Um homem chamado Danny Hillis tem um objetivo um tanto ambicioso: criar um relógio que dure por incontáveis gerações; algo que, nas palavras dele, seja “um símbolo do futuro assim como as pirâmides são um símbolo do passado”. De imediato, muitos podem pensar que isso é impossível; Hillis e vários outros de seus colegas futuristas, por outro lado, estão trabalhando para tornar esse conceito curioso uma realidade.
Antes de tudo, vamos deixar bem claro que não estamos falando de nada pequeno como um relógio de bolso, mas sim de um mecanismo enorme. Tão grande, na verdade, que a equipe trabalhando nele está construindo uma enorme estrutura subterrânea só para abrigá-lo.
Feito para durar sozinho
Todo esse tamanho não é uma simples ostentação. Uma vez que a ideia é criar um relógio capaz de existir e funcionar sozinho por milênios, ele deve ser capaz de sobreviver a problemas comuns como a corrosão; visto que nem mesmo o aço inoxidável consegue evitar isso por muitos anos, a ideia é que a camada de ferrugem gerada cause muito menos problemas em uma estrutura grande do que faria com algo menor.
Achou que esse era o único problema? Nem de longe. O maior de todos os desafios causados, com isso, era que as peças praticamente não se movem durante a vida de uma pessoa. Como resultado, duas peças de metal com o mesmo ponto em contato por tanto tempo podem simplesmente se fundir – basta que isso ocorra em um único ponto para o sistema parar de funcionar. Felizmente, isso foi corrigido simplesmente usando algumas peças de cerâmica.
E como ele vai conseguir fazer um relógio gigantesco funcionar por todo esse tempo? A resposta está na energia termal gerada pela diferença de temperatura entre dia e noite. Para garantir que o relógio tenha energia suficiente para funcionar por milênios dessa forma, vale notar, a equipe está construindo o dispositivo em uma montanha, uma vez que essa região é mais afetada pelas diferenças de frio e calor.
Isso, contudo, tem a ver apenas com a parte dos cálculos de tempo, já para que o relógio mostre o horário em si, é preciso que haja alguém para “perguntar” – e por isso, leia-se “ativar os mecanismos e energizá-los manualmente”, como o vídeo abaixo explica melhor:
Para quem estiver se perguntando como a equipe vai manter um cálculo preciso de tempo por tantos anos (afinal, mesmo os relógios atômicos são imprecisos), a equipe usou uma resposta simples: o Sol. Utilizando uma lente gigante, o aparelho é capaz de sincronizar seu sistema com o horário correto diariamente, o que quer dizer que ele vai sempre estar preciso durante os anos, desde que a luz continue a chegar.
Olhando para o futuro
Parece trabalho demais simplesmente para criar um relógio que dura bastante? Certamente. Mas o relógio em si não é o que realmente importa para Hillis. Para ele, a ideia é fazer com que as pessoas se questionem com uma simples pergunta: “estamos sendo bons ancestrais?”.
Mesmo com todos os enormes desafios pelo caminho de sua empreitada (e que ele mesmo jamais descobrirá se cumpriu seu propósito ou não), Hillis não parece realmente preocupado. De fato, ele afirma estar extremamente otimista com o futuro, “não porque nossos problemas são pequenos. Eu estou otimista porque eu acho que nossa capacidade de lidar com problemas é grande”, diz ele.
Não estou otimista porque nossos problemas são pequenos. Eu estou otimista porque eu acho que nossa capacidade de lidar com problemas é grande.
Quando terminado, o relógio estará posicionado em uma montanha no Texas – mais exatamente em uma das propriedades de Jeff Bezos, o dono da Amazon, que ajudou a financiar e criar boa parte do projeto. Infelizmente, ainda não há uma previsão para que o relógio esteja completo, mas você pode conferir mais sobre o dispositivo através da página oficial do projeto.
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