Contando com a participação do deputado federal brasileiro Alessandro Molon (PSB), a Câmara dos Comuns do Reino Unido organizou uma audiência pública realizada nesta terça (27) para questionar Richard Allan, vice-presidente de relações institucionais do Facebook, sobre os escândalos da empresa envolvendo uso dos dados de usuários e as campanhas de desinformação que ganharam espaço dentro das plataformas da companhia.
Recebendo também parlamentares de Argentina, Bélgica, Canadá, França, Irlanda, Letônia e Singapura, o evento ficou marcado pela recusa de Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, em comparecer. Em entrevista ao Congresso em Foco, Molon afirmou que o representante enviado pela empresa acabou dando muitas “respostas evasivas” sobre o tema.
9 countries.
— Digital, Culture, Media and Sport Committee (@CommonsCMS) 27 de novembro de 2018
24 official representatives.
447 million people represented.
One question: where is Mark Zuckerberg? pic.twitter.com/BK3KrKvQf3
Durante a sabatina, o deputado ainda destacou que existem diferentes possibilidades para garantir que as redes sociais não se tornem ameaças para a democracia, mas apenas uma delas é a correta. “Há dois caminhos que podem ser seguidos: ou países estabelecem um controle autoritário sobre o que é compartilhado na internet, o que é um mau caminho; ou eles avançam na criação de leis comuns a todos os países. Nós todos escolhemos o segundo caminho”.
De acordo com Molon, isso acontece por causa das características globais dessas plataformas, que acabam por limitar o impacto de legislações nacionais. Apesar disso, ele ressaltou o trabalho do Brasil na área ao aprovar o Marco Civil da Internet, do qual ele foi relator. O parlamentar também quis saber o que o Facebook está fazendo para evitar que seu algoritmo seja manipulado. Você pode assistir esse trecho da sessão no vídeo abaixo, publicado pela página oficial do deputado.
Em sua resposta, Allan disse que existe um tipo de conteúdo que não é banido pelo Facebook, mas está bem próximo de descumprir os termos da rede social. Para ele, esse tipo de informação está sendo excessivamente distribuído, provavelmente sendo “premiado” pelo algoritmo por gerar muita interação. A promessa dele é que de a empresa vai trabalhar para tentar resolver essa situação.
Molon também relembrou que o Facebook deletou páginas, perfis e números do WhatsApp no Brasil com milhões de interações por violarem regras de spam quando faltava menos de uma semana para o dia da votação. Ele perguntou porque o Facebook não agiu antes, tendo tomado as medidas necessárias apenas após a publicação de uma reportagem na Folha de S. Paulo.
Allan disse que o caso brasileiro não é isolado e acontecimentos parecidos também ocorreram em outras eleições, inclusive nos Estados Unidos. “Estes cenários são os mais difíceis para nós lidarmos e, de novo, acredito que nós precisamos de uma orientação sobre como regular isso”, afirmou.
De forma geral, todos os representantes eleitos que participaram do evento se mostraram frustrados com o fato de Zuckerberg não ter aparecido. “Não ter o seu CEO nessa cadeira é uma ofensa a todos nós”, disse o canadense Bob Zimmer. Ao final da audiência, foi assinada uma declaração com a posição dos parlamentares presentes de que empresas de mídia social devem ser regulamentadas para garantir que possam ser responsabilizadas quando descumprirem ordens judiciais e não removerem conteúdo nocivo ou enganoso.
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