A internet vem, ao longo dos últimos anos, se tornando o meio de comunicação e entretenimento mais utilizado. A troca de dados e arquivos multimídia de maneira simples, rápida e dinâmica são as principais características que proporcionaram a popularização da web nos quatro cantos do mundo.
Mas qual seria a melhor forma de curtir suas músicas e vídeos prediletos? Você prefere baixar e ter os arquivos a sua disposição quando quiser ou a praticidade de não ter que carregar nenhum dispositivo para usufruir do conteúdo desejado faz sua cabeça?
É bem provável que cada usuário tenha uma opinião diferenciada sobre este tema. As respostas para esses questionamentos, entre muitos outros, geram constantes e acaloradas discussões no mundo da tecnologia. Para acabar com esse blablablá de sempre é que foi criada esta série de artigos, o Versus.
Nesta edição teremos o embate definitivo entre o Torrent e o Streaming. Façam suas apostas, pois o confronto vai ser memorável! Paremos com a conversa mole e vamos anunciar oficialmente os gladiadores desta semana.
Conhecendo os gladiadores
Ladies and gentlemen, senhoras e senhores. No corner do “armazenamento de arquivos” está a postos o maior vilão dos direitos autorais dos últimos anos: o Torrent! Criado em 2003 por Bram Cohen e com estrutura computacional baseada na arquitetura P2P, esta tecnologia possui um potencial fantástico de compartilhamento e de aumento na velocidade de downloads.
Por outro lado, este veterano da internet carrega uma infinidade de críticas, multas, processos judiciais e indenizações contra seus donos e alguns usuários por ferirem as leis de copyright. O guerreiro sobe no ringue com ânsia de recuperar seu prestígio (quer saber mais sobre a tecnologia? Acesse o artigo “A bíblia do Torrent”).
Do outro lado – no canto em que pendrives são dispensáveis –, com o status de “queridinho da web”; tendo o YouTube como seu maior representante; aquele que tem sido a tecnologia online com maior crescimento dos últimos tempos; baseado no conceito de cloud computing; e que, no entanto, sem conexão com a internet não serve para nada, recebamos na plataforma de luta o Streaming! (Não sabe o que é? Leia o artigo “Qual a tendência dos vídeos pela internet? Download e streaming são rivais?”).
Lutadores devidamente apresentados, a tensão toma conta. Usuários acomodados em suas cadeiras. Soa o gongo: tén tén! Agora é para valer.
Round 1: Comodidade
Uma das tendências para novas tecnologias é que a comodidade e a praticidade para o usuário sejam aumentadas. Interfaces e sistemas intuitivos, bem como ferramentas descomplicadas e ágeis fazem sucesso com qualquer usuário, não é mesmo?
Nesse sentido, quem utiliza o Torrent para baixar canções e filmagens obrigatoriamente necessita ter instalado algum player de áudio e vídeo instalado – como o Windows Media Player, o RealPlayer ou o VLC Media Player.
Mais um ponto que deve ser lembrado: esses programas têm que ser compatíveis com o formato do conteúdo armazenado na máquina. Ou seja, um pacote de codec (K-Lite Mega Codec ou Media Player Codec, por exemplo) é essencial para o seu deleite. Pode ser um pouco penoso acertar todos esses detalhes no começo, contudo, você tem ao seu dispor as configurações dos softwares para aperfeiçoar sua experiência.
Já o Streaming não oferece nenhuma exigência de softwares que ocupem grandes fatias do espaço precioso do seu disco rígido. No máximo, alguns serviços online solicitam a instalação de aplicativos para a execução de Flash ou Java.
Outra vantagem desta tecnologia é que o usuário não sai caçando músicas perdidas em pastas espalhadas pela máquina. Acessou o site e pesquisou o que deseja? É só clicar e se esbaldar! Experimente o Grooveshark e veja como é fácil curtir músicas dos mais variados gêneros sem ocupar entupir o PC de arquivos.
Round 2: Qualidade
Imagine que você comprou um notebook pela internet. Ao ser entregue, você corre para abrir a caixa e usufruir do seu novo computador portátil. Porém, ao rasgar o invólucro você se depara com apenas metade do aparelho. Seria uma situação um tanto quanto desagradável, não concorda?
No Streaming isso é muito comum acontecer. O usuário acessa o serviço online, define a playlist de músicas e começa a cantarolar. Quando chega a melhor parte da sua canção favorita – na qual você está superempolgado, diga-se de passagem –, o carregamento do buffer trava e a execução é interrompida do nada! Não tem outra saída, é esperar o carregamento do arquivo terminar.
Para que esse tipo de ocorrência seja amenizado é preciso ter uma conexão de banda larga de 10 MB – taxa que começou a ser comercializada no Brasil com mais afinco nos últimos meses. Com isso, seu custo ainda é elevado e acaba não sendo acessível para a maioria da população.
Os adeptos do P2P, arquitetura de sistemas utilizada na construção do Torrent, sofrem menos impactos a esse respeito. Depois que o arquivo é baixado o usuário tem, praticamente, a plena garantia de que o conteúdo desejado (o notebook completo) está acessível. Basta ativar a música ou vídeo e curtir quando quiser.
