Um estudo realizado pelo professor Alessandro Acquisti, da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, mostra que novas tecnologias de reconhecimento apontam para um futuro em que as pessoas terão menos privacidade. Segundo o autor, a partir de uma fotografia tirada por um smartphone, será possível obter dados privados como interesses pessoais, preferência sexual e situação de crédito de praticamente qualquer pessoa.
O professor irá realizar uma apresentação sobre o tema na próxima quinta-feira (4 de agosto) durante a conferência de segurança Black Hat, em Las Vegas. A técnica descrita pelo pesquisador consiste em ligar o rosto de pessoas aleatórias a imagens em bancos de dados que contém informações adicionais sobre elas. A partir disso, são obtidas informações confidenciais como o número de Seguro Social da pessoa (espécie de CPF norte-americano).
Para demonstrar a tecnologia, Acquisti pretende usar somente um smartphone equipado com um software de reconhecimento facial. A intenção do professor é provar que já existe uma estrutura de vigilância digital capaz de descobrir informações pessoais a partir de fotos, algo que deve ser aprimorado conforme ocorrem avanços no campo da tecnologia de informação.
Experimentos que comprovam a tese
O professor admite que os métodos de identificação atuais estão longe de serem perfeitos, mas prevê que em breve as massas terão acesso a tecnologias que devem diminuir em muito a privacidade dos indivíduos. Acquisti usa como base uma pesquisa feita usando imagens do Facebook relacionadas a um site de namoros que escondia as informações pessoais dos usuários.
Para realizar o processo, foi escolhido o programa de reconhecimento facial PittPatt. Após o software realizar as combinações, as verdadeiras pessoas olharam as imagens encontradas para determinar a precisão do processo, considerando apenas a melhor sugestão dada para cada fotografia.
O software foi capaz de identificar 1 a cada 10 membros do site de namoro, resultado considerado muito bom pelo time de pesquisadores. Segundo a equipe responsável, o número de acertos seria ainda maior caso fossem consideradas a segunda e terceira melhores sugestões fornecidas pelo aplicativo.
Privacidade escassa
Em uma experiência subsequente, estudantes universitários foram fotografados de forma aleatória enquanto respondiam a um questionário. Ao passo que as informações eram preenchidas, a imagem capturada era comparada a informações de diversos bancos de dados, na esperança de encontrar informações pessoais sobre eles. Após verificar as informações obtidas, os estudantes confirmaram que elas estavam certas em mais de 30% dos casos.
No último experimento realizado por Acquisti, foram selecionados perfis do Facebook que tiveram seus interesses e atividades avaliadas pelo professor. A partir disso, foram previstos os primeiros cinco dígitos dos números de Seguro Social.
O último passo foi o desenvolvimento um algoritmo que prevê tais números baseado no local e data de nascimento de cada pessoa. Segundo o professor, é possível descobrir facilmente os dígitos restantes, processo que pode exigir que o teste seja refeito até 100 vezes.
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