A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) confirmou a existência de um grupo no Telegram que troca informações em português sobre o Estado Islâmico, também conhecido pelas siglas EI e ISIS. A declaração, veiculada inicialmente pelo UOL, ainda detalha que o canal no aplicativo é chamado de "Nashir Português", como uma referência à agência de notícias usada pelo grupo jihadista para publicar manifestos — no caso, chamada de "Nashir News Agency".
Em abril, a Abin havia confirmado a autencidade de um perfil e de uma mensagem postada no Twitter feita por um suposto membro do Estado Islâmico — contudo, com atraso, já que a postagem foi realizada meses antes da confirmação. Na época, o perfil com o nome "Maxime Hauchard" havia postado a frase: "Brasil, vocês são nosso próximo alvo".
O canal em português no Telegram preocupou a Agência Brasileira: "Essa nova frente de difusão de informações voltadas à doutrinação extremista, direcionada ao público de língua portuguesa, amplia a complexidade do trabalho de enfrentamento ao terrorismo e representa facilidade adicional à radicalização de cidadãos brasileiros".
A Rio 2016 tem início em agosto e a preocupação é válida, já que o mundo estará com olhos voltados para o Brasil.
Abin afirmou que monitora grupo do ISIS no Telegram
Extremismo no Telegram
"As organizações terroristas têm empregado ferramentas modernas de comunicação para ampliar o alcance de suas mensagens de radicalização direcionada, em especial, ao público jovem", comentou a Abin. No caso, as ferramentas modernas citadas são as redes sociais e os aplicativos.
O grupo em português no Telegram criado pelo ISIS é monitorado pela Abin, como a própria afirmou ao UOL. Antes de nos aprofundarmos, é interessante notar que, provavelmente, o grupo "era" monitorado. Quando você acompanha algo em segredo, não é interessante comentar a ação para o público.
O ISIS, até o momento, buscava apenas tradutores
Mesmo assim, a Agência Brasileira de Inteligência disse que o grupo foi criado no dia 29 de maio e as primeiras mensagens trocadas incluem um discurso com mais de 14 páginas. O discurso em questão foi feito por Abu Muhammad al-Adnani, porta-voz do EI, e foi traduzido completamente para o português.
Neste link, você vê um vídeo da CNN mostrando uma mesquita brasileira após os atentados na França.
Trabalhando em conjunto, a agência de rastreamento SITE Intelligence Group comentou que, anteriormente, várias mensagens de outros grupos buscavam simpatizantes que falassem o idioma português. A ideia era exatamente ebncontrar alguém para traduzir as propagandas jihadistas.
Abu Muhammad al-Adnani, porta-voz do EI
Lobos solitários
Dados concretos sobre ameaças em solo brasileiro não são divulgados, e não podemos deixar a cultura do medo crescer por aqui por causa disso. Contudo, Polícia Federal e Abin monitoram um número desconhecido de pessoas com suspeitas de conexões com a Al Qaeda e o EI no Brasil. Segundo o UOL, "número desconhecido, mas relevante".
Já é sabido que a PF de Santa Catarina exigiu por meio da justiça o monitoramento de um homem chamado Ibrahim Chaiboun Darwiche, de Chapecó (SC), por indícios que ele tenha sido treinado na Síria, país no qual o Estado Islâmico tem mais força. A justiça concedeu o monitoramento, já que a Polícia Federal suspeitava que o homem poderia realizar um ato terrorista.
Os 'lobos solitários' agem sozinhos, sem direcionamento
Estas pessoas são chamadas de "lobos solitários", já que não estão ligadas diretamente aos grupos extremistas, não se comunicam ativamente e também não sabem de planos traçados por grupos. Contudo, essas pessoas têm simpatia à causa e podem acabar agindo sozinhas.
"Não dá para saber até que ponto estas pessoas possam se radicalizar. Nós achávamos que a Al Qaeda era o fim do mundo, mas agora, com estes atentados em Paris, a possibilidade de um indivíduo conseguir um AK-47 num Paraguai da vida ou num morro da vida e sair atirando em gente é uma coisa que foge da simples capacidade de monitoramento", disse o oficial de inteligência da Abin, Edmar Furquim.
Oficial de Inteligência da Abin, Edmar Furquim
Fontes
Categorias