Facebook é acusado de prejudicar crianças e enfraquecer a democracia

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Imagem: Oleg Golovnev/Shutterstock

A ex-gerente de Produtos do Facebook, Frances Haugen, foi ouvida pelo Senado dos Estados Unidos nesta terça-feira (5) sobre as acusações de que a rede social sabe sobre os impactos dela e do Instagram na saúde mental de crianças e adolescentes. A audiência foi marcada por depoimentos bastante enfáticos, incluindo o de um senador que prometeu “acabar” com o malefício gerado pelas redes sociais.

“Minha mensagem para Mark Zuckerberg: o seu tempo de invadir privacidades, promover conteúdos tóxicos e ser predatório com as crianças acabou. O Congresso agirá. Você pode trabalhar ou não com a gente, mas nós não vamos permitir que a sua companhia permita que nossas crianças, nossas famílias e nossa democracia sejam prejudicadas por mais tempo”, disparou o senador Edward J. Markey, do Partido Democrata.

Haugen deu um depoimento com detalhes sobre como funciona o Facebook internamente e “engrossou o coro” de que a empresa faz bastante mal para as pessoas e a sociedade.

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“Estou aqui hoje porque acredito que os produtos do Facebook prejudicam as crianças, alimentam a divisão [social] e enfraquecem nossa democracia”, falou Haugen logo na abertura de seu discurso.

Chamada de “Denunciante do Facebook”, ela foi a responsável por vazar documentos para o Wall Street Journal com pesquisas internas da empresa, revelando que a rede social sabe os efeitos negativos das publicações das redes sociais na saúde mental principalmente de menores de idade.

Depois que o assunto virou uma discussão nacional nos EUA, Haugen revelou sua identidade e desde então tem sustentado que o Facebook age de maneira negligente não só com a segurança de crianças e adolescentes, mas também no trato com a desinformação e disseminação de fake news e conteúdos violentos.

“Esses problemas têm solução. Uma rede social mais segura e que respeite a liberdade de expressão é possível”, argumentou a ex-funcionária.

Decisões comerciais vs. segurança

Questionada pelos congressistas, Haugen falou mais de uma vez sobre como as decisões comerciais e baseadas em dados do Facebook acabam ignorando questões de segurança para os usuários. Sobre isso, ela chegou a citar o próprio Mark Zuckerberg como responsável pela política que não considera o bem-estar dos usuários.

“Mark construiu uma empresa que é muito orientada por métricas […] as métricas tomam as decisões”, disse. Sobre isso, posteriormente ela disse que a busca incessante pelo engajamento dos usuários acaba expondo as pessoas a conteúdos perigosos, que não são verificados de maneira correta pelas inteligências artificiais.

Ela também afirmou que o Facebook prioriza a viralização dos conteúdos, e que a empresa está “pagando por seus lucros com a nossa segurança”.

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Em outros momentos, a ex-funcionária, que revelou ter trabalhado com contraespionagem, argumentou que as decisões estratégicas e o modelo de negócio do Facebook pode ser perigoso até mesmo para a segurança nacional de um país.

Questionada pelos senadores se os políticos deveriam confiar nas palavras dos executivos da rede social, Haugen foi taxativa: “não”.

Depois de mais de 2 horas de depoimentos e falas enfáticas tanto da depoente quanto dos senadores, a sessão foi adiada.

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