A linguagem publicitária criou paradigmas estéticos nas últimas décadas que gradualmente influenciaram profundamente a cultura ocidental. Além dos anúncios, sempre estrelados por modelos perfeitas e super produzidas, outras mídias de comunicação, como a dramaturgia televisiva e cinematográfica, apenas vêm reforçando ao longo dos anos a formatação desse exterior impecável.
Pensando nos males de ordem social e psicológica que muitos indivíduos — principalmente mulheres — vêm sofrendo por não se encaixarem nos padrões de beleza da atualidade, a escritora britânica Robin Rice decidiu iniciar uma campanha questionando o quão importante a estética tornou-se em nossa atual sociedade.
O projeto chamado de #StopTheBeautyMadness (“#ParemComALoucuraDaBeleza”, em tradução livre) consiste em uma série de anúncios com mensagens de impacto, que buscam levar as pessoas a refletirem sobre seus conceitos acerca da aparência e sobre os padrões inatingíveis.
“Chega de padrões impossíveis. Chega de ‘imagem’ ideal’”, diz a introdução que descreve a iniciativa, em seu site oficial. “Acima de tudo, chega da sensação de NÃO É O BASTANTE quando se trata de sua própria beleza”.
Ditadura da beleza
Em entrevista à revista Claudia, a escritora disse o objetivo do projeto é “fazer com que as mulheres enxerguem o que acontece em suas próprias mentes, assim como o que acontece quando pensamos e julgamos os outros, baseando-nos apenas na aparência”. Para a britânica, a busca doentia pela perfeição é na verdade o encobrimento de feridas relacionadas ao caráter, personalidade e ao sentir de não ser bom o bastante.
Rice afirma que a cultura é que constrói essa busca pela perfeição, e que é culpa das pessoas que isso seja levado para o âmbito pessoal, resultado na busca de medidas extremas para que elas sejam vistas como perfeitas. “Precisamos parar de elogiar aqueles que alcançam padrões próximos à perfeição porque, quando o fazemos, encorajamos essa busca”, defende.
Ela diz que a publicidade reforça esses padrões através da repetição, e as pessoas acabam se sentindo atraídas por essa realidade “convidativa e adorável”. “O problema é que esse ‘mundo’ não existe de verdade fora das revistas. Todas as mulheres têm defeitos, apesar de algumas chegarem perto dos padrões expostos, mesmo modelos são tratadas com Photoshop.”
De cara limpa
Em um espírito semelhante, uma corrente que vem repercutido entre as brasileiras nas redes sociais nos último dias, o “desafio da cara limpa” ou “desafio sem maquiagem”. Na “brincadeira”, as mulheres publicam fotografias em que estejam com o rosto sem maquiagem e sem filtros fotográficos, desafiando outras amigas a fazerem o mesmo.
Sua origem se deu no Reino Unido em setembro de 2013 com o nome de “#NoMakeUpSelfie” (“#SelfieSemMaquiagem”, em tradução livre), quando a empresa de produtos de beleza Escentual lançou uma campanha mundial chamada “Dare To Bare” (algo como “Ouse Se Expor”), visando arrecadar dinheiro e alertar as mulheres para o exame do câncer de mama.
“É um passo bem simples a ser dado por qualquer mulher: apenas não use maquiagem”, explica a editora do Escentual.com sobre a iniciativa. “É fácil fazer, mas também é uma afirmação pública muito forte e é para uma causa fantástica.”
A diferença entre a corrente original e a que tem se popularizado no Facebook, Instagram e Twitter recentemente é que a mulheres que participaram da Dare to Bare estavam ajudando a causa também com doações, assim como no Desafio do Balde de Gelo.
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