Lançado em 2016, o satélite Micius, que utiliza criptografia quântica em seus protocolos de comunicação, foi responsável por uma série de inovações tecnológicas. Agora, uma pesquisa publicada pela revista Nature revela que as duas estações terrestres ligadas a ele foram capazes de estabelecer uma conexão por meio de um link direto gerado pelo equipamento cuja segurança não depende do dispositivo – e elas se encontram a uma distância de 1,2 mil quilômetros uma da outra.
Em 2017, a equipe que comanda a tecnologia proporcionou segurança a uma reunião virtual entre academias de ciências austríacas e chinesas em Viena e Pequim, respectivamente – com 7.400 km de distância. Entretanto, o satélite não participou do processo, apenas forneceu os códigos necessários.
Ainda assim, Micius foi fundamental na comunicação entre os observatórios – que precisaram confiar na integridade dele. Agora, a coisa muda de figura. Trabalhando com pares de fótons indissociáveis, ele permitiu, desta vez, a geração de fluxos simultâneos dessas partículas para ambos os observatórios, sendo que a leitura da informação depende, fundamentalmente, dos protocolos dos locais.
Integridade dos dados independe do equipamento que os envia.Fonte: NewScientist
Em tese, trata-se de uma proteção criptográfica robusta e “inquebrável”, uma vez que, mesmo tendo o controle do dispositivo, ninguém teria acesso aos dados transmitidos sem a posse de todas as tecnologias envolvidas.
Corrida quântica
Com a novidade, é possível que qualquer país possa se valer de qualquer equipamento para se comunicar, uma vez que o emaranhado de fótons só pode ser desvendado pelos responsáveis pela informação. Obviamente, nações do mundo inteiro desejam replicar o método – e o sucesso dos testes já é um passo importante para a disseminação da novidade.
Iniciativas com esta darão início a um novo formato de internet, na qual redes serão reforçadas com as leis da mecânica quântica, tornando obsoleta a criptografia clássica – sendo que o Micius já foi comparado ao Sputnik por sua revolução. Implicações políticas e militares, claro, fazem parte do processo – mas o que não faz?
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