Se você não sentiu a necessidade de comprar um smartwatch até agora porque achava que, por mais que eles tragam uma série de vantagens práticas, elas não são o suficiente para valer o gasto relativamente alto de dinheiro aqui no Brasil, talvez você mude de ideia agora. Um estudo da Stanford University revelou que esses aparelhos podem nos ajudar a prever doenças dias antes de a pessoa infectada sequer perceber algum sintoma.
Durante dois anos, 40 voluntários usaram dispositivos vestíveis variados que contavam com sensores simples, capazes de medir a temperatura da pele, a taxa de batimentos cardíacos e os níveis de oxigênio. Os dados fisiológicos básicos coletados foram organizados pelos pesquisadores para construir um padrão individual para cada participante que mostre como são seus indicadores em momentos em que foram considerados saudáveis.
Com isso em mãos, os cientistas cruzaram desvios desses valores com seus estados em momentos de doença, encontrando indícios claros que permitiriam que as infecções fossem previstas dias antes dos primeiros sintomas – e que até mostravam uma progressão que levaria ao surgimento de diabetes. Os resultados indicam que dispositivos vestíveis podem fornecer monitoramento sensível e individual da saúde de seus usuários.
O cientista Michael Snyder chegou a usar sete vestíveis de uma vez só, mas diz que isso não é necessário para replicar seus resultados
“Quando você está saudável, é provável que vá ao médico uma ou duas vezes por ano. E aí você faz uma bateria de testes nessas visitas infrequentes – seu peso, temperatura, pressão etc. Isso não é necessariamente o suficiente para saber qual é o seu ‘normal’. Pode ser que você fique nervoso em consultórios ou que esteja em um dia incomum. Um dispositivo que te monitore o tempo todo, por outro lado, saberia a diferença”, explica Michael Snyder, líder do estudo.
Prevenção facilitada
Durante o estudo, o próprio pesquisador também se ofereceu como voluntário e teve indicações de que estava no caminho certo. Após uma longa viagem de avião para o exterior, Snyder notou que os dados do wearable estavam fora da linha-base, mostrando que sua temperatura e batimentos cardíacos estavam elevados e que seu nível de oxigênio no sangue estava baixo. Indo ao médico, ele estava com a doença de Lyme – uma infecção bacteriana que tem consequências graves se não for tratada.
A equipe de Stanford planeja desenvolver algoritmos que permitam que um smartwatch notifique seus donos quando eles estiverem com sinais de que vão ficar doentes. Os pesquisadores ainda vão fazer outros estudos e melhorar seus aplicativos, de forma que deve levar algum tempo até que isso seja levado para o público em geral.
Deve levar algum tempo até a solução de Stanford chegar ao público em geral
Embora os primeiros dispositivos vestíveis não fornecessem medições corretas, Snyder e seu time acreditam que os atuais já são precisos o suficiente para servirem como monitores confiáveis caso contem com a solução apropriada. Ainda assim, vale sempre lembrar que saber que você vai ficar doente pode não impedir que a doença se manifeste 100% das vezes, mas provavelmente vai ajudar você a se preparar para ela e amenizar os sintomas.
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