A corrida eleitoral de 1989 para presidente da República, primeira pós-Ditadura Militar (1964-1985), ficou bastante famosa devido à edição de um debate promovido pela Rede Globo. Há quem diga que foi essa edição, feita pela emissora e exibida em seu Jornal Nacional, que decidiu a eleição daquele ano para Fernando Collor de Melo, que concorria com Luís Inácio Lula da Silva.
Passados 21 anos após o pleito histórico, temos hoje uma nova realidade quando se fala em campanha eleitoral e talvez os debates televisionados tenham menos peso agora do que antigamente. Depois da eleição de Barack Obama nos Estados Unidos, um novo mercado de marketing político se abriu completamente para políticos e seu exército de marqueteiros e publicitários: a internet.
Em 3 de outubro de 2010 teremos mais uma eleição para presidente e até lá a internet terá papel crucial para candidatos e eleitores. Twitter, blogs, Orkut e Facebook são ferramentas da chamada era 2.0 da web e já são usadas massiçamente pelos candidatos. Saiba um pouco mais do papel da internet nessas eleições.
Eleições 2.0 no Brasil
Cada candidato se mobiliza na web. Uns há mais tempo e com mais desenvoltura, outros ainda engatinham nesse novo espaço de luta política-partidária. Contudo, navegando por suas páginas o usuário tem acesso às principais propostas, pode comparar históricos e também se decidir entre um e outro.
Essa é a primeira vez que temos uma “Eleição 2.0” no Brasil e o uso da internet já era previsto para esse pleito. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já incluiu a propaganda na internet na hora de definir o que seria permitido ou não no período que antecede a campanha eleitoral.
O Twitter é a nova sensação da web e quase todos os candidatos (sete dos nove) possui conta no microblog. Se antes as manifestações de apoio de eleitores e famosos eram feitas de modo discreto, com envio de cartas e emails, hoje basta citar o presidenciável em um tweet para que ele veja.
Os candidatos também usam e abusam da ferramenta e das vantagens de que dispõem. Frases de efeito, anúncio de agenda e eventos e a boa e velha politicagem que há tempos é traço marcante das disputas eleitorais no Brasil.
Serviços como o Twitter aproximam, de certa forma, os eleitores de seus candidatos. Isso porque muitas vezes o presidenciável dispõe de alguns minutos de sua agenda para responder a mensagens enviadas por eleitores-seguidores. As trocas de farpas e acusações também aparecem com frequência.
De todas as ferramentas da web empregadas para propaganda política, o Twitter talvez seja a mais direta. O candidato está ali e comenta questões que fogem da vida política, deixam transparecer alguns gostos e características.
Tomara que agora, quando já foi dado o pontapé inicial para as campanhas políticas de 2010, o Twitter não se torne apenas plataforma de divulgação e solicitação de votos, mas continue sendo uma forma de debate e interação entre sociedade e políticos para que assim os eleitores possam conhecer ainda mais em quem vão e não vão votar.
Os Twitters dos presidenciáveis:
- Dilma Rousseff (PT) - @DilmaBR
- José Maria Eymael (PSDC) - @Eymael
- José Serra (PSDB) - @JoseSerra_
- Levy Fidelix (PRTB) - @LevyFidelix
- Marina Silva (PV) - @Silva_Marina
- Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) - @PliniodeArruda
- Zé Maria de Almeida (PSTU) - @ZeMaria_PSTU
Obs.: não foram encontrados perfis oficiais no Twitter dos candidatos Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Pimenta (PCO).
O Facebook é outra ferramenta já usada por políticos e que deve ter papel crucial nas eleições de outubro. Apesar de não ser a rede preferida dos brasileiros, o serviço é cada vez mais popular por aqui, inclusive entre a classe política. Pelo menos seis dos nove candidatos possuem perfil ou página oficial no site de relacionamentos.
A ideia de Web 2.0 se aplica perfeitamente às eleições também no Facebook. Comentar postagens dos candidatos, ver fotos e vídeos de campanha, seguir suas atualizações, curtir páginas, indicar para amigos e tudo mais que o site permite aos seus usuários.
O