A diocese católica de Hong Kong teria sido invadida por hackers chineses apoiados pelo governo local antes de negociações importantes relacionadas à renovação de um acordo histórico em 2018, o que prejudicou relações diplomáticas entre os países. Quem afirma é a Recorded Future, empresa com sede nos Estados Unidos que rastreia ataques cibernéticos.
De acordo com a companhia, os golpes de um grupo chamado RedDelta começaram em maio do mesmo ano, sendo que a Missão de Estudo de Hong Kong na China, elo fundamental entre as nações, teria sido outro alvo. O ministro de relações exteriores do país asiático negou qualquer envolvimento, chamando as acusações de especulações infundadas.
Grupo chinês teria buscado informações sensíveis de acordo histórico.Fonte: Unsplash
No relatório, consta que a invasão "ofereceria à RedDelta uma visão da posição da Santa Sé antes da renovação do acordo em setembro de 2020”, fornecendo "inteligência valiosa" a respeito do que pensam entidades católicas de Hong Kong sobre o movimento pró-democracia. O Vaticano, por sua vez, não se manifestou.
Cenário dividido
Ainda segundo o documento, os ataques teriam continuado, pelo menos, até 21 de julho de 2018, aplicados por uma aparente tentativa de phishing com um documento em papel timbrado da Secretaria de Estado do Vaticano dirigido ao chefe da Missão de Estudo de Hong Kong na China.
O cenário local sofre com uma divisão, uma vez que, dos cerca de 12 milhões de católicos chineses, existem aqueles que pertencem à Associação Patriótica Católica Chinesa, apoiada pelo governo, que está fora da autoridade do papa, e outros que seguem uma igreja subterrânea leal à figura máxima da religião.
Padres e paroquianos clandestinos são frequentemente detidos e perseguidos – e o objetivo do acordo era reunir os públicos, mesmo que fiéis clandestinos considerem-no uma traição à lealdade ao papa.
Fiéis chineses se dividem entre grupos apoiados pelo governo e clandestinos.Fonte: Reprodução
Um debate se instalou, no qual a China nega participações em ações que visem roubar segredos comerciais ou sensíveis, afirmando ser, na verdade, uma vítima recorrente, o que é rebatido pelos Estados Unidos, que declaram rastrear as atividades.
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