que objetos importantes sejam perdidos.
O que são as smart tags?
As smart tags, ou etiquetas inteligentes, são acessórios eletrônicos que permitem ao usuário saber a localização exata de objetos próximos. Elas funcionam normalmente a partir de tecnologias de conectividade, especialmente o Bluetooth com baixo consumo de energia (BLE), para parear o dispositivo com um smartphone. Desse modo, é possível utilizar um aplicativo que exibe um mapa e indica exatamente onde está o objeto.
Smart tags podem ser colocadas dentro de bolsas e malas.Fonte: Samsung
O design desses dispositivos é bastante minimalista e lembra uma etiqueta, inclusive com espaço para serem colocados em chaveiros ou no zíper da mochila. Pelo tamanho, podem ser guardados dentro de bolsas ou malas — algo bastante indicado para quem viaja de avião, por exemplo.
Muito a melhorar
Como são relativamente recentes, as smart tags ainda têm limitações técnicas. Só é possível saber a localização de algo em tempo real se você não estiver muito distante do objeto, já que o Bluetooth depende da proximidade para funcionar.
Outro recurso que deve ser popularizado nas próximas gerações de smart tags é o uso de Ultra Wideband (UWB) como forma alternativa de ligação. Desse modo, etiquetas ou outros eletrônicos podem se comunicar entre si a partir de uma rede fechada e privada, ajudando os usuários a terem uma ideia melhor do paradeiro de objetos que estão longe com base na comunidade de usuários.
Redes integradas permitem que a comunidade encontre objetos para você.Fonte: Tile
Além disso, alguns modelos de etiquetas inteligentes contam com um aviso sonoro que pode ser ativado pelo usuário ou que dispara automaticamente depois de um tempo, em uma configuração que varia de acordo com o modelo. Isso é importante não só para encontrar itens que estejam distantes, mas também para evitar usos ilegais e nada éticos desses dispositivos — falaremos mais sobre isso adiante.
A chegada das gigantes
O mercado de smart tags não era muito concorrido até o início de 2021, quando pequenas marcas de eletrônicos e fabricantes especializadas começaram a lançar itens nesse formato. A tradicional Chipolo, por exemplo, anunciou para junho de 2021 uma etiqueta mais moderna que utiliza a rede Find My da Apple para melhorar a precisão na localização.
Etiqueta da Chipolo.Fonte: Chipolo
Por outro lado, a Orbit tem uma coleção completa de localizadores com formatos diferentes e voltados para itens específicos, como carteira, bolsa e até uma capa de cartão de crédito.
Alguns itens da linha da Orbit.Fonte: Orbit
Entre as independentes, a companhia que mais se destacou foi a Tile, que já está presente em 195 países e, segundo a fabricante, tem taxa de 90% de sucesso na localização de objetos. O uso de uma rede própria formada por todos os usuários ajuda nessa estatística.
As cores e formas das AirTags.Fonte: Apple
Entretanto, gigantes da tecnologia descobriram a demanda por esse setor e entraram no mercado. Em janeiro de 2021, a Samsung apresentou as SmartTags, inicialmente com funcionamento restrito aos celulares da linha Galaxy. Em abril, foi a vez de a Apple anunciar os AirTags, que funcionam melhor se pareados com iPhones.
Preço individual das smart tags por unidade
- Chipolo, Tile e Orbit Keys: US$ 25
- Samsung SmartTags: US$ 30 (ou R$ 199 no Brasil)
- Apple AirTags: US$ 30 (ou R$ 369 no Brasil)
A questão ética
A crescente popularização desses acessórios trouxe um debate importante, afinal as smart tags podem ser utilizadas de forma ilegal por perseguidores e até em relacionamentos abusivos. Pelo tamanho, podem ser escondidas em mochilas para manter o controle sobre uma pessoa e saber exatamente onde ela esteve ao longo do dia.
A Apple já deixou claro que etiquetas inteligentes foram desenvolvidas com a intenção de localizar objetos, sem envolver pessoas ou animais de estimação.
Smart tags são indicadas apenas para objetos.Fonte: Tile
Entretanto, esses produtos ainda carecem de mecanismos de segurança aprimorados para evitar que pessoas sejam vítimas de rastreamentos indevidos. As AirTags até dão um aviso sonoro caso estejam sem pareamento, mas só apitam depois de 3 dias. Além disso, é possível receber um alerta se entrar em casa com a etiqueta de outra pessoa, mas a notificação só funciona no iPhone.
Possibilidade de controle é uma preocupação real de usuários e entidades.Fonte: Apple
Outro problema envolve violência doméstica: como os ambientes frequentados podem ser os mesmos, pode ser mais difícil de detectar violações de privacidade de quem mora com você e, portanto, não levanta suspeitas do sistema.
Esse tipo de questão, embora seja reconhecido pelas fabricantes de smart tags, ainda exige mais debate e a criação de sistemas mais seguros.
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