Existem certas tecnologias que avançaram muito nos anos recentes – como inteligência artificial e sistemas de reconhecimento facial – e devem ser encaradas com bastante cuidado e, mais ainda, muita ética. Sabemos o potencial desse tipo de recurso, e não são apenas pessoas comuns, mas também especialistas, que alertam sobre o uso dessas ferramentas em conjunto com a sociedade.
A Amazon e a Microsoft são duas gigantes da tecnologia que estão envolvidas no desenvolvimento dessas tecnologias e que estão sob os olhares dos mais cuidadosos e preocupados com a segurança da humanidade como um todo. Não faz muito tempo que notícias de parcerias e contratos entre essas companhias e forças militares entraram em circulação, e as informações levantam muitas dúvidas e preocupações sobre como essas tecnologias podem ser usadas nas pessoas.
Sabemos que [o CEO da Amazon Jeff] Bezos está ciente dessas preocupações e das conversas em todo o setor que estão acontecendo atualmente
Sem ninguém saber
Tendo isso em vista, a manifestação anônima online de funcionários dessas empresas começou a ser notada, especialmente na forma de textos escritos por esses colaboradores denunciando os perigos que tais parcerias feitas pela Amazon e pela Microsoft podem representar para o público. Na última terça-feira (16), um desses empregados publicou um texto no Medium sem se identificar e destacou sua preocupação sobre a Rekognition, a ferramenta de reconhecimento fácil da Amazon.
O produto já está sob vigia de órgãos de defesa de direitos e liberdades civis, como a ACLU (sigla em inglês para União Americana pelas Liberdades Civis), após a revelação de que a Amazon teria oferecido a ferramenta para o uso de forças policiais.
“Sabemos que [o CEO da Amazon Jeff] Bezos está ciente dessas preocupações e das conversas em todo o setor que estão acontecendo atualmente”, escreveu o funcionário. “Em público, ele reconheceu que os produtos de alta tecnologia podem ser mal utilizados, até mesmo explorados, por autocratas. Mas, em vez de explicar claramente como a Amazon vai agir para evitar os maus usos de sua própria tecnologia, Bezos sugeriu que esperássemos a ‘resposta imunológica’ da sociedade.”
Microsoft também
Um contrato de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 36,8 bilhões) entre a Microsoft e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos também gerou no Medium um texto anônimo de um funcionário da empresa. O protesto afirma que muitos empregados da Microsoft não acreditam que as coisas que criam deveriam ser usadas em guerras, referindo-se aos serviços de computação em nuvem que a companhia forneceria para a defesa norte-americana.
Além desses relatos, muitos outros se colocaram contra o fornecimento desse tipo de tecnologia para forças armadas, com o medo de que essas ferramentas possam se tornar um meio de controle autoritário ou mesmo arma para o extermínio de seres humanos em guerras, sejam quais forem. As empresas, agora, vão ter que enfrentar um problema externo e interno, aprendendo a lidar com seus funcionários que não estão nem um pouco contentes com as propostas bélicas recebidas pelos locais onde trabalham.
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