Em um dos becos de uma metrópole, uma criança perde seus pais após um assalto que não acabou bem. Uma pessoa comum levaria o resto da vida no tratamento do trauma e, com sorte, poderia voltar ao normal. Essa não foi a opção escolhida por Bruce Wayne. A cena descrita acima e reproduzida à exaustão no cinema, quadrinhos, TV e video games pode ser considerada o prólogo da mitologia do Batman.
O personagem estreou na edição 27 da revista Detective Comics (1939) e reflete a expansão urbana nos Estados Unidos uma década após a crise gerada pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. O cenário era pouco convidativo para os migrantes que se mudavam do campo para as cidades, onde precisavam conviver com os crimes violentos e condições marginais.
Surge o Cavaleiro das Trevas
Algumas situações colaboraram para o caminho trilhado pelo jovem Wayne: a fortuna bilionária, o trauma aliado ao senso de justiça e a vontade de consertar sua cidade – e outras injustiças – na marra. Seja pela ausência de poderes especiais ou pelo fato de ter uma história “possível” em alguns aspectos, o Batman é um dos personagens com maior identificação, tendo fãs de todas as idades.
O motivo dessa proximidade? O herói mais humano e provável dos quadrinhos é capaz de lutar contra as injustiças e possui uma aura de infalível. De sua própria maneira, Bruce Wayne é uma espécie de samurai dos tempos modernos, explica E. Paul Zehr. O neurocientista canadense é autor de "Becoming Batman: The possibility of a Superhero" (Se tornando o Batman: A possibilidade de um super-herói), ainda sem edição no Brasil.
(Fonte da imagem: Reprodução/Deviantart)
“O Batman é dirigido, focado e obsessivo. Ele está disposto a fazer o que é necessário para realmente combater os criminosos. Eu não tenho certeza se isso é fácil de entender ou não, mas o foco e a forma de agir do Batman são muito parecidos com os dos guerreiros de antigamente e as forças especiais de hoje em dia – exceto que ele não mata”, afirma o especialista.
Ah, você quer ser o Batman?
Guerreiro, estrategista, detetive, bilionário, herói e playboy nas horas vagas. Parece o tipo de vida atraente para muitos jovens, não é mesmo? Mas há uma coisa que pouca gente pensa quando o assunto é “ser Batman”: o sacrifício diário de corpo, alma e fortuna necessário para que exista um Cavaleiro das Trevas.
Quando perguntado sobre minha possibilidade de virar o Batman, Zehr dá uma má notícia: “Você já está atrasado! Você deveria ter começado quando era um adolescente. O ideal seria algo entre os 12 e 15 anos. De qualquer forma, o conceito básico é começar com habilidades gerais e condicionamento físico. Isso significa treino de agilidade, como acrobacia, ginástica e corridas, treinamentos de força, energia e flexibilidade. E, então, o treino de artes marciais e uso de armas”, comenta o neurocientista, que também é diretor do Centro de Pesquisa Biomédica da Universidade de Victoria (Canadá) e professor de karatê.
Enquanto Batman mostra ter conhecimento em diversas artes marciais e um QI invejável, Bruce Wayne trabalhou muito para chegar até esse nível. Zehr aposta que o empresário e filantropo teria obras como "O livro dos cinco anéis" (Miyamoto Musashi), "A arte da guerra" (Sun Tzu) e até um pouco de Sherlock Holmes (Sir Arthur Conan Doyle) em sua cabeceira.
Ainda acha que pode ser o Batman? Confira no infográfico sobre o que você vai precisar!
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