A moral e os bons costumes apareceram com força na CES 2019: a organização do evento retirou, um mês depois de ter dado, uma premiação de inovação concedida aos desenvolvedores de um brinquedo erótico que usa microrrobótica para estimular o prazer em mulheres.
Estamos falando do massageador Osé, criado por uma empresa chamada Lora DiCarlo e que promete imitar, por meio de robótica, os movimentos de um parceiro humano e dar orgasmos intensos às suas usuárias.
Sessões de pornografia assistida por meio de óculos de realidade virtual também são comuns na CES, inclusive com homens consumindo esse tipo de conteúdo em público na feira
Ele foi agraciado pela organização da CES com um prêmio de inovação na categoria de robótica, mas aparentemente os responsáveis pelo evento se arrependeram e, um mês depois, notificaram a Lora DiCarlo que além de terem perdido a honraria, não poderiam exibir o massageador no evento.
Pela moral e os bons costumes!
Para justificar o cancelamento do prêmio dado, a organização da CES, chamada COnsumer Technology Association (CTA), citou uma das regras da competição que diz: “As inscrições consideradas pelo CTA a seu exclusivo critério como sendo imorais, obscenas, indecentes, profanas ou que não estejam de acordo com a imagem do CTA serão desqualificadas”.
Em uma outra justificativa, dada para a publicação The Next Web, a CTA disse: “O produto não se encaixa em nenhuma das nossas categorias de produtos existentes e não deveria ter sido aceito para o Programa de Prêmios de Inovação. A CTA comunicou esta posição a Lora DiCarlo. Pedimos desculpas à empresa pelo nosso erro”.
Moralismo ou machismo?
O problema, no entanto, vai muito além de uma posição conservadora e infantil por parte da CTA: essa não seria a primeira vez que um brinquedo erótico tecnológico ganharia um prêmio desse, inclusive na mesma categoria, algo que aconteceu no ano de 2016.
Por que a CES se sente ameaçada por mulheres empoderadas e pelos produtos que as empoderam?
No ano passado, uma empresa exibiu na CES uma galeria de arte que mostrava o orgasmo de pessoas atingido por meio de um vibrado, algo absolutamente similar ao massageador que teve seu prêmio cancelado. Isso deixa bem claro o fato de que a CTA já aceitou normalmente produtos eróticos em seus eventos.
Sessões de pornografia assistida por meio de óculos de realidade virtual também são comuns na CES, inclusive com homens consumindo esse tipo de conteúdo em público na feira. Isso levou Lora Haddock, CEO da Lora DiCarlo, a acusar a organização do evento de boicotar dispositivos sexuais que tenham como público alvo as mulheres, questionando: “Por que a CES se sente ameaçada por mulheres empoderadas e pelos produtos que as empoderam?”.
A CTA não respondeu às acusações de machismo por parte da CEO.
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