Mark Zuckerberg mal saiu dos questionamentos feitos pelo Congresso e pelo Senado, na semana passada, e seu grupo já se vê em outra polêmica — que aliás nem é tão difícil de ser imaginada e sequer foi cogitada em seus inquéritos: nos últimos cinco anos, a companhia de vigilância Terrogence, criada por ex-oficiais da Inteligência do governo israelense, vem coletando dados do Facebook e do YouTube para criar um gigante banco de dados para reconhecimento facial.
Serviço chamado Face-Int usa mais de 35 mil fotos e vídeos garimpados no Face e no YouTube
Ou seja, todas as imagens dos rostos das pessoas conectadas na rede social e na plataforma de streaming — e não somente as que podem ser visualizadas publicamente — vêm sendo utilizadas para a criação de um serviço chamado Face-Int, que usa mais de 35 mil fotos e vídeos garimpados para “fins de combate ao terrorismo”.
“O Terrogence monitora e coleta ativamente os perfis online e imagens faciais de terroristas, criminosos e outras pessoas que supostamente representam uma ameaça à segurança da aviação, imigração e segurança nacional. O banco de dados Face-Int abriga as contas de milhares de suspeitos, colhidas de fontes online como YouTube, Facebook e fóruns abertos e fechados em todo mundo”, descreve o site da companhia.
Os caras espionam você sem vergonha de admitir
O estatuto público da companhia diz que a Terrogence é especializada em “cultivar e operar entidades em espaços online para acessar plataformas sociais e agir de forma natural e legítima, com o objetivo de ganhar a confiança, firmar relacionamentos e, finalmente, coletar informações valiosas”. Ou seja, eles não exitam em admitir que estão espionando sua vida, a partir de perfis falsos.
Verint, dona da Terrogence, também investigou “grupos políticos ou sociais”, ou seja, com fins diferentes da alegada segurança
Vale destacar que a Terrogence, assim como sua controladora Verint, fornece tecnologia de inteligência ao governo dos Estados Unidos, incluindo a National Security Agency (NSA) e a Marinha. Ambos oferecem ao governo acesso a informações sobre armas e táticas terroristas que a empresa coleta através das mídias sociais. Juntando dois mais dois, fica fácil chegar à conclusão que o governo estadunidense tem esse sistema ao seu dispor.
No início deste mês, a Verint lançou um produto derivado, para reconhecimento facial, chamado de FaceDetect, que não só identifica os indivíduos como também “permite aos operadores adicionar instantaneamente suspeitos a listas de observação”. A coisa fica mais esquisita quando um ex-funcionário da Terrogence alega, em seu próprio LinkedIn, que esteve envolvido em trabalhos de investigação sobre “grupos políticos ou sociais”.
Tudo bem que nos dias de hoje costumamos trocar privacidade por conforto e fica difícil as grandes companhias não terem acesso aos seus dados — simplesmente ao comprar um smartphone você já está se expondo o suficiente para que alguém saiba muito sobre a seu respeito. E está certo que essas informações também podem ajudar as autoridades a rastrear e impedir criminosos de agir. Mas, como podemos ver nesse caso, é bem possível que estejam de olho em todos nós para assegurar, publicamente, controle e monitoramento. É, meus amigos, “1984” está aí, certo, “Grande Irmão”?
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