As notícias falsas são um sintoma de uma guerra emocional, como você soube aqui. Que todos nós estamos envolvidos em algum nível, não é novidade. Agora, uma pesquisa feita pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), indica que os principais vetores das notícias falsas não são as redes sociais, mas os grupos de família no WhatsApp.
Como a BBC apontou, a pesquisa conta com respostas de 2.520 pessoas a um questionário online elaborado pelo grupo. "A metodologia se baseia em um estudo israelense que procurou a origem de boatos espalhados pelo WhatsApp após o sequestro de três jovens israelenses na Cisjordânia em 2014", nota.
A pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio Digital conseguiu identificar os padrões de distribuição, mas não a origem do conteúdo falso
As notícias falsas que envolvem a vereadora carioca Marielle Franco, assassinado mês passado no Rio de Janeiro, foram objeto de estudo para o grupo. De acordo com o Monitor, quase metade dos pesquisados recebeu textos diversos via WhatsApp afirmando, de maneira falsa, que Marielle era ex-mulher do traficante Marcinho VP e que havia engravidado dele aos 16 anos. Ainda, que a vereadora estava sentada no colo de Marcinho VP em uma foto. As fotos e textos, em sua totalidade, são falsas.
A pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio Digital conseguiu identificar os padrões de distribuição, mas não a origem do conteúdo falso. O WhatsApp é o principal disseminador de fake news, com as redes sociais Facebook e Twitter logo em seguida.
Isso é preocupante, nota a pesquisa: 94,5% dos brasileiros já alegaram ao IBGE que usam a internet para trocar mensagens. Ou seja: o fluxo de notícias falsas tende aumentar principalmente neste ano eleitoral.
Pode ser que grupos de família sejam ambientes mais 'íntimos' que permitam compartilhar seguramente conteúdos mais especulativos sem que quem compartilhe seja alvo de julgamento
Entre as fake news sobre Marielle, 51% dos pesquisados recebeu notícias falsas em grupos de família no WhatsApp, 32% em grupos de amigos, 9% grupos de trabalho e 9% via mensagens diretas.
Segundo Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores da pesquisa, "pode ser apenas que existam mais grupos de família do que grupos de amigos ou de colegas de trabalho e os boatos tenham circulado igualmente em todos eles, mas, como há mais grupos de famílias, nosso estudo tenha apenas captado essa distribuição dos grupos. Agora, caso, de fato, os boatos tenham circulado mais nos grupos de família do que nos outros grupos, temos um dado interessante. Pode ser que grupos de família sejam ambientes mais 'íntimos' que permitam compartilhar seguramente conteúdos mais especulativos sem que quem compartilhe seja alvo de julgamento".
Pesquisa
Você pode encontrar mais detalhes sobre a pesquisa clicando aqui.
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