A nova edição do quadro do TecMundo sobre a história da tecnologia vai mudar um pouco o foco: em vez de falarmos das grandes empresas nascidas nos EUA, Japão ou Coreia do Sul, vamos valorizar uma marca nacional.
É a Positivo, que tenta brigar com gigantes do mercado mundial pela preferência dos brasileiros em PCs e dispositivos móveis. Embora receba algumas críticas por parte dos consumidores, a marca está bem presente há alguns anos na indústria e não para de expandir. A seguir, conheça a trajetória dela até os dias de hoje.
A origem na educação
Tudo começa no Paraná em 1972, ainda fora da área de tecnologia. A Positivo nasce como um curso pré-vestibular e uma gráfica, a Posigraf. A primeira logo é bem psicodélica e apareceu já nesse ano. Ela veio da ideia de um professor de Biologia, que aprovou com um sinal de positivo com a mão a criação do curso.
Ao longo dos anos, ela expande para os Ensinos Médio e Fundamental, além de lançar um sistema de ensino com apostilas e uma faculdade em Curitiba.
Entrando nos computadores
A tecnologia só entra na história em 1989, com a fundação da Positivo Informática. A ideia foi de Hélio Bruck Rotenberg, que é o atual presidente do grupo. Nessa época, o mercado brasileiro tinha poucas importações e a produção nacional dava sinais de que não ia suportar a demanda crescente por computadores.
O início foi no curso de Informática das Faculdades Positivo, que começa a montar computadores para o mercado educacional, começando pelas escolas do grupo e passando para parcerias em todo o Brasil.
No ano seguinte, ela percebe que é possível alçar voos mais altos e parte para o mercado corporativo. E não é só no hardware, não! Em 1994, nasce a divisão de Tecnologia Educacional, que começa a criar softwares educacionais para as escolas.
E-Blocks
Os serviços, como os Portais e as Mesas Educacionais E-Blocks para o ensino de inglês, estão presentes hoje em mais de 10,8 mil instituições de ensino brasileiras e já foram exportadas para mais de 40 países. E pouca gente sabe: desde o fim de 2003, a empresa ganha a licença para editar, distribuir e comercializar o famoso Dicionário Aurélio, inclusive por meios digitais.
O mercado consumidor
Mas o maior salto nesse período vem em 2004. Nesse ano, ela começa a vender PCs para o varejo, para o consumidor. Como ela já se dava bem no setor nacional com empresas e escolas, já dava para prever o que viria por aí. Em nove meses, ela vira a maior fabricante de PCs do país.
Em 2006, a Positivo Informática abre o capital na Bovespa. Nessa época, ela se torna a maior fabricante de computadores e a líder em tecnologia educacional do Brasil. Ela consegue atingir a marca de 1 milhão de computadores produzidos.
Em 2009, dando sequência aos projetos de verticalização, tem início a fabricação de placas-mãe para notebooks e de placas de memória para desktops. Em dezembro, a companhia adquire a marca de computadores Kennex, que veio a complementar sua já bem-sucedida estratégia de venda no varejo.
Em 2011, a empresa volta a integrar os setores de educação e tecnologia. Em uma parceria com o Estado de São Paulo, ela disponibiliza 51 videoaulas de revisão para o Enem e vestibulares, quando isso ainda não era tão popular no universo online.
A Positivo então resolve fazer parcerias ainda mais abrangentes. A união que mais gerou frutos com a BGH para fabricar e vender desktops, notebooks e tablets na Argentina e depois também no Chile e no Uruguai. Essa expansão internacional aumentou em 2014, com a produção e venda de computadores no continente africano, para Ruanda e Quênia.
No mundo mobile
Ainda em 2014, a Positivo Informática começa a vender aparelhos celulares no mercado. A seguir, destacamos então alguns modelos de smartphones, tablets e outros aparelhos da empresa:
O Tablet de estreia é o Ypy. Em tupi, o nome significa "primeiro". Ele veio nos modelos de 7 e 9,7 polegadas e foi lançado a partir de 999 reais quando saiu, em 2011. Ele chegou a ganhar até uma segunda geração e uma versão pra crianças, o Ypy Kids.
