Depois de cerca de uma semana testando o novo top de linha da Realme, o GT2 Pro, posso dizer sem dúvidas que ele é uma supermáquina, mas por mais que a minha experiência com ele na maior parte tenha comprovado o que esperava quando olhei as especificações no papel, algumas coisas importantes me deixaram com a sensação de que por algum motivo a Realme lançou esse possante aqui com um pézinho no freio – ou melhor, com um controle de cruzeiro impossível de desativar. Agora que ele está sendo lançado oficialmente no Brasil, aqui está a minha análise completa, então leia até o fim para entender o que me deixou com essa impressão.
- Tela AMOLED LTPO2 excelente
- Desempenho realmente de ponta
- Bateria de boa duração
- Design diferenciado e bonito
- Carregamento rápido de 65W
- Limite de 60 fps nos jogos compatíveis com 120 fps
- Sem proteção contra água
- Sem recarga wireless
- Câmeras boas, mas ligeiramente abaixo da concorrência
Design e extras
O design do Realme GT2 Pro tem algumas coisas diferenciadas, especialmente se você pegar essa edição especial aqui assinada pelo designer japonês Naoto Fukusawa. Nela, além de tanto o celular quanto o case incluso na caixa virem com a assinatura, o principal diferencial é o material da traseira, feita de um biopolímero que reduz a quantidade de plástico no aparelho para quase zero, ou seja, tem a proposta de ser melhor para o ambiente.
Realme GT 2 Pro Paper White com textura imitando papel na traseira
Esse material tem uma textura áspera que, segundo a marca, foi feita para lembrar a sensação de papel, tanto que as duas cores disponíveis nesse modelo chamam Paper Green, para um verde, e Paper White, para esse branco aqui. Pra mim, a sensação parece mais a de uma calça jeans, mas o que importa é que isso impede o aparelho de deslizar na sua mão como o vidro deslizaria e também não pega marcas de dedos. A desvantagem é que, embora eu não tenha ficado com ele tempo o suficiente para ver se isso vai mesmo acontecer ou não, eu aposto que com o tempo essa textura vai pegar uma sujeirinha encrustada, especialmente nessa cor branca. Mais um motivo para usar a capinha inclusa, suponho.
Nos outros pontos do design, temos um corpo todo em metal com acabamentos bonitos, uma entrada USB-C embaixo, o botão de energia no lado direito e a alavanca de volume na esquerda, uma posição que não me agrada muito porque eu tendo a apertar sem querer. Se você tomar cuidado com isso, não vai se rum problema. A tela em vidro reto com proteção Gorilla Glass Victus, bordas pequenas e a câmera frontal em um furo no canto também contribuem para a sensação premium do aparelho.
- Dimensões (A x L x E): 16,32 x 7,47 x 0,82 cm (mais espesso nas câmeras);
- Peso: 189 gramas (edição assinada) ou 199 gramas (edição normal).
Realme GT 2 Pro Paper White dentro do caso incluso na caixa.
Seja como for, esse é um celular grande e pesadinho, mesmo nessa edição especial que é mais leve que a normal, então considere isso se você for do time que prefere aparelhos mais compactos. Em todo caso, pelo menos o leitor de digital é ótico e fica sob o vidro, em uma posição fácil de alcançar mesmo para quem tem mãos pequenas. Nos primeiros dois dias, ele me deixou um pouco frustrado porque quase nunca reconhecia meu dedo de primeira e só debloqueava na segunda tentativa, mas depois disso parece que o celular aprendeu de vez a minha biometria e passou a desbloquear rapidinho e sem problemas.
O áudio é outro ponto legal, já que ele conta com alto-falantes estéreo, um voltado para a frente ali no topo da tela, e outro para baixo. A qualidade sonora é bem boa, o volume é forte e a qualidade sonora se manteve equilibrada e livre de distorções mesmo quando o áudio estava no máximo. Só não tem entrada para fones com cabo aqui, o que infelizmente já é comum no segmento de ponta.
Corpo de metal do Realme GT 2 Pro Paper White.
O que falta para o design desse aqui realmente competir com o de outras máquinas no nível dos top de linhas é o carregamento sem fios e a certificação de resistência a água, que são duas coisas que o Realme GT2 Pro não tem.
