Anúncios promovendo a violência no Brasil, inclusive direcionada às crianças, foram aprovados pelo Facebook em testes feitos pela organização não governamental Global Witness, conforme relatório divulgado na quinta-feira (19). As campanhas foram enviadas alguns dias após os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília (DF), no dia 8.
Segundo a ONG, 16 anúncios com incitações à violência para publicação na rede social foram enviados, dos quais 14 acabaram aprovados pela plataforma. O objetivo era verificar se as políticas de restrição de conteúdos com discursos de ódio anunciadas pela Meta realmente funcionavam.
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Nas campanhas aprovadas pela big tech, estavam frases como “Precisamos desenterrar todos os ratos que se apoderaram do poder e atirar neles” e “Eles deveriam estar presos ou mortos e enterrados, não no palácio presidencial”. A violência contra crianças também era citada, como na frase “Morte aos filhos dos eleitores de Lula”.
A campanha fictícia criada pela Global Witness tinha relação com os ataques terroristas em Brasília.Fonte: Shutterstock
Para a ativista de ameaças digitais da Global Witness, Rosie Sharpe, o teste mostra que a rede social não está cumprindo as políticas anunciadas, facilitando as ações de extremistas na internet, meio bastante utilizado por eles. “Ao não abordar isso completamente, o Facebook coloca em risco a democracia brasileira”, afirmou a especialista.
Explicações da Meta
Questionada pela entidade, a dona do Facebook minimizou o resultado do teste. A companhia disse que a pequena amostra utilizada “não é representativa” de como são aplicadas suas políticas em escala e ressaltou a remoção de “centenas de milhares de conteúdos” que violavam as normas antes das Eleições 2022.
A gigante da tecnologia também afirmou que especialistas humanos e ferramentas tecnológicas trabalham em conjunto na proteção de suas plataformas contra abusos, processo constantemente aprimorado. É importante informar que a campanha publicitária com promoção da violência aprovada foi excluída pela ONG antes que fosse publicada.
Os mesmos anúncios chegaram para aprovação no YouTube, mas o resultado foi bem diferente por lá. Enquanto 87% das postagens publicitárias passaram no processo da Meta, 100% delas acabaram reprovadas na plataforma de vídeos do Google, que ainda suspendeu as contas da Global Witness responsáveis pelos envios.
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