O tablet Ypy
Esse modelo tinha um Android personalizado com jogos, músicas, apps e redes sociais pré-instalados. Essa foi uma das críticas que a empresa sempre recebeu, porque essas skins normalmente acompanham bastante propaganda da própria marca e softwares em excesso de difícil instalação.
A primeira leva de smartphones tem o Ypy S350, que custava menos de 500 reais, e o Ypy S400, com tela de 4 polegadas e chip dual-core 1 GHz. A série foi bastante atualizada ao longo dos anos.
Ypy S400
Entraram no mercado também os Messaging Phones P200, P201, P100 e P101. Eles tinham teclado físico, acesso a redes sociais, TV e rádio FM, tudo só com uma conexão 2G.
Positivo P100
Dá para citar rapidamente ainda o modelo Twist Mini, que é de entrada, o Quattro X435, primeiro com 4G da empresa, e o Selfie S455 — que, como o nome já diz, tem boa câmera frontal.
Positivo Twist Mini
E não podemos deixar de lado o Positivo Alfa, primeiro leitor de livros digitais fabricados no Brasil. Ele foi lançado em 2010.
Em 2015, saem alguns modelos bem interessantes. Dá para destacar o Octa X800, o primeiro octa-core brasileiro, e o P30, primeiro featurephone com 3G do Brasil.
Octa X800
Por fim, claro que precisamos citar ainda a Quantum, empresa criada por ex-funcionários e com foco nos smartphones.
Ela é chamada de uma unidade de negócios da Positivo e traz aparelhos que chamaram bastante a atenção do mercado, começando pelo elogiado Quantum GO e depois passando para as linhas MÜV e FLY.
Desktops e notebooks tradicionais
A empresa também já expandiu para ultrabooks. Em 2012, por exemplo, saíram os Positivo Ultra série X8000, com Windows 7 e boas configurações. Ela ainda foi a primeira a lançar um app na Windows Store brasileira, o feed de conteúdo Mundo Positivo Notícias. Ele saiu em julho de 2012.
Positivo Ultra X8000
Em 2011, saiu o Positivo Master U800, um tudo em um para ser usado como espaço de trabalho. Desktops e notebooks saíram aos montes, vários deles das linhas Ultra, Union, Stilo e Premium de PCs. Já o primeiro notebook híbrido foi o Positivo Duo ZK3010, de 2014, que podia virar um tablet de 10,1 polegadas.
Positivo Duo ZK3010
E olha como o ano de 2015 foi cheio de novidades. Ela começa a produzir e comercializar os notebooks da VAIO no Brasil e em países da América Latina. A marca também adquiriu a Hi Technologies, uma startup brasileira do setor médico que produz sensores e outros aparelhos de monitoramento de saúde.
Novos rumos
E a última mudança foi agora em abril de 2017, quando a divisão Positivo Informática passa a se chamar Positivo Tecnologia. Nada mais justo, já que hoje ela lida com muita coisa além de PCs.
Hoje em dia, a Positivo Tecnologia tem produtos comercializados em mais de 8,8 mil pontos de venda nacionalmente e emprega cerca de 4,3 mil pessoas. Em 2016, ela fechou o ano com 15,3% do total de computadores vendidos no mercado brasileiro, de acordo com a IDC.
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O hardware da Positivo normalmente não é top de linha e é preciso entender isso. Muita gente que está acostumada a comprar produtos de alto desempenho de marcas mundiais acaba tendo preconceito com a empresa, às vezes só por ela ser brasileira. De qualquer forma, é um cenário benéfico ver uma empresa daqui tentando competir com as grandes.
Se você quer ver a história de algum produto, de alguma empresa ou de algum serviço contada no canal do TecMundo, é só deixar a sugestão nos comentários. Confira as outras trajetórias que já contamos neste quadro:
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