Interface
Antes de seguir para outros pontos mais relevantes, vale também mencionar que esse modelo já vem rodando de fábrica o Android 12 com a Realme UI 3.0. Visualmente, esse software é diferente de outras versões tanto nos ícones quanto na organização dos menus, mas que na prática tem uma usabilidade e basicamente todas as mesmas opções de customização e recursos com os quais a gente já está acostumado no sistema do robozinho verde.
- Sistema operacional: Android 12 (Realme UI 3.0).
Uma vantagem desse aqui em comparação com os antecessores é que enquanto nos modelos anteriores a Realme tinha prometido duas atualizações para a versão do Android e três anos de updates de segurança, no GT2 Pro a promessa é de três nova versões da plataforma e quatro anos de novidades de segurança. Lembrando que isso não quer dizer que as atualizações vão chegar logo, então não compre somente com base nessa esperança, mas é bom ter isso em mente de qualquer forma.
Realme UI 3.0 no Realme GT 2 Pro.
Câmeras
Chegando nas câmeras, aqui o Realme GT2 Pro traz algumas coisas diferentes, mas vamos começar falando do básico. Na traseira são três sensores: um principal de 50 MP com estabilização ótica, um ultrawide também de 50 MP com um modo especial para ângulos de 150º e um microscópico de 3 MP para fotos com até 40x de aproximação. Pois é, não é zoom para ver coisas de longe. Se você quiser isso vai ter que usar o zoom digital na lente principal, o que perde qualidade, mas eu já entro em mais detalhes sobre isso.
- Câmeras traseiras: principal de 50 MP com f/1.8, PDAF multidirecional e OIS + ultrawide de 50 MP com f/2.4 e ângulo de até 150º + microscópica de 3 MP com f/3.3 + flash dual-LED e HDR.
Por padrão, as câmeras traseiras fazem ótimas fotos de dia, com bom detalhamento, cores equilibradas e HDR ótimo. A ultrawide perde um pouco de detalhes nos cantos, mas continua entregando fotos diurnas ótimas no modo normal, sem distorções nos cantos. Se você quiser, pode aumentar o nível de detalhamento de ambas as lentes usando o modo 50 MP, que usa a resolução máxima e troca de um HDR um pouco pior, mas entrega bons resultados.
Principal e ultrawide no modo normal durante o dia:
Galeria 2
Principal e ultrawide no modo 50 MP durante o dia:
Galeria 3
De noite, o modo de fotografia automaticamente já ativa uma configuração especial para entregar resultados com uma qualidade até que legal e poucos ruídos nas duas lentes, mas ativando o modo Noite a exposição aumenta mais um pouquinho para imagens um pouco mais claras. Ou seja, até aqui tudo legal.
Principal e ultrawide de noite em modos diferentes:
Galeria 4
O conjunto de lentes do Realme GT2 Pro também vem cheio de funções diferenciadas, que a gente não vê em muitos celulares aqui no Brasil pelo menos. A primeira é a função microscópio, que usa a lente dedicada para tirar fotos extremamente perto de objetos. Não serve como zoom ótico e nem como macro porque você precisa praticamente encostar no objeto para conseguir focar, e o celular vai usar seu flash duplo para garantir que não fique tudo escuro por isso. Acertando a distância do foco e a iluminação, até dá para tirar umas fotos legais da textura do que você quiser, mas não é algo que eu imagino que você vá usar o tempo todo.
Modo microscópio (+ foto normal do objeto):
Galeria 5
Esse, aliás, é meio que o lema da maioria dos recursos extras de câmera desse celular. Legal, mas você vai usar pouco. Outro exemplo é o modo de 150º da câmera ultrawide, que usa o máximo da abertura da lente para fazer e abraça mesmo a estética com bordas distorcidas, contanto até com um modo olho de peixe para quem quiser um efeito extra. De noite as imagens ficam mais escuras nesse modo, mas ainda têm boa qualidade. É legal se você for fã dessa estética.
