O cientista e físico teórico Stephen Hawking foi diagnosticado aos 21 anos com esclerose lateral amiotrófica. Uma doença rara e degenerativa que paralisa todos os músculos do corpo aos poucos, sem afetar, no entanto, as funções cerebrais.
Desde aquele período, poucos anos de vida foram previstos para Hawking. Porém, o cientista teve uma vida longa e faleceu aos 76 anos, em 14 de março de 2018, no Reino Unido. Para tanto, Hawking tinha vários recursos tecnológicos que o auxiliavam na fala e comunicação, permitindo que ele interagisse com outras pessoas, apesar de estar paralisado.
Stephen Hawking foi cientista, físico e desenvolveu inúmeras tecnologias para conseguir se comunicar, mesmo sendo diagnosticado com ELA.
Embora tal condição o trazia limitações óbvias, a personalidade jamais deixou de estudar, publicar e aprender. Já na idade avançada, Stephen Hawking só tinha um pouco das funções motoras do lado esquerdo, localizadas na região dos músculos do rosto.
É exclusivamente desse modo que ele era capaz de se comunicar com o computador e com a cadeira de rodas. O cientista controlava todas as funções de um computador em forma de tablet com apenas um comando. Ele utilizava um Lenovo ThinkPad X230t com um processador Core i7, que coordenava todos os sistemas da cadeira.
A interface do PC de Hawking era chamada EZ Keys e lia cada letra do teclado na tela de uma vez. Quando Hawking mexia os músculos da bochecha de leve, um sensor infravermelho acoplado aos óculos detectava o movimento, e o computador selecionava a letra desejada. Um sintetizador localizado atrás da cadeira – leiloada por mais de R$ 1 milhão em 2018 – traduzia o texto digitado em áudio – na característica voz eletrônica de Hawking.
Esse mesmo mecanismo também era utilizado para acessar outras funções do PC, como o email (Eudora), o navegador (Firefox) e até mesmo o Skype. Contudo, como a condição de Hawking se agravou pouco a pouco, chegou um momento em que ele só conseguia digitar duas palavras por minuto. Vale destacar que alguns cientistas tentaram diminuir esse tempo ao fornecer palavras prontas com base no estilo de escrita do professor.
Um controle remoto universal no PC permitia que ele operasse a TV, ligasse e desligasse luzes e até mesmo abrisse portas em casa e no trabalho. Uma caixa periférica localizada próximo aos pés continha um hub USB, um amplificador de áudio e reguladores de voltagem para os subsistemas diferentes. O firmware funcionava com as baterias da cadeira de rodas logo abaixo do assento, que também tinha um backup das próprias baterias.
O cientista serviu de exemplo para outros casos de Esclerose Lateral Amiotrófica
O cérebro envia sinais nervosos para as cordas vocais sempre que falamos, inclusive se os músculos não forem suficientemente fortes para produzir sons audíveis. A fala subvocal ocorre na nossa mente antes mesmo de dizermos qualquer coisa.
Tecnologias originalmente desenvolvidas para o Centro de Pesquisas da NASA já estão disponíveis para que pessoas deficientes possam controlar cadeiras de rodas motorizadas, enviando pensamentos para um sintetizador.
Nesse caso, o usuário utiliza eletrodos fixados na garganta que, ao receberem ordens objetivas do cérebro (como pare ou vá em frente), se comunicam com a cadeira para que os movimentos sejam realizados. Os pequenos impulsos elétricos são decodificados, traduzindo-se em comandos simples para a cadeira de rodas.
Cadeira high tech do cientista e físico Stephen Hawking.
Infelizmente, interfaces desse tipo não funcionaram adequadamente com Stephen Hawking, mostrando-se instáveis. De acordo com a posição dos eletrodos em cada indivíduo, a taxa de reconhecimento pode cair de 94% para menos de 50%. Por isso, esse tipo de sistema deve ser aprimorado para não oscilar tanto.
A Intel apresentou em 2014 o Projeto de Cadeiras de Rodas Conectadas, realizado em conjunto com Hawking. O equipamento é capaz de medir a saúde do usuário, como temperatura corporal e pressão sanguínea – além de verificar a acessibilidade dos lugares que podem ser visitados pela pessoa.
Hawking trabalhou com grupos de engenheiros da Intel por mais de uma década e disse que a cadeira conectada é um exemplo de como a tecnologia para os deficientes está abrindo novas possibilidades para o futuro. Veja o vídeo de apresentação do projeto:
Já em 2022, um grupo de pesquisadores alemães, italianos, suíços e americanos desenvolveram uma cadeira de rodas controlada pela mente. Ela foi testada em pacientes, os quais tiveram bons resultados ao dirigir, gerenciar velocidade e navegar com o dispositivo.
Além desse exemplo, tantos outros estudos estão em desenvolvimento. E, claramente, Stephen Hawking foi um dos grandes talentos inspiradores que, até hoje, tem inúmeras descobertas cientificas sendo base para novas pesquisas.
E você, gostou do conteúdo? Para ficar por dentro desse e outros assuntos, fique de olho aqui no TecMundo. Aproveite para ler sobre o último trabalho do físico Stephen Hawking. Até a próxima!
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