Em 2022, testamos o Zenfone 9 e chegamos ao entendimento de que ele era um forte candidato a melhor smartphone compacto. Agora, depois de passar quase três semanas testando o Zenfone 10, ousamos dizer que ele é um forte candidato a melhor smartphone do ano.
A Asus conseguiu manter todos os pontos fortes da geração passada ao mesmo tempo que melhorou vários detalhes e também adicionou algumas coisas que estavam faltando no seu celular em comparação a aparelhos top de linha de outras marcas.
No entanto, há dois pontos no aparelho que podem tornar o Zenfone 10 menos interessante do que um Galaxy S23 Ultra para a maioria das pessoas que cogitariam comprar um telefone de ponta — e considere que uma dessas duas pode até funcionar a favor do celular da Asus se você tiver preferências bem específicas.
Leia este review até o final para entender tudo o que o Zenfone 10 tem de pontos fortes e de não tão fortes assim, e aí poder decidir se está valendo a pena ou não.
Design compacto
Vamos começar falando sobre o ponto que mudou menos, mas que ainda assim tem algumas diferenças, que é o design. O visual e dimensões do aparelho estão praticamente inalterados, então ele continua sendo o celular mais compacto lançado no segmento de ponta aqui no Brasil. E como a Apple não trouxe um modelo Mini na família iPhone 15, quem gosta de smartphones pequenos de ponta tem como opções por aqui basicamente ele ou o Galaxy S23 base, que é um pouquinho maior.
Esse tamanho compacto é um dos dois fatores que mencionamos no começo no texto. É algo que pode até atrair um determinado grupo de pessoas que prefere celulares menores, mas como a maioria das pessoas simplesmente prefere smartphones grandes, um top de linha compacto tende a vender menos comparado com rivais maiores.
- Dimensões (A x L x E): 14,65 x 6,81 x 0,94 cm (mais espesso nas câmeras)
- Peso: 172 gramas
O Zenfone 10 está 3 gramas mais pesado do que o antecessor, o que é uma diferença praticamente impossível de sentir na prática, então continua sendo muito leve e confortável de segurar, além ser fácil de usar com uma mão só. A borda prateada continua ao redor da câmera de selfies — em um furo no canto da tela —, mas eu já estava acostumado com ela, então isso nem me incomodou nesse aqui. E o vidro continua tendo proteção Gorilla Glass Victus, mas também continua sendo vidro, então é bom usar a capinha que vem na caixa.
A traseira continua sendo feita de um plástico texturizado de ótima qualidade e continua tendo opções coloridas mais bonitas que a preta que recebemos para testar — que, aliás, mostra um pouco mais as sujeiras e poeiras que vão acumulando com o uso.
Uma mudança notada pelos especialistas de fora do Brasil é que o material aqui parece ter mudado o suficiente para, além de ser mais escológico, fazer com que as versões coloridas não fiquem desbotadas tão rápido quanto aparentemente ficavam no Zenfone 9, o que não tivemos tempo de perceber na geração passada porque os celulares são emprestados para o review e devolvidos em seguida. Fora isso, as câmeras traseiras continuam vindo em duas grandes protuberâncias, uma maior que a outra, e continuam fazendo o celular balançar na mesa mesmo com a capinha inclusa.
A Smart Key continua na lateral, em uma posição ótima de alcançar e servindo para ligar e desligar a tela, desbloquear o aparelho com suas digitais e com várias funções programáveis. Uma das opções de personalização da função de toque duplo permite até tirar uma foto rápida mesmo com a tela do celular apagada, para aqueles momentos "piscou-perdeu" da vida. Dá para mudar tudo, mas por algum motivo a Asus não dá a opção de escolher todas as funções em qualquer uma das variações de gestos.
E encerrando o design, ainda temos uma entrada física para fone de ouvido aqui, e o Zenfone 10 continua tendo certificação IP68 de resistência a água e poeira.
Tela e som
A tela é outro ponto que mudou pouco no Zenfone 10, mas que ainda assim teve upgrades. O painel continua sendo um Super AMOLED de 5,9 polegadas, com resolução Full HD e pico máximo de brilho de 1.100 nits. Ou seja, ótima definição, cores e tons de preto, além de brilho o suficiente para fazer de quase tudo sem grandes dificuldades mesmo sob sol forte, exceto jogar games tão escuros quanto Diablo Immortal, que durante o dia nos fazem tentar caçar toda sombra que conseguirmos enquanto jogamos no banco de trás de um Uber, por exemplo.
A mudança aqui é que a taxa de atualização máxima subiu para 144 Hz, o que significa que os movimentos ficam um pouco mais fluídos nos jogos compatíveis. E reparem que falamos jogos, e não aplicativos, porque essa taxa só está disponível para games que dêem suporte a ela depois que você ativar a opção no Game Genie depois de abrir o jogo em questão.
