O governo britânico vem ensaiando uma proposta de lei que permite ao centro de comunicação do Reino Unido (GCHQ em inglês, o equivalente à NSA norte-americana) espionar mensagens encriptadas em mensageiros e redes sociais, como WhatsApp, Messages, FaceTime, Signal, entre outros. Agora, Apple, Google, Microsoft e outras 44 companhias emitiram uma carta aberta condenando esse projeto.
Proposta foi apresentada por dois oficiais da inteligência do Reino Unido em novembro do ano passado
O que o GCHQ quer é uma maneira de acessar os apps que usam encriptação de ponta a ponta e inserir um “agente fantasma”, que pode monitorar as conversas de forma imperceptível e enviar o conteúdo para uma central remota do governo. Isso foi prontamente rechaçado não somente pelas empresas quanto por organizações da sociedade civil e especialistas em privacidade e segurança.
O texto foi apresentado inicialmente em 2018, por dois oficiais da inteligência da rainha.
Carta aberta cita direitos humanos e riscos de privacidade
“A proposta de adicionar um usuário ‘fantasma’ violaria princípios importantes dos direitos humanos, bem como vários dos itens na peça do GCHQ. Embora as autoridades afirmem que ‘você não precisa nem tocar na criptografia’ para implementar o plano, a proposta representaria sérias ameaças à segurança cibernética e, portanto, também ameaçaria os direitos humanos fundamentais, incluindo privacidade e liberdade de expressão”, diz o texto.
Além de problemas de privacidade a implantação de algo assim mudaria a essência dos próprios softwares
Para implantar esse “agente fantasma”, seria necessário realizar mudanças estruturais e até mesmo a finalidade básica dos apps, que teriam uma terceira pessoa embutida em um diálogo que, essencialmente, deveria ser entre duas pessoas. Além disso, seria necessário até mesmo alterar a raiz do software para substituir o esquema de encriptação atual por outro em que o governo pudesse estar presente — e isso inclui até mesmo esconder notificações essenciais aos usuários.
Fonte: Pixabay
Vale destacar que esse tema vem sendo bastante discutido entre autoridades e gigantes da tecnologia desde que a Apple se recusou a desbloquear um iPhone para o FBI, em 2016. O GCHQ já respondeu à carta aberta, dizendo que a intenção é controlar o terrorismo. Segundo o órgão, esse é apenas o primeiro passo para a discussão do tema e a ideia é continuar conversando com as companhias até se chegue a alguma solução.
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