Fim da privacidade? Dados de marca-passo são usados como prova de crime

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Imagem: Carbon Steel

Com a privacidade se tornando um tema central em uma era completamente voltada à informação e à tecnologia, não é de se estranhar que haja uma discussão cada vez maior sobre os limites de como nossos dados podem ser usados empresas e até pela Justiça. Um caso recente nos EUA, no entanto, mostra que nem mesmo nossas informações mais privadas podem estar a salvo do escrutínio da lei.

Segundo a CNET, um senhor de 59 anos foi acusado pelas autoridades de Butler County de incendiar a própria casa para tentar fraudar o seguro. Episódios assim não são exatamente raros e obrigam as seguradoras a ter equipes inteiras dedicadas a lidar com esse tipo de crimes, mas a forma como os promotores convenceram o juiz foi no mínimo inusitada: eles recorreram aos dados armazenados no marca-passo do réu para provar sua culpa.

Ross Compton

Fica fácil entender por que eles fizeram isso. Em sua história inicial para receber o dinheiro do seguro, Ross Compton explicou que acordou assustado, no meio da noite, com o incêndio já em andamento, juntou alguns de seus pertences em uma maleta e quebrou uma janela com sua bengala para que pudesse jogar esse material para fora da casa. Depois disso, ele teria saído do lugar, pegado a mala e finalmente deixado o local com seu carro.

Um cardiologista explicou que a história e inconsistente

De posse dos dados do marca-passo, então, as autoridades entraram em contato com um cardiologista que explicou que o histórico cardíaco do paciente é inconsistente com o cenário pintado por Compton. Os advogados de defesa tentaram pleitear que esse tipo de prova era ilegal e que feria a privacidade de seu cliente, mas o magistrado responsável pelo caso afirmou que embora haja sim informações do corpo do indivíduo que devam ser mantidos de forma confidencial a frequência cardíaca não é uma delas.

Polêmica digital

Com uma decisão como essa é de se imaginar que outros recursos digitais possam ser usados para o mesmo fim e acabem com determinadas privacidades dos cidadãos. Basta notar que, além de oferecer dados precisos de trajetos e localização, dispositivos como os smartphones cada vez mais armazenam dados biométricos dos seus usuários. Isso torna os celulares um alvo ainda mais valioso para a busca e coleta de evidências.

Ainda que isso eventualmente possa ajudar a solucionar crimes, abrir esse tipo de brecha pode levar a perda de direitos de privacidade. Afinal, se você for obrigado a entregar o seu telefone à polícia, o que limita eles de vasculhar intimidades que não tem nada a ver com suas suspeitas? Deixe a sua opinião sobre o tema mais abaixo, na seção de comentários.

Fontes

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