O Apple Vision Pro, headset de realidade mista da Maçã, começou a ser vendido nos Estados Unidos oficialmente há uma semana. O dispositivo promete níveis inéditos de imersão em produtividade, entretenimento e comunicação.
Logo após a chegada do headset às lojas, uma dúvida logo surgiu em algumas comunidades: será que é possível assistir a vídeos e outros conteúdos adultos a partir do aparelho, aproveitando todas as suas características de imersão?
A resposta não é tão simples e envolve políticas da Apple que já estão em vigor há anos, sem sinal de que serão alteradas para o novo produto.
A Apple contra a pornografia
A Apple não permite a utilização de aplicativos de pornografia em seus dispositivos e nem a disponibilização desse tipo de conteúdo nas suas lojas digitais, como é o caso da App Store para iPhone, iPad ou macOS. Ou seja, não é possível baixar nessa plataforma conteúdos imersivos e otimizados para o Vision Pro.
A regra foi estabelecida há anos pela própria companhia e consta nas diretrizes oficiais para uso da App Store.
Tim Cook, CEO da Apple, ao lado de um Vision Pro (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
No item Segurança do manual de submissão de aplicativos da App Store, a Maçã reforça que os programas "não devem conter conteúdos que são ofensivos, insensíveis, perturbadores, com intenção de causar nojo, de gosto excepcionalmente ruim ou simplesmente assustador".
Nessa categoria, estão inclusos materiais "abertamente sexuais ou pornográficos". A categoria envolve descrições ou exibições explícitas de "órgãos sexuais ou atividades que pretendem simular o erótico em vez de sentimentos emocionais ou estéticos".
Até mesmo aplicativos com conteúdos gerados pelo usuário, mas que "acabam sendo usados especialmente para conteúdo pornográfico" também não são permitidos. Essa lista inclui o bate-papo aleatório Chatroulette, por exemplo, ou jogos para ranquear pessoas com base no corpo.
Jobs sempre se mostrou contra a presença de apps adultos no iPhone (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
E esta não é uma nova política da Apple: em 2010, o cofundador e então CEO Steve Jobs deu uma declaração forte sobre o assunto. Em resposta a um falso positivo que levou ao banimento de um app no iPhone, o executivo até citou a concorrência como um lugar onde conteúdos adultos são permitidos.
"Nós acreditamos que temos uma responsabilidade moral em manter pornografia longe do iPhone. O pessoal que quiser pornografia pode comprar um telefone Android", disse Jobs à época.
Comunidade VR protesta contra proibição
O debate sobre a liberação ou não dessa temática começou em especial por causa de uma comunidade de fãs de Realidade Virtual. Um usuário que abriu um tópico no Reddit perguntando se alguém já conseguiu burlar o sistema de segurança da Apple até chama o headset de "cinto de castidade de US$ 3,5 mil".
Isso porque, até agora, não foi possível fazer o Vision Pro rodar no modo "Vídeo Espacial" nenhum tipo de conteúdo adulto. A imersão só está mesmo presente em conteúdos aprovados, como filmes de plataformas de streaming como a Disney+ ou Apple TV+ e conteúdos educativos e experimentais, como mostrar diferentes espécies de dinossauros.
Vídeos 3D na plataformas de streaming são um destaque do headset (Imagem: Divulgação/Apple)Fonte: Apple
Em outro debate, donos do aparelho alegam que nem mesmo vídeos já convertidos para rodar em 3D mesmo no navegador não aparecem com o efeito em três dimensões. Esse é um problema de incompatibilidade similar ao encontrado atualmente no YouTube, que ainda não tem um aplicativo nativo na loja do visionOS.
É possível ver pornografia no Vision Pro?
De modo geral e apesar da campanha contrária da Apple, é possível acessar pornografia usando o headset Vision Pro. Porém, a experiência do usuário será a mesma de quem acessa esse tipo de conteúdo em outros aparelhos, como tablets, celulares e PCs.
Isso porque essa temática só é acessível no aparelho usando o navegador Safari para abrir páginas do ramo. Não é possível consumir conteúdos adultos imersivos em 3D, pelo formato "Vídeo Espacial" ou de Realidade Virtual no aparelho, ao menos por enquanto. Além disso, a App Store não deve abrir espaço para esse tipo de programa, já que as regras da Maçã são rígidas e já em vigor há bastante tempo.