Em uma conferência de hardware realizada neste mês, Intel anunciou seus planos para acabar com os últimos remanescentes do BIOS no mundo dos PCs até 2020. O jurássico sistema de entrada e saída — desenvolvido pela IBM nos primórdios da computação pessoal — será então completamente substituído pelo UEFI.
O BIOS (Basic Input/Output System) é um pequeno sistema que opera diretamente a partir da placa-mãe de computadores e foi criado para lidar com funções básicas dessas máquinas, tais como checar a integridade do hardware interno e dos periféricos e, em seguida, inicializar o sistema operacional.
O BIOS também era responsável por fazer a ponte de comunicação entre o SO e alguns periféricos como o teclado, mas essa função foi tirada das mãos desse sistema tão logo o computador pessoal começou a se popularizar, na década de 1990. O BIOS na verdade era muito lento para lidar com coisas mais avançadas que um teclado ou mouse moderno, e os SOs começaram a fazer essa ponte diretamente com o hardware através de drivers específicos.
Nascimento do UEFI
No começo dos anos 2000, enquanto a Intel desenvolvia seus chips Itanium IA64, a empresa percebeu que a BIOS não era mais adequada nem mesmo para fazer a inicialização do sistema operacional ou a checagem do hardware. Em vez de a companhia usar outros firmwares mais modernos que já existiam na época, resolveu desenvolver o EFI (Extensible Firmware Interface) para os novos chips. Essa família de processadores foi um verdadeiro fracasso, mas o EFI sobreviveu.
Possam continuar incrementando seu hardware e permanecer rodando o Windows XP
Isso porque ele era retrocompatível com software e hardware desenvolvidos para interagirem com o BIOS e, dessa forma, até hoje, alguns resquícios desse firmware jurássicos estão em processadores, placas-mãe e todo tipo de hardware e periférico desenvolvido para PCs. Nenhum desses produtos precisa mais do BIOS para qualquer coisa, mas eles mantêm essa “porta aberta” para que usuários de sistemas operacionais antiquados (anteriores ao Windows Vista SP1) possam continuar incrementando seu hardware e permanecerem rodando o Windows XP, por exemplo.
Atualmente, o firmware EFI se chama UEFI e consegue lidar — com muito mais rapidez e segurança — com as antigas funções do BIOS. Contudo, novos computadores ainda chegam ao consumidor com o sistema de retrocompatibilidade, o Compatibility Support Module (CSM), mas ele vem desativado. Isso acaba impedindo que você use hardware antigo em novas máquinas ou instale sistemas muito velhos sem antes fazer a ativação do recurso durante a inicialização do UEFI.
O CSM pode ser explorado por vírus que atacam a inicialização do sistema
Essa função vem desativada em notebooks e PCs de mesa comprados prontos por requerimento da Microsoft, já que o CSM pode ser explorado por vírus que atacam a inicialização do sistema ou mesmo hackers que sabem como driblar esse processo manualmente. O que a Intel quer fazer é eliminar completamente o suporte ao CSM em seus processadores até 2020 e, dessa forma, as fabricantes de placas-mãe e de PCs também terão que acabar com esse resquício do BIOS em seus produtos.
Isso vai facilitar o trabalho da Intel com novos chips, que não precisarão contar com complicados sistemas de retrocompatibilidade embutidos de fábrica. Contudo, isso vai essencialmente impedir que você use sistemas operacionais mais antigos que o Windows Vista SP1 64-bit em um futuro computador. Novas placas-mãe desenvolvidos para os próximos chips da Intel também impedirão esse tipo de uso, bem como futuras placas de vídeo e outros equipamentos.
Transição
Mas isso não quer dizer que o hardware dos últimos anos vai deixar de funcionar em novas máquinas. Todo tipo de equipamento produzido recentemente é compatível com o firmware UEFI e também com a BIOS. Por isso, eles ainda farão parte dos dois mundos por um bom tempo. Só os mais novos, feitos depois de 2020 é que terão limitações.
Por conta disso, até que o hardware UEFI sem compatibilidade com a BIOS domine o mercado, é possível que se passem anos, e os usuários do Windows XP podem desaparecer quase que completamente até lá, eliminando assim o problema gerado nessa época de transição. Depois de algum tempo, computadores novos só poderão rodar essa clássica versão do SO em máquinas virtuais.
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