- Tela: Super AMOLED de 5,92” (20:9) com taxa de atualização de até 144 Hz (somente em jogos com suporte), resolução Full HD+ (2400x1080 pixels), 445 ppp, HDR10+ e pico de 1.100 nits de brilho.
Quanto ao som, o Zenfone 10 continua vindo com alto-falantes estéreo, ficando um na mesma saída frontal de áudio para chamadas e outro voltado para baixo, ao lado da porta USB-C. O som que sai de ambas continua sendo de ótima qualidade e potente para um aparelho compacto.
Alto desempenho
No hardware interno, temos agora o novo chip de ponta da Qualcomm, o Snapdragon 8 Gen 2, além de opções com 8 ou 16 GB de RAM LPPDR5X e 128, 256 ou 512 GB de armazenamento UFS 4.0. Ou seja, ele combina um dos processadores mais poderosos disponíveis para celulares Android em 2023 com memórias nas tecnologias mais rápidas utilizadas nos smartphone atuais.
É uma boa ideia fazer a escolha entre as opções de armazenamento com cuidado, já que por mais que o Zenfone 10 tenha espaço para dois cartões SIM de operadoras na bandeja, eles não suportam cartão microSD.
- CPU: octa-core Snapdragon 8 Gen 2 (1x 3,2 GHz + 4x 2,8 GHz + 3x 2 GHz)
- GPU: Adreno 740
- RAM: 8 ou 16 GB LPDDR5X
- Armazenamento: 128, 256 ou 512 GB UFS 4.0
Na geração passada, falamos que dava para rodar de tudo no celular sem problemas, mesmo jogos pesados com as configurações no máximo por bastante tempo. E aqui não é diferente. Tudo continua excelente no quesito desempenho, com um pouco mais de folga para aplicativos futuros.
Falando em futuro, o Zenfone 10 também já vem com suporte a todos os padrões de WiFi até o WiFi 7, que eu sinceramente nem vi em uso ainda aqui no Brasil. E ele também se conecta a redes 5G, tem NFC e Bluetooth 5.3.
- Conectividade: WiFi 7 (802.11 a/b/g/n/ac/ax/be), 5G (SA e NSA), NFC, GPS e Bluetooth 5.3
Interface e Android 13
No lado do software, o Zenfone 10 vem rodando o Android 13, com a interface da Asus ainda extremamente próxima do padrão visto nos próprios celulares do Google. Durante a configuração inicial, ele permite escolher algumas configurações padrão ou opções otimizadas pela fabricante, mas nada que mude drasticamente a forma de utilizar o sistema. Continua sendo tudo muito rápido, fluído e customizável.
- Sistema operacional: Android 13
O Game Genie continua presente aqui também, dando várias opções de recursos úteis durante a jogatina. É só deslizar o dedo a partir do canto da tela em qualquer jogo para poder customizar configurações de desempenho e consumo de energia, fazer capturas de tela, configurar e ativar macros para jogos específicos e tudo mais.
Câmeras do Zenfone 10
O conjunto de câmeras do Zenfone 10 também teve algumas melhorias. Na traseira, o sensor principal ainda tem 50 MP, abertura de f/1.9 e um sistema avançado de estabilização ótica que funciona como um gimbal de 6 eixos, sem grandes novidades por aqui. E do lado dele tem o ultrawide, que aumentou a contagem de 12 para 13 MP e o ângulo de 113 para 120º. Mas o maior upgrade ficou para a câmera frontal, que foi de 12 para 32 MP.
- Câmeras traseiras: principal com 50 MP, f/1.9, OIS gimbal de 6 eixos e PDAF multidirecional + ultrawide de 13 MP com ângulo de 120º, f/2.2 + HDR e flash LED
- Câmera frontal: 32 MP e f/2.5
O resultado das fotos com as câmeras traseiras continua bastante próximo da geração passada, com capturas ótimas em ambientes externos durante o dia, e ainda bastante detalhadas em ambientes internos, mas um pouco menos na ultrawide do que na principal.
Foto da câmera principal do Zenfone 10.
No escuro, o modo noturno é ativado automaticamente e também produz imagens muito boas nas duas câmeras, com a mesma ressalva para o detalhamento da ultrawide.
Foto da lente ultrawide do Zenfone 10.
Uma coisa que tivemos uma boa oportunidade de testar no novo aparelhos e que não havia sido possível no Zenfone 9 foi o modo Rastro de Luz, especificamente na função para fotos de cachoeiras. Você ativa o modo, fica alguns segundos parado depois de clicar e o celular combina várias fotos em uma só para deixar a água com um efeito artístico que passa melhor a sensação de que ela estava fluíndo, e não só parada no ar na hora da foto. O resultado fica legal, mas às vezes precisa de algumas tentativas se você não tiver um tripé ou um apoio sólido.
Foto de cachoeira no modo Rastro de Luz do Zenfone 10.