Modo 150º e olho de peixe:
Galeria 6
O modo Foto 3D, que permite transformar uma foto em um vídeo curto com um de 4 efeitos que brincam com a profundidade da sua imagem. Tem o zoom dramático dos filmes do Hitchcock, um efeito giratório, outro que balança para os lados e outro que faz um movimento diagonal se afastando. Às vezes o resultado dos efeitos sai legal, à vezes parece que o celular só tá sacudindo uma foto parada e às vezes, se a cor do seu objeto central for parecida com algo no fundo, ele pode dar uns erros esquisitos.
Foto 3D Hitchcock:
Realme GT 2 Pro Foto 3D Hitchcock
Foto 3D Redemoinho:
Foto 3D Redemoinho Realme GT 2 Pro
Foto 3D Tango:
Foto 3D Tango Realme GT 2 Pro
Foto 3D Arco (com falha):
Foto 3D Arco Realme Gt 2 Pro
Na câmera frontal temos um sensor de 32 MP que consegue fazer fotos ótimas de dia com iluminação favorável, e ainda ok se a luz estiver contra você. A mesma coisa para o modo retrato, aliás. De noite, as fotos normais ainda são ok, mas você vai ver ruídos, especialmente se ampliar as imagens. O modo noturno reduz um pouco os ruídos, mas não muito, e o flash reduz um pouco mais, mas deixa sua cor menos natural e o fundo mais escuro. Nada espetacular, mas também já vi bem piores. Né, Motorola Edge 30 Pro?
- Câmera de selfie: 32 MP e f/2.4.
Galeria 1
Na traseira, é possível usar a câmera principal para filmar em até 8K a 24 quadros por segundo ou 4K a 60 fps, e a estabilização ótica garante um resultado bem legal nessas duas qualidades. É possível ainda ativar uma função de realce de IA para teoricamente melhorar cores, mas eu não recomendo porque não só isso limita a gravação a 1080p a 30 fps, mas também piora a estabilização. Também dá para gravar em 4K a 30 quadros por segundo com a ultrawide e o resultado até que fica legal em lugares claros, mas pode balançar um pouco mais e no escuro o vídeo não sai legal. A frontal filma em Full HD a 30 fps independentemente de você ativar ou não a estabilização digital, então eu recomendo deixar ligado porque ajuda um pouco sim.
- Vídeo:
o Principal: 8k@24fps, 4k@60fps e 1080p@30fps com reforço de IA;
o Ultrawide: 4k@30fps;
o Frontal: 1080p@30fps.
Tela
No papel e na utilização comum, a tela do Realme GT2 Pro é excelente, exceto por um asterisco bem específico. O painel é um AMOLED de 6,7 polegadas com resolução Quad HD e pico de brilho de 1.400 nits. Só isso já garante imagem com ótima qualidade, tons de preto profundos, cores vivas e brilho mais que o suficiente para enxergar tudo sem problemas mesmo sob sol forte. Além disso, o painel usa a tecnologia LTPO 2 para permitir variar automaticamente de um máximo de 120 Hz, o que garante ótima fluidez dos movimentos durante a navegação, até um mínimo de 1 Hz quando você estiver lendo um documento estático, por exemplo, o que ajuda a economizar bastante a bateria.
- Tela: AMOLED LTPO2 de 6,7” (20:9) com resolução WQHD+ (3216x1440 pixels), densidade de 411 ppp, taxa de atualização de 120 Hz e pico de brilho de 1.400 nits
Realme GT 2 Pro tela
E foi exatamente isso tudo que eu vivi na prática, exceto na hora dos jogos, que são o asterisco que eu mencionei. Mesmo em games compatíveis com até mais do que 120 Hz, o Realme GT2 Pro limita a taxa de quadros a 60 fps por algum motivo misterioso. E eu só consigo imaginar que isso seja por alguma limitação de software, porque hardware ele com certeza tem de sobra.
Desempenho
O processador do Realme GT2 Pro é o Snapdragon 8 Gen 1, o melhor da Qualcomm disponível hoje. O celular tem versões com 8 GB de RAM LPDDR5 e 128 GB de armazenamento UFS 3.1, mas esse modelo aqui é o mais completo, com 12 GB de RAM e 256 de espaço interno. E é possível usar de 3 até 7 GB espaço livre no armazenamento como RAM extra, para melhorar o desempenho, a bandeja tem espaço para dois chips de operadora, mas não para um cartão microSD. Ah, e o celular é compatível com redes 5G também, quando estiverem disponíveis.
