Como tem ocorrido já há algum tempo, "Inteligência artificial" foi o assunto do momento durante a Computex 2024 e é um dos tópicos mais comentados no mundo da tecnologia nos últimos anos. Impulsionada pela popularização das ferramentas generativas, as IAs estão presentes em computadores e celulares há um bom tempo, mas agora tomam formas ainda mais palpáveis e presentes tanto em software quanto em hardware.
O setor abriu espaço para uma nova competição, destacando players que antes não estavam em voga, e fez com que gigantes do mercado suassem a camisa para acompanhar as inovações para manter seu espaço no topo. Uma dessas empresas é a AMD que, nos eventos mais recentes, dedicou bastante tempo para mostrar como seus produtos estão para concorrer nesse novo contexto.
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Sim, inteligência artificial em computadores é algo que veio para ficar, mas esse novo formato ainda dá seus primeiros passos. Então, para entender melhor o que a AMD guarda para enfrentar essa nova tendência, o TecMundo conversou com Priscila Bianchi, gerente de Canal de Consumo da AMD Brasil.
IAs não chegaram agora para a AMD
O uso de inteligência artificial na computação não é novidade, embora o assunto seja prioridade nas apresentações mais recentes. A AMD não chegou a essa corrida agora, inclusive. Na conversa, Priscila Bianchi menciona que a fabricante integrou núcleos dedicados para o processamento de IA em CPUs já em 2023 nos Ryzen 7000, apresentados durante a CES do mesmo ano.
Em 2024, o carro-chefe da companhia para concorrer no setor é o Ryzen AI 9 HX 370. O novo processador é voltado para o mercado topo de linha e representa o que há de mais moderno para a companhia, mas com disponibilidade bastante limitada e com preço bastante elevado.
Atualmente, o Ryzen AI 9 HX 370 foi anunciado como parte de uma pequena variedade de notebooks. O componente está previsto para embarcar os novos modelos da linha Asus Zenbook e Asus ProArt, por exemplo.
O uso de inteligência artificial não é uma novidade para a AMD, mas tomou novos contornos em 2024. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
Contudo, existe um esforço para que o hardware se torne mais acessível. "Pessoalmente, acredito, como gestora do canal e estando de frente com o varejo e com as marcas, é interesse dos fabricantes atender essa demanda", pontuou Priscila.
"Isso é importante também para crescer esse mercado [de computadores], pois tivemos uma queda no ano passado em relação a 2022, então é muito necessário [que as novas tecnologias] cheguem à ponta".
Sendo assim, ainda que as plataformas mais modernas sejam mais caras atualmente, o preço tende a cair no futuro. A redução de custos deve acontecer em várias frentes, tanto na redução da performance do hardware, como também na otimização de processos de fabricação.
AMD Strix Point vêm aí
Os novos processadores AMD conhecidos como Strix Point estão a caminho, mas ainda requer negociação. Priscila menciona que a companhia de Lisa Su (CEO da AMD) colabora com marcas como Acer e Asus para introduzir os novos produtos no mercado global
Mas apesar da negociação lá fora, ainda não há previsão de lançamento dos chips no Brasil e por enquanto não se sabe quais parceiras lançarão os produtos no mercado interno.
Essa lineup mais moderna é construída com arquitetura Zen 5 e promete aprimoramentos em desempenho, aceleração de IA e entrega em gráficos integrados.
"A gente entende que, assim como os outros [processadores], [a linha Strix Point] também será um sucesso. Por agora, estamos aguardando novidades por parte dos fabricantes", disse a executiva.
Brasil é importante, mas é burocrático
Ainda que o Brasil seja reconhecido como um dos mercados mais importantes da América Latina, a chegada de novidades ao país leva mais tempo do que em outros países. Segundo Priscila, isso se dá por causa de burocracias.
Os hardwares que chegam ao Brasil, sejam componentes ou notebooks, precisam ser fabricados ou montados por aqui. Essa estratégia é utilizada para evitar os custos de importação, assim barateando o produto final e atendendo as necessidades do consumidor brasileiro.
Porém, uma vez que a fabricação acontece de forma local, é necessário que as fábricas daqui estejam prontas para encarar uma nova linha de produção — e isso nem sempre vale a pena. Por conta disso, não é possível trazer todos os produtos para cá, e é importante fazer um estudo de mercado antes de investir na linha de produção de lançamentos.
No Brasil, o caminho mais fácil para a chegada de produtos é por fabricação ou montagem nacional. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
"Muitas vezes, não compensa um investimento muito alto para produzir mil peças, por exemplo", mencionou Priscila. "Então, eles precisam definir alguns produtos, e isso acontece em todo o mercado", continuou.
Sendo assim, fabricantes escolhem alguns produtos e testam a recepção no mercado. Se a novidade é bem recebida, então outros modelos podem desembarcar no país. Em outros países, a chegada de lançamentos tende a acontecer por importação, dado o menor custo para esse tipo de produto.
*Matéria editada em 17/06/2024, às 12h10, com o esclarecimento de que a AMD negocia com Asus e Acer a nível global e a empresa não tem previsão de lançamento dos chips Strix Point no Brasil.
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