Nas selfies, o upgrade no sensor faz uma boa diferença nas fotos diurnas, que ficam ótimas tanto em qualidade geral quanto no detalhamento.
Selfie tirada com o Zenfone 10 durante o dia.
No escuro, o modo noturno também é ativado, mas a o nível de detalhes cai bastante. O resultado ainda é utilizável sem usar a tela como flash, mas chega a ficar bom com o flash ativado, desde que você não dê muito zoom.
Selfie tirada no escuro com flash da tela do Zenfone 10.
Nos vídeos, a câmera principal traseira ainda pode ser utilizada para gravar em 8K a 24 fps com ótima qualidade e boa estabilização graças ao sistema de gimbal e ao sistema extra de estabilização adaptativa, que detecta o nível de movimento e fecha um pouco o enquadramento para eliminar melhor chacoalhadas mais intensas.
Do 4K para baixo, é possível também filmar em 60 fps, o que é bom se o sol não estiver muito estourado. Se estiver, melhor abaixar para 30 quadros por segundo para poder ativar o HDR. E, para gravações com ainda mais movimento, é possível ativar o HyperSteady, que limita a resolução a no máximo Full HD a 60 fps.
- Vídeo: 8K@24 fps, 4K@60fps, 1080p@240fps
Na frontal, a gravação aqui é no máximo em Full HD a 30 fps ou HD a 60 fps, o que foi o único downgrade real que notamos em comparação com o Zenfone 9, que conseguia fazer vídeos em 4K na câmera de selfies. Imaginamos que seja alguma limitação do sensor novo. De qualquer forma, vale ressaltar que a estabilização eletrônica aqui é excelente nos vídeos frontais, mas isso fecha tanto o ângulo que acaba sendo necessário esticar completamente o braço para tentar evitar que parte da sua própria cabeça acabe cortada da gravação.
Resumindo o conjunto total das câmeras do Zenfone 10: ele é ótimo. É perfeitamente possível tirar fotos e fazer vídeos com ótima qualidade com ele. Só que não no mesmo exato nível de outros smartphones de ponta, e nem com a mesma versatilidade, especialmente no quesito da qualidade de zoom. Afinal, já é comum em celulares de ponta encontrar tanto sensores de até 200 MP quanto conjuntos de lentes periscópicas que possibilitam zoom ótico de 5 ou 10 vezes.
Sem isso, o Zenfone 10 acaba oferecendo menos opções no departamento fotográfico, o que é o segundo dos dois pontos que mencionamos no começo do texto que acreditamos que pode afastar do aparelho parte das pessoas que cogitam comprar um novo smartphone de ponta.
Bateria
Se há uma coisa que o Zenfone 10 faz melhor do que muitos smartphones com especificações até superiores nesse quesito, isso é aproveitar bem sua bateria. As reservas aqui têm os mesmos 4.300 mAh da geração anterior, que já mandava muito bem na duração das reservas energéticas. No entanto, com o processador mais eficiente dentro do Zenfone 10, ele consegue ir ainda melhor.
Com isso, o celular fica o dia inteiro fora de casa sem exigir recarga, mesmo com quase 8 horas de tela ligada e mais da metade disso em Diablo Immortal, que é um jogo online e que consome bastante energia. Reduzindo para um padrão de uso mais comum para a maioria das pessoas, com só algumas horas de redes sociais, mensageiros e algumas fotos, dá para tranquilamente chegar ao final do dia com mais de 40% de carga sobrando.
- Bateria: 4.300 mAh com carregador de 30W e suporte até 15W wireless (Qi)
Na hora de recarregar, é possível usar o carregador de 30W que vem na caixa para levar o aparelho de zero a 100% em aproximadamente 1 hora e 25 minutos, o que é um resultado okay para os padrões atuais. Além disso, uma novidade legal no Zenfone 10 em comparação com o antecessor é que esse aqui tem, sim, suporte a recarga sem fio se você tiver uma base de recarga no padrão Qi.
Vale a pena?
O Zenfone 10 foi lançado oficialmente pela Asus no Brasil com preços começando em R$ 5.999, ou R$ 5.399,10 à vista no Pix. Esse valor se torna outra a desvantagem — mais importante até que as demais — do Zenfone 10 em comparação a um Galaxy S23, por exemplo.
Atualmente, o modelo mais básico do top de linha da Samsung já pode ser encontrado abaixo dos R$ 3.240 à vista no modelo com 128 GB de espaço interno e por menos de R$ 4 mil pelo com 256 GB. Com isso em mente, o valor de lançamento do Zenfone 10 não consegue competir com o do top de linha da Samsung, que oferece opções com mais armazenamento pelo mesmo preço ou menos.
Aí, provavelmente, só escolheria o Zenfone quem realmente tiver algo contra a Samsung, a menos que alguma excelente promoção surja.