AmpliarLista mostra empresas "participantes" (Fonte da imagem: Reprodução/The Washington Post)
Achava que o pior que o governo dos EUA podia fazer contra a privacidade dos americanos era ter acesso total às ligações de seus cidadãos? Pois tudo indica que a situação é ainda mais complicada do que imaginávamos.
Isso porque o The Washington Post liberou uma matéria revelando a existência de um programa secreto chamado PRISM. Este teria a função de forçar empresas como Apple, Facebook, Google, Dropbox, Yahoo!, AOL e Microsoft a cederem todo e qualquer dado obtido através de seus serviços para o governo americano.
Não é preciso dizer que em pouco tempo a notícia já gerou muita confusão. O maior problema disso tudo é que, como não há nada concreto, teorias e especulações de todo o tipo estão explodindo pela internet: uns dizem que um projeto assim é surreal demais para ser verdadeiro, outros afirmam que o PRISM realmente existe. Já alguns especialistas dizem que o programa é real, mas que não obriga as empresas a participarem.
Inocentes ou culpados?
É claro que, diante de uma acusação tão grave, não demorou muito para que diversas empresas supostamente envolvidas no acontecimento viessem a público para comentar sobre o assunto.
Segundo o The Verge, que obteve respostas de várias empresas acusadas, todas se resumem a dizer que consideram a privacidade extremamente importante e que eles jamais entregariam seus dados dessa maneira para o governo.
AmpliarGráfico mostra datas de adição de cada serviço (Fonte da imagem: Reprodução/The Washington Post)
O problema é que, por serem respostas tão parecidas, muitos estão vendo esses comentários com descrença. “As respostas das companhias de tecnologia são incomuns por não dizerem ‘não podemos comentar’. Eles estão projetados para dar a impressão de que eles não estão participando disso”, disse Kurt Opsahl, advogado da Electronic Frontier Foundation, em entrevista ao Ars Technica.
Se as empresas estiverem mesmo envolvidas, tudo indica que elas não estão fazendo isso de bom grado. O VentureBeat afirma que a Google, por exemplo, tentou resistir à ordem com uma petição feita em março de 2013; o FBI, no entanto, ignorou-a por completo e tomou os dados de qualquer maneira.
Ninguém está seguro
Outro dos pontos que está gerando grande controvérsia são os países dos quais o governo americano está tomando tais informações. Em um primeiro momento, os dados obtidos seriam apenas do público dos EUA; algumas pessoas, porém, dizem que os norte-americanos são os únicos livres do PRISM.
Seja qual for o “alvo” atual, a simples existência do PRISM seria uma ideia medonha para a liberdade na internet. Afinal, mesmo que o programa se limite a apenas um país, quem disse que ele não pode se estender para todo o resto? Tudo o que podemos fazer é torcer que esse projeto não exista de verdade.
ATUALIZADO
Pouco depois do vazamento do PRISM, o presidente Obama veio a público, durante um discurso sobre a reforma de saúde em San Jose, dizer o que todos temiam. “Cada um dos membros do Congresso foi informado deste programa”, declarou, confirmando a existência do programa antes secreto, de acordo com o The Verge.
Felizmente para os norte-americanos (e infelizmente para nós), Obama explicou que o alvo do PRISM não é o público dos EUA: “Com respeito à internet e emails, isso não se aplica aos cidadãos dos EUA e não se aplica às pessoas vivendo nos Estados Unidos”.
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