A economia compartilhada é baseada na divisão de recursos, mas para alguns, o acesso a esses recursos pode ser mais complicado do que para outros.
Uma pesquisa conduzida pela consultoria Rutgers apontou que hóspedes com deficiência são rejeitados mais vezes pelos anfitriões que anunciam quartos e imóveis no Airbnb.
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O estudo avaliou mais de 3,8 mil reservas ao redor dos Estados Unidos, durante seis meses
O índice médio de pré-aprovação para pessoas sem deficiência fica em torno dos 74,5% na plataforma. Para quem tem lesões na medula espinhal, o mesmo indicador cai para 24,8%. O número varia de acordo com o tipo de deficiência do hóspede: para pessoas com deficiência visual, fica em 49,7%; com paralisia cerebral, em 43,3%; nanismo, 60,9%.
Parte da explicação, segundo os pesquisadores, pode ser o fato de que alguns anfitriões fazem perguntas antes de pré-aprovar o hóspede, como o tipo de cômodo e estrutura necessária para recebe-lo. Mas os especialistas afirmam que isso não explica tudo.
A maior diferença aparece quando outro indicador é analisado, o número de rejeições. Pessoas sem deficiência são rejeitadas no Airbnb apenas 16,8% das vezes. Já os hóspedes com qualquer uma das quatro deficiências analisadas (visual, nanismo, paralisia cerebral, lesões na medula espinhal) são rejeitadas no mínimo 20,1%, para pessoas com nanismo, e 59,8% para quem tem lesões na medula espinhal.
O estudo avaliou mais de 3,8 mil reservas ao redor dos Estados Unidos, durante seis meses. Quando estava na metade, o Airbnb anunciou novas políticas contra discriminação, as quais os usuários deveriam aceitar para continuar utilizando a plataforma. Os pesquisadores afirmam que, mesmo assim, a variação dos resultados foi insignificante.
Discriminação de qualquer tipo na plataforma do Airbnb, incluindo em questões relacionadas à mobilidade é abominável
Em resposta ao The New York Times, que publicou a pesquisa em seu site nesta quinta-feira (1), a empresa afirmou que a maior parte das reservas são feitas por meio de uma ferramenta chamada Instant Book, que não exige a aprovação dos anfitriões. A empresa ainda declarou que “discriminação de qualquer tipo na plataforma do Airbnb, incluindo em questões relacionadas à mobilidade é abominável, é uma violação da nossa política antidiscriminação e resultará na remoção permanente [do usuário] da nossa plataforma.”
O comentário é forte, mas não significa tanto se o Airbnb não consegue de fato verificar onde a discriminação acontece em sua plataforma. A empresa começou a disponibilizar ferramentas mais detalhadas que permitem os anfitriões indicar melhor a acessibilidade dos imóveis.
Em 2015, um outro estudo apontava que os hóspedes negros passavam por uma situação parecida na plataforma. Pessoas com nomes associados culturalmente à comunidade afroamericana eram rejeitados pelos anfitriões 42% das vezes.
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