Se no Brasil, a arma mais usada pelos manifestantes quando as coisas fogem do controle é a pedra portuguesa, no exterior, o laser tomou lugar nos últimos protestos que têm sacudido tanto a capital do Chile quanto a distante ex-colônia inglesa de Hong Kong, saindo da ficção científica para a realidade das ruas.
Nas duas cidades, os dois lados se armam com lasers para tentar incapacitar o adversário. E não somente ele. Em Hong Kong, a polícia tem usado lasers para cegar câmeras de cinegrafistas e de jornalistas enquanto dispersa as hordas de estudantes com balas de borracha, jatos de água e gás lacrimogêneo.
Por sua vez, manifestantes usam canetas laser para cegar tanto as câmeras usadas pelas autoridades para identificar quem participa dos protestos como os próprios policiais. A estratégia não é nova: tem sido usada desde o início dos protestos, há três meses.
Galeria 1
Assim como em Hong Kong, os manifestantes em Santiago do Chile usam laser para cegar policiais e desorientar drones de vigilância que avaliam, do alto, a extensão coberta pelas manifestações.
Eficiente e inofensivo
Fotos de pessoas com os olhos iluminados por lasers chocam, mas não há perigo: os feixes produzidos são de baixa potência. Nas ruas e à longa distância, a luz do feixe perde força à medida que avança.
“Cada caneta laser emite cerca de 5miliWatt por uma ponta de 5mm de diâmetro. Para um raio ser mortal, ele teria que ter 1kW de energia. Seriam necessárias 200 mil canetas montadas em um semicírculo com um raio de 1,6 m, apontadas para uma única lente, que concentraria os feixes em um só. Esse raio mortal, para matar, teria que atingir a vítima no olho, pedindo a ela que não se movesse enquanto isso acontecesse", explicou a física Rebecca Thompson, da American Physical Society, ao site Gizmodo.