Nunca existiu uma oferta muito grande de cadáveres para estudo em universidades. Após um processo de espera, corpos não reconhecidos são encaminhados para esse fim, mas a facilidade de comunicação atual diminui bastante a frequência dessas situações. Isso, aliado ao pequeno número de doações e a questões éticas e religiosas, fez com que eles ficassem cada vez mais raros.
Agora, através do uso de scanners 3D, pesquisadores estão criando cadáveres virtuais com o objetivo de tentar resolver esse problema. O projeto está sendo desenvolvido na Universidade de Montpellier, na França, liderado pelo cirurgião e professor Guillaume Captier. Ele espera que o modelo sirva como uma forma de apresentar conhecimentos básicos, uma vez que pode ser manuseado livremente sem o risco de danos. Posteriormente, os alunos teriam contato com um corpo real, para fixar o que já conheceram nos figurinos.
Na primeira etapa, a equipe criou dois protótipos de regiões específicas, um da nuca e outro da pelve. Para a elaboração de cada um deles, foi necessário escanear oito camadas individuais cuidadosamente e depois juntar os dados obtidos.
Cada área precisou de um dia inteiro para ser digitalizada, pois algumas membranas não eram reconhecidas pelo aparelho. Benjamin Moreno, que trabalha na IMA Solutions, empresa responsável pelo scanner, disse que “essa dificuldade existe porque essas membranas e até a própria carne são translúcidas no corpo dissecado. Por isso, no futuro procuraremos formas de facilitar o processo”.
Os dados ainda passaram por uma revisão, feita por Captier e Moreno, para corrigir pequenas imperfeições, fazendo com que o modelo ficasse o mais fiel possível. As próximas áreas escaneadas serão mãos e coxas; o plano é possuir cinco regiões prontas para utilização dos alunos até o fim de 2018.
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