Round 3: Flexibilidade
Apesar de as tecnologias em questão possuírem funcionalidades bem específicas, elas têm um ponto em comum: o uso da internet como veículo de troca de dados. A diferença fundamental na comparação desse quesito entre elas é a forma como seus conteúdos tramitam pela web.
Com o Torrent você precisa da internet para realizar o download dos arquivos desejados. Seja lá qual for o motivo, você precisa desligar o PC? Não tem problema, os downloads via P2P podem ser pausados e reiniciados sempre que preciso. Finalizado tal processo, a preocupação com a conectividade pode ser deixada de lado – o conteúdo já está armazenado na sua máquina.
Entretanto, se você quiser aproveitar dos arquivos baixados em outros locais, um dispositivo portátil é indispensável. É aí que começam os problemas: incompatibilidade com o sistema operacional, extravio do aparelho, dispositivo danificado, entre outros. Talvez, quando você mais precisar recuperar algum conteúdo, seu HD externo – por exemplo – pode deixá-lo na mão!
Os fanboys do Streaming, por sua vez, não correm tais riscos. Para aqueles que não podem ver um botão com a inscrição “play” sem pressioná-lo, um pendrive ou player portátil é inútil. As músicas e os vídeos veiculados por esta tecnologia são armazenados temporariamente na memória cache do computador, sem precisar salvá-los localmente.
Agora, se a internet cair (fato mais comum do que gostaríamos aqui no Brasil, não é mesmo?) o pavor toma conta desse pessoal. Se a gloriosa conectividade com a web estiver ausente, o streaming não funciona e você vai ficar sem curtir seus artistas prediletos. Resta abrir o game Paciência e esperar a conexão ser reestabelecida.
Round 4: Busca
A internet é realmente algo fantástico. Quem imaginaria uma década atrás baixar arquivos com tanta praticidade? Surfar na web pelo celular? Isso não acontecia nem nos filmes! Para a nossa sorte, o desenvolvimento tecnológico aconteceu (a ainda acontece) com uma velocidade impressionante. Empolgar-se às vezes é inevitável, e muita gente realiza downloads de qualquer coisa que chame sua atenção – mesmo que aquilo não tenha utilidade nenhuma.
Ao usar o Torrent você precisa ter o cuidado de organizar muito bem as pastas e mídias. Caso contrário – com o acúmulo de músicas, vídeos e imagens armazenadas –, prepare-se para encontrar uma agulha no palheiro, pois seu computador vai estar tão bagunçado quanto o laboratório do Professor Pardal.
Em contrapartida, o Streaming possibilita que seus usuários gastem seu tempo e queimem seus neurônios com outras tarefas além de organizar milhares de pastas e documentos. A tecnologia lista tudo que está no seu banco de dados e está ligado com o termo de pesquisa.
Muitos serviços já oferecem a criação de playlists e aplicação de filtros no momento da busca pelo conteúdo desejado, o que é uma mão na roda para aqueles que não gostam de perder tempo. Poucos cliques depois, está tudo o que você queria muito bem organizado na tela do navegador.
Round 5: Falso-positivo
Nem tudo é o que parece ser. Mantenha essa simples frase sempre em mente, pois ela alerta-o contra os falso-positivos – termo muito utilizado quando o antivírus interpreta que um arquivo comum do sistema operacional é prejudicial ao funcionamento da máquina. Em caso de dúvidas confira o artigo “Falso-positivo: o que fazer quando o antivírus peca por excesso?”.
Para o Torrent e o Streaming, esse conceito é um constante motivo de frustração para os usuários. Digamos que você tenha visto o anúncio do lançamento de um filme com direitos legais liberados para download. Sem titubear, você abre seu cliente Torrent, baixa o longa-metragem e reúne a família na sala para sua exibição.
Todos felizes com a lata de refrigerante e o pacote de pipoca na mão, a filmagem é executada. Entretanto, as cenas apresentadas não eram bem as esperadas. Digamos que o título se referia a um filme um pouco mais caliente! Com certeza, o constrangimento tomaria conta do evento familiar.
Nesse momento os fanboys do Streaming já começaram a zombar de quem utiliza o P2P. Estariam tais indivíduos livres desse mal? É claro que não! O YouTube é a maior prova disso. Você chega a sua casa e subitamente sente vontade de curtir o clipe da banda que está no topo das paradas de sucesso nas rádios.
Depois da breve procura, o vídeo é aberto. O que você vê? O vocalista do grupo com toda sua desenvoltura e presença de palco? Não, é seu vizinho segurando um violão com uma corda arrebentada fazendo um cover! Desanimador.
Round 6: O gongo final
Os leitores que acompanharam esta disputa, uma das mais equilibradas de toda a história dos embates tecnológicos, podem ter certeza: o combate apresentado aqui é épico. Nem Rocky Balboa encarou uma batalha tão equiparada. Nos cinco primeiros rounds tanto o Torrent como o Streaming apresentaram seus pontos fortes e suas fraquezas.
Adivinhe quem vai decidir esta luta? É isso mesmo, você usuário do Baixaki. Deixe sua opinião e ajude-nos a levantar os bits do candidato apropriado para o cinturão de melhor tecnologia para o usufruto de arquivos multimídia. Agora é com você, campeão!