Não, essa não é uma notícia repetida: o Facebook está envolvido outra vez em uma polêmica relacionada aos dados pessoais dos usuários. Desta vez, a grande questão é como informações tão pessoais - como dados de saúde, por exemplo - foram parar na plataforma de Mark Zuckerberg. Segundo o jornal The Wall Street, pelo menos 11 aplicativos populares estão enviando dados deste tipo ao Facebook, incluindo informações pessoais — como monitoramento cardíaco e o início do ciclo menstrual das usuárias e outros dados que, em tese, não deveriam ser compartilhados. Essa revelação é apenas mais um acontecimento dentro de uma série de casos relacionados à forma como o Facebook lida com a privacidade dos dados dos usuários.
Com o uso de softwares do Facebook nos apps, os desenvolvedores puderam gravar as atividades dos usuários e, então, enviam suas informações para a rede social mesmo que eles não estejam logados no app ou que nem mesmo tenham uma conta. O grande problema deste compartilhamento de informações é que é comum que os usuários não tenham ideia de que seus dados estão indo para o Facebook, uma vez que não há informações sobre isso.
De acordo com uma representante do Facebook, o compartilhamento de informações através de apps funciona de forma semelhante às propagandas destinadas aos dispositivos móveis e, além disso, é também a prática padrão da indústria. Entretanto, a grande questão aqui é como os aplicativos estão utilizando estas informações. Segundo ela, o Facebook pede que os desenvolvedores dos apps sejam transparentes com os usuários em relação às informações que eles estão compartilhando, e os aplicativos são proibidos de enviarem dados sensíveis.
Apesar de a representante afirmar que a rede social se dedica a identificar e remover dados que não deveriam ter sido compartilhados, algumas informações mostram o contrário: houve dados que podiam muito bem violar os termos da rede social, os quais indicam que os desenvolvedores não devem enviar informações de saúde, finanças e dados de outras categorias.
Segundo Kristopher Micinski, professor de ciência da computação da Universidade Haverford, diversos aplicativos compartilham as informações com o Facebook. De forma implícita, estes apps utilizam anúncios, os quais são os responsáveis por conectar os usuários à rede social mesmo que o aplicativo não esteja diretamente relacionado. Além disso, todos estes anúncios estão interconectados e compartilham dados. É por isso que uma pessoa que está utilizando um app para planejar seu casamento irá começar a ver anúncios na rede social de locais para a cerimônia, disse o professor. Entretanto, para algumas autoridades políticas, todas essas explicações não são suficientes: Andrew Cuomo, governador de Nova York, solicitou a ação de órgãos regulatórios federais.