Nunca a frase “Isso é tão Black Mirror!” fez tanto sentido quanto no anúncio de um novo aplicativo para dispositivos iOS chamado Facezam. Isso porque, como o próprio nome do software indica, ele busca inspiração nos recursos do popular Shazam – um programa capaz de identificar músicas com eficiência e velocidade assustadoras – para aplicá-los à rede social de Mark Zuckerberg. Como uma espécie de pesadelo para qualquer pessoa preocupada com a sua privacidade, esse novo produto promete ser o “Shazam dos rostos” e identificar rapidamente qualquer estranho na rua.
A ideia aqui é igualmente simples e tenebrosa: tire a foto de qualquer desconhecido e deixe que o app encontre o perfil do indivíduo no Facebook automaticamente. Na descrição original do site da empresa, o exemplo era ainda mais pesado e fazia graça com o já conhecido assédio que as mulheres sofrem diariamente, principalmente no transporte público. “Sabe aquela linda garota que você vê todos os dias no trem? Faça um clique dela, use o Facezam e é possível encontrá-la em questão de segundos. O resto é com você”, dizia o minitutorial de stalking.
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Software voltado para o mal?
A privacidade não vai mais existir no ambiente público
Jack Kenyon, o suposto criador da ferramenta, chegou a dar uma entrevista ao The Telegraph dizendo que isso significa o fim das sociedades anônimas e que “a privacidade não vai mais existir no ambiente público”. Partindo do princípio de que o executivo afirma que o app tem uma taxa de acerto na casa dos 70% e que consegue avaliar bilhões de fotos na rede social por segundo, fica difícil não concordar pelo menos em partes com as visões de Kenyon, certo?
Felizmente, não vai ser preciso xingar muito no Twitter, fazer postagens de “eu não autorizo”no seu Facebook ou ameaçar processar a Apple e sua App Store para impedir que um software como esse veja a luz do dia. Afinal, tudo não passou de um hoax – uma notícia ou um produto falso – feito por uma agência de marketing viral exatamente como forma de alertar para os perigos da perda de privacidade com as novas tecnologias. “O app nunca existiu e nunca será lançado. Aplicativos de identificação facial como esse não existem no Ocidente. Esperamos que isso continue a ser assim”, diz o site após a revelação.
O acervo de fotos do Facebook seria a matéria-prima do app, caso ele fosse real
E aí, você se sentiria bem caso um aplicativo como esse estivesse realmente disponível no mercado, ao alcance de qualquer pessoa? Deixe a sua opinião sobre o assunto mais abaixo, na seção de comentários, e diga o que você faria para tentar enganar o software.
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