Pouco mais de um mês após o escândalo que abalou as bases do Facebook, eis que surge uma nova polêmica sobre compartilhamento de dados envolvendo a companhia de consultoria política Cambridge Analytica: Aleksandr Kogan, mesmo acadêmico que esteve no centro do caso, também comprou acesso a dados do Twitter para utilizar em sua firma, a Global Science Research (GSR).
Kogan diz que conjuntos de dados foram reunidos apenas para usos em “relatórios de marcas” e em “ferramentas de pesquisa”
Para quem não se lembra, Kogan foi quem criou ferramentas que permitiram à Cambridge Analytica perfilar psicologicamente os eleitores durante o pleito de Donald Trump, em 2016. O Telegraph descobriu que ele comprou pacote do Twitter, em 2015. Em sua defesa, Kogan alega que as informações colhidas teriam sido usadas apenas para criar “relatórios de marcas” e “recursos extensores de pesquisas” e que não violou nenhuma das regras do microblog.
Aleksandr Kogan, em entrevistas à CNN
Um porta-voz da Cambridge Analytica afirmou que a empresa usou a rede social para publicidade política, mas insistiu que nunca "empreendeu um projeto com a GSR se concentrando em dados do Twitter e a Cambridge Analytica nunca recebeu dados do Twitter da GSR”. Ele acrescentou que "a Cambridge Analytica é uma agência de marketing orientada por dados e não 'manipula visões políticas'".
Twitter confirma venda de dados para Kogan
Ainda que a maior parte dos tweets sejam públicos, é sabido que a empresa monetiza esses dados quando os vende em larga escala para grandes grupos. Conjuntos de informações em massa são particularmente úteis para coletar opiniões públicas ou testar receptividade a certas ideias e tópicos. O Twitter confirma o acesso da GSR em 2015.
De acordo com o Twitter, os dados foram acessados uma única vez e eles ser referiam a cinco meses de tweets públicos
“Em 2015, a GSR teve um acesso único a uma amostra aleatória de tweets públicos de um período de cinco meses, de dezembro de 2014 a abril de 2015. Com base nas informações que vieram a público, conduzimos nossa própria revisão interna e não descobrimos qualquer acesso a dados privados de pessoas que usam o Twitter”, comentou ao Bloomberg uma fonte interna da rede social.
Segundo a plataforma, ela proíbe usar os pacotes de postagens obtidos pelas empresas para uso em fins políticos confidenciais e/ou para combinar com informações pessoais retiradas de outros lugares. “O Twitter tomou a decisão política de excluir a publicidade de todas as contas de propriedade e operadas pela Cambridge Analytica. Essa decisão é baseada em nossa crença de que a Cambridge Analytica esteja operando um modelo de negócios intrinsecamente conflitante com as práticas comerciais aceitáveis do Twitter Ads”, comunicou um porta-voz.
“A Cambridge Analytica pode continuar sendo um usuário orgânico em nossa plataforma, de acordo com as Regras do Twitter. Mas isso não permite que ela possa deduzir ou derivar informações confidenciais, como etnia ou afiliação política, ou que ela possa tentar combinar as informações do usuário com outros identificadores de informações pessoais.”
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