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Você senta em um bar e observa as pessoas. Qual comportamento é o mais comum? Provavelmente, você vai descobrir que em todas as mesas existe uma ou mais pessoas que não largam o celular.
Seja para conferir suas redes sociais, ficar de olho em ligações, publicar fotos no Instagram ou fazer checkin no Foursquare: é difícil encontrar pessoas que não estão viciadas em tecnologia de alguma forma. Com a criação de gadgets cada vez mais portáteis e a integração de sistemas digitais em objetos do dia a dia (como o Google Glass), esse vício será cada vez mais comum.
Pesquisas já comprovaram que o vício em tecnologia pode ser semelhante ao vício causado por drogas, e a fixação por estar grudado no celular já tem até nome: nomofobia. Cientistas afirmam que em casos mais graves de vício as pessoas passam a sentir sensação de pânico, confusão mental e isolamento extremo.
Para quem fica longe da tecnologia, a sensação pode ser de ansiedade e depressão. Ao longo de pesquisas, uma universitária norte-americana confessou que seu desejo de estar “online” poderia ser comparado às crises de abstinências de pessoas viciadas em crack.
Já sabemos que o excesso de conexão pode ser prejudicial, mas como podemos diminuir o vício e passar a viver de uma maneira saudável? Neste artigo, nos propomos a mostrar para você algumas das possibilidades para quem quer entrar em um processo de desintoxicação.
Como saber se estou viciado?
Segundo o psiquiatra e especialista no assunto, Richard Graham, alguns dos sintomas são simples de serem identificados e funcionam como um alerta de que tem algo de errado na forma como o indivíduo consome conteúdo digital. Graham faz parte da equipe da clínica Tavistock and Portman, em Londres, que conta com projetos específicos para o tratamento de pessoas viciadas em redes sociais.
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Ele diz que recebe cerca de 100 pacientes com a síndrome todos os anos. Grande parte deles apresenta uma disfunção em situações simples do dia a dia, como adiar o horário das refeições, deixar a alimentação e a ingestão de líquidos de lado, dormir muito tarde e faltar a encontros ou chegar atrasado a compromissos, tudo para ficar mais tempo em frente ao computador.
O problema é tão grave que chega a afetar crianças. O programa de tratamento de Graham vem ajudando pais e mães de bebês que não conseguem se desgrudar de tablets e computadores, o que vem se transformando em obsessões incontroláveis dos pequeninos. Além da troca de atividades físicas e brincadeiras mais saudáveis, as crianças passam a apresentar um comportamento agressivo desproporcional à sua idade.
Mudando a rotina
O tratamento na Tavistock and Portman é radical. Tudo começa com um tratamento de choque: a abstinência total. Em seguida, são estabelecidos horários para que a pessoa volte às atividades aos poucos, com um limite diário.
Gemini Adams, escritora e viciada confessa, trata a sua compulsão pelo acesso a redes sociais trocando estes momentos por atividades saudáveis, como a yoga. Atualmente, ela passa apenas 30 minutos por dia em frente ao Facebook e permanece 24 horas sem internet em ao menos um dia na semana.
Ela diz que percebeu a necessidade de um tratamento quando constatou que, ao trabalhar, tentava abrir a rede a cada 20 minutos, mas, a cada vez que fazia isso, ela perdia mais de 30 minutos do dia em meio a distrações. Adams, que já foi fumante, diz que a sensação de abstinência é bastante parecida em ambos os casos. Ela, que é escritora, recentemente lançou um livro chamado “A Dieta do Facebook”.
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Para quem reconhece o problema e quer deixar de lado o vício, especialistas sugerem uma série de comportamentos. Uma das formas mais simples é preencher este tempo com outras atividades e hobbies.
Você pode, por exemplo, deixar de lado seus gadgets e tentar praticar atividades físicas e esportes, como a corrida, natação, futebol etc. Assim, você terá um tempo semanal (ou diário) para relaxar, manter a mente ocupada e evitar o contato com aparelhos eletrônicos.
Isso também vai ajudar a determinar uma rotina, o que, segundo pesquisadores, é a forma mais garantida de abandonar o vício. Para isso, você deve estipular um período diário de acesso a cada site, jogo, ferramenta ou, até mesmo, seu tempo-limite para uma jogatina. Isso vai evitar que você se empolgue e só perceba o quanto está envolvido no meio da madrugada, depois de perder horas distraído.
Use a própria tecnologia para combater o vício
Pode parecer paradoxal, mas a verdade é que alguns vícios podem ser controlados com o uso da própria tecnologia. Se o seu problema é estar viciado no Facebook, por exemplo, você pode fazer o bloqueio dele (e de qualquer outro site) seguindo este simples tutorial.
O tratamento de choque pode ser uma boa alternativa e ajudar a controlar sua compulsão pelo acesso. Outra ideia é apagar os aplicativos de acesso a redes sociais em seus gadgets. Embora não seja um corte definitivo no acesso, a atitude ajuda a diminuir a compulsão de “só mais uma olhadinha”.
Outra ideia é pedir que alguém conhecido (um bom amigo, seus pais ou seu cônjuge) mude suas senhas de redes sociais e email, garantindo que você tenha acesso somente quando for necessário. Você também pode fazer isso com a proposta de passar por um período de desintoxicação para voltar a usar os serviços de forma moderada.
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Se o seu problema é muito grave, seu vício é prejudicial e nada disso funcionou, você pode tomar atitudes mais drásticas, como desativar (ou até excluir) contas em redes sociais, trocar seu celular por um aparelho mais simples, sem acesso à rede, ou se livrar de consoles e games que fazem você perder horas na vida real para ficar em frente ao computador.
Lembre-se: para os mais aficionados, isso tudo pode parecer loucura e pode ser até comparado com um suicídio social, mas, depois que você estiver um pouco mais distante deste universo, vai perceber que a diminuição do uso de tecnologias não é um bicho de sete cabeças.
Uma rede social contra as redes digitais
Algumas ferramentas específicas já começam a surgir para ajudar você a ficar longe das tentações e viver mais fora das telas de computadores e aparelhos eletrônicos. Um ótimo exemplo disso é o Diga Olah!
O projeto brasileiro consiste em um aplicativo baseado em interações sociais que mistura algumas funções conhecidas no Foursquare com a possiblidade de enviar mensagens a outros usuários. Basicamente, você ganha a possibilidade de mandar cartões, recados e conteúdos diversos para quem quiser, mas, para que a pessoa receba, é necessário que ambos estejam fisicamente no mesmo lugar.
Jean Hansen é um dos criadores do sistema e, em entrevista ao Tecmundo, ele diz acreditar que essa seja uma forma de incentivar o convívio social e a interação na vida real. Para motivar mais ainda os usuários, o Diga Olah! conta com um ranking que pontua e destaca aqueles que fazem mais atividades pessoais fora da rede, levando em conta o número de encontros feitos com o app.
“Com o excesso da tecnologia, estamos sempre ligados em tudo o que está acontecendo, mas existe uma consequência: isso faz com que as pessoas estejam se afastando, ficando sedentárias e até perdendo a atenção e a concentração no dia a dia”, diz Hansen.
“Alguns pesquisadores falam que é necessário cortar a tecnologia, mas hoje em dia é impossível ficar sem o contato virtual. O que nós precisamos, é saber a hora certa de desconectar. Então, a nossa solução foi usar a própria tecnologia para aproximar as pessoas no mundo real.” O aplicativo ainda está em fase final de desenvolvimento e a previsão de lançamento é para outubro deste ano.
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