O reconhecimento facial é uma das tecnologias mais modernas e polêmicas quando se fala em autenticação. Assim como ela pode agregar uma camada extra de segurança para o iPhone X, por exemplo, também pode servir como referência para vigilância e monitoramento. Discussões à parte, fato é que seu uso é uma tendência crescente e a Live Nation, dona da Ticketmaster, anunciou durante seu recente balanço do primeiro trimestre que em breve deve aderir à esse tipo de identificação, com o objetivo de agilizar a entrada do público em grandes eventos.
A firma Blink Identity diz que é possível captar seu rosto e comparar com a base dados em menos de um segundo
Para isso, a Live Nation pretende investir em uma parceria com a firma Blink Identity, que, segunda ela mesma, pode conferir se as pessoas possuem ingresso “mesmo que elas estejam andando rapidamente, sem ter que diminuir o passo ou parar para olhar para a câmera”. A empresa afirma que pode “captar uma imagem e compará-la com a base de dados em metade de um segundo (um piscar de olhos!”.
Bem, dito isso, já viu onde vamos parar com essa novidade, né? Pois é, a questão da privacidade cai forte sobre esse assunto, principalmente depois que o governo chinês admitiu estar utilizando a averiguação em festivais e plataformas do metrô, com o objetivo de chegar até suspeitos de crimes — o que realmente deu resultado, com um acusado de “crimes financeiros” sendo detido em uma multidão de mais de 60 mil pessoas.
Tecnologia ainda não é precisa para identificar nuances de etnias
A Electronic Frontier Foundation (EFF), uma organização gringa sem fins lucrativos, está de olho na evolução do reconhecimento facial. O objetivo é proteger os direitos de liberdades civis no contexto da era digital. Para o grupo, a tecnologia vem se tornando muito popular entre agentes da lei, mas por enquanto apresenta riscos à privacidade e pode causar erros em prisões por se tratar de algo ainda em desenvolvimento.
“Os dados de reconhecimento facial são fáceis de serem coletados e difícil para o público evitar”, comenta o EFF. Uma das maiores preocupações atualmente fica por conta do fato da identificação não ser precisa ao tentar diferenciar pessoas de peles mais escuras — o que, por si só, já causaria ainda mais discriminação na hora da detecção.
Sistema da NEC Asia Pacific e da NEC Corporation já consegue identificar bem diferentes tipos de rostos e para diversos fins
Como bem lembrou o Mashable, ter um sistema como o que o Ticketmaster quer implementar em lugares onde as pessoas vão para se divertir e estão “guarda baixa” pode ser especialmente perigoso, em um mundo que a prisão e deportação indevidos de grupos ainda é grande. Caso venha a se tornar realmente muito precisa, a tecnologia pode ajudar muito, contudo, a EFF ainda crê que "o reconhecimento de rostos pode ser usado para atingir pessoas envolvidas em discurso protegido".
E você, o acha disso? Acha que seria uma boa trocar mais um pouco — além do que já fazemos — da privacidade em prol do conforto? O que acham da iniciativa da Ticketmaster?
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