- CPU: octa-core Qualcomm Snapdragon 8 Gen 1 (1x 3 GHz + 3x 2,5 GHz + 4x1,8 GHz)
- GPU: Adreno 730
- RAM: 8 ou 12 GB LPDDR5
- Armazenamento: 128 ou 256 GB USF 3.1
Com tudo isso, desempenho realmente não falta. Eu não tive nem sinal de travamento ou engasgos durante meu uso normal, nem quando passei bastante tempo jogando games pesados na qualidade máxima. A Realme também ampliou o sistema de resfriamento do GT2 Pro em comparação com o modelo anterior, o que não impediu que ele esquentasse um pouco na utilização mais intensa, mas ele não esquentou ao ponto de perder desempenho ou se tornar incômodo de segurar.
Realme GT 2 Pro jogos em 60fps
Mesmo assim, isso não permitiu passar dos 60 fps nos games que permitiriam usar os 120 Hz. E olha que eu tentei ativar a configuração máxima na barra de jogos e até liguei o Modo GT nas configurações, o que permitiria extrair o máximo de desempenho na teoria, mas na prática não mudou nada e não removeu a limitação. Eu só consigo imaginar que ou a Realme notou problemas graves de aquecimento ao liberar os 120 fps em games, ou então falta a marca mexer em alguma configuração específica para corrigir isso. Pode ser que essa limitação seja removida com alguma atualização futura, mas enquanto não rolar não dá para contar com isso, o que é bem triste. O desempenho está todo aqui, brilhando na utilização cotidiana, mas por mais que esse não seja um smartphone gamer, o esperado seria poder usar tudo o que ele oferece para isso também.
Bateria
Indo para a bateria, temos aqui outro ponto em que a Realme brilhou. Junto com o controle extra da tela, as reservas de 5.000 mAh permitem tranquilamente mais de um dia de uso em um padrão moderado, com redes sociais, mensageiros à vontade e até algumas fotos em vídeos. Jogando online e nas configurações máximas, é sim possível acabar com a energia dele no fim do dia, mas mesmo nesse caso o meu uso passou das 7 horas de tela ligada, o que é excelente.
- Bateria: 5.000 mAh com carregador de 65W
Bateria Realme GT 2 Pro
Para adoçar ainda mais o pote, a Realme colocou na caixa um carregador de 65W, que permite levar o aparelho de zero a 100% em menos de 40 minutos. Eu não fiquei com o aparelho tempo o suficiente para verificar se essa velocidade toda de recarga faz a bateria perder capacidade mais rápido, mas considerando que a empresa já está até trabalhando em carregadores de 150W para smartphones futuros, eu tendo a confiar que eles tiveram bons resultados em controlar esse nível de recarga aqui.
Vale a pena?
O Realme GT2 Pro está chegando oficialmente ao Brasil agora, então o preço dele por aqui não foi revelado até o momento da gravação deste review, mas já deve estar disponível no site do TecMundo quando o vídeo for para o ar. Aí, se você estiver pensando se vale ou não a pena comprar um, eu recomendo dar uma olhada por lá para decidir se o valor faz sentido levando tudo o que eu disse aqui em consideração.
Seja como for, para mim é claro que esse aparelho aqui tem muito potencial, especialmente se a Realme ficar esperta e fizer as atualizações necessárias para tirar o pé do freio da tela. Com isso, o que teríamos seria um aparelho com desempenho, tela e bateria excelentes, câmeras boas em geral e design diferenciado. Se a marca surpreender com um preço realmente competitivo frente aos rivais disponíveis por aqui, então, aí eu só não recomendaria o Realme GT2 Pro para quem fizer questão absoluta de câmeras um pouco melhores, resistência a água e carregamento sem fios.
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Mas essa, é claro, é só a minha opinião, então vamos conversar sobre o que você achou do Realme GT2 Pro nos comentários abaixo.
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