Na última semana, a Índia, Japão e a "Aliança Cinco Olhos" — composta pelos EUA, Reino Unido, Nova Zelândia, Canadá e Austrália — assinaram uma carta que solicita a implantação de backdoors em sistemas com criptografia de ponta a ponta para permitir que autoridades estatais investiguem conversas em mensageiros.
O documento afirma que grandes companhias na área de tecnologia deveriam viabilizar a atuação de autoridades para aplicação da lei através de mecanismos para visualização de conteúdo. Na prática, essas ferramentas são conhecidas como backdoors, “uma porta secreta” para acesso a sistemas supostamente protegidos.
No caso da Índia, essa requisição não é inédita. Em junho de 2019, autoridades do governo indiano determinaram que o WhatsApp adicionasse uma “biometria digital” nas mensagens enviadas pelo app — o que violaria princípios criptografia de ponta a ponta — para medir e visualizar o alcance de mensagens, de onde ela originou e quais foram os destinatários do conteúdo.
É evidente que a solicitação implica em graves problemas para a população exposta a esses backdoors, já que elas podem ter seus diálogos violados e controlados pelas agências de segurança desses países e criminosos também podem aproveitar a brecha para realizar mais ataques.
Um dos diretores do Software Freedom Law Centre (SFLC), Prasanth Sugathan, afirma que a ausência de uma lei de proteção de dados na Índia pode sujeitar cidadãos indianos à vigilância das autoridades do país, sem quaisquer restrições.
“Essa proposta é problemática porque dá grandes poderes para as autoridades desses países. Eles garantiriam acesso para informação de usuários que dependem do Signal e do WhatsApp para comunicar conteúdo sensível”, comentou, segundo o The Next Web.
Nenhum dos países que assinaram a carta se manifestaram após a elaboração do documento. Ainda há de acontecer movimentações políticas mais concretas após o incentivo da introdução de backdoors por parte desses países. O documento completo pode ser conferido através deste link.
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