Já faz um tempo que precisamos estar preparados para ver uma inovação ganhar popularidade da noite para o dia. Novas ideias e tecnologias sempre estão surgindo. Nesse contexto, a inovação que mais vem mexendo com a internet recentemente é o Clubhouse.
A rede social só de áudio apareceu no feed de todo mundo depois que grandes nomes, como Elon Musk e Oprah Winfrey, apareceram por lá. Mas a fama também trouxe diversos questionamentos sobre o app: e os usuários de Android, quando terão acesso? Por quanto tempo funcionará o sistema de convites? É uma modinha ou é algo realmente funcional e rentável? E a acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva?
Qual é o futuro do Clubhouse?
Existem muitas questões pertinentes a serem debatidas, e acredito que a melhor forma de se elucidar essas dúvidas é entender os caminhos que o Clubhouse pode trilhar. Mais do que observar como ele funciona atualmente, proponho uma reflexão acerca do que ele pode se tornar em um futuro próximo e como podemos nos preparar para aproveitá-lo da melhor maneira possível.
Já sabemos, por exemplo, que as conversas por voz acontecem ao vivo, sem edição e sem gravação. Esse é um dos pontos mais chamativos do Clubhouse. Mas como funcionará a mediação em salas com muitas pessoas, já que os pedidos de fala podem se tornar maiores do que o mediador é capaz de coordenar? E a briga por audiência com outros canais de voz — que inevitavelmente chegarão, como já parece ser o caso do Instagram e do Twitter? Isso sem falar na segurança dos dados, visto que a criptografia de ponta a ponta continua sendo exclusividade do WhatsApp.
Outro ponto é: como monitorar e agir sobre o conteúdo compartilhado? Discursos de ódios devem sempre ser combatidos, mas ainda não há tecnologia tão eficaz em identificá-los por áudio, no mesmo nível que é possível por texto. Como prevenir o uso prejudicial? Essa é uma questão que já deve nascer com qualquer inovação, ainda mais uma rede social.
Veja bem, não estou fazendo essas perguntas para criticar o Clubhouse, mas para lembrar que há um longo caminho pela frente. Eu realmente gosto muito da ideia de uma rede social com essas características e vejo sua chegada como um avanço para o marketing e a comunicação.
E o potencial desse aplicativo para a área de comunicação é mesmo enorme. Veja o que dá para explorar, só pensando por cima:
- contatos mais humanizados entre marcas e clientes, inclusive em atendimentos;
- cobertura de grandes eventos de forma mais pessoal e simplificada;
- palestras com participação do público, simulando a experiência presencial;
- aulas ou cursos inteiros sobre os mais diversos temas;
- concursos ou sorteios que tenham como prêmio a conversa direta com grandes personalidades.
Um mundo de possibilidades
O fato é que as pessoas podem entrar para se divertir, aprender ou se conectar, e há um mundo de possibilidades de marketing entre essas atividades. Portanto, o Clubhouse é uma ferramenta útil? Com certeza. Ele pode alterar as mídias sociais como as conhecemos e fazer que todos tenhamos que nos adaptar? Certamente. Não seria prudente ignorar essa possibilidade.
Ainda assim, é apenas isto que temos no momento: uma possibilidade. Podemos aproveitar e ser cautelosos ao mesmo tempo. Os aperfeiçoamentos levam tempo, mas o buzz vem e vai muito rapidamente. É natural querer aproveitá-lo ao máximo, só que certos cuidados devem ser tomados.
Minha dica é manter o ouvido aberto para as novidades que o Clubhouse vai trazer para a mesa, mas não se precipitar demais. Todas as interrogações deste texto devem ser feitas e, quando surgirem respostas, precisamos pensar em outras. É assim que tudo se desenvolve. E, se queremos embarcar em uma nova jornada, também é nossa responsabilidade ver para onde estamos indo.
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André Palis, colunista do TecMundo, trabalhava no Google antes de empreender. Fundou a Raccoon em 2013, em São Carlos, importante polo de tecnologia do Estado de São Paulo, e em 8 anos adquiriu a carteira de grandes players do mercado, como Vivara, Natura, Leroy Merlin e Centauro. Em 2013, notou um gap no mercado digital, pediu demissão da Google e, ao lado de Marco Túlio Kehdi, fundou a Raccoon, uma agência full service que atua como parceira estratégica em toda a cadeia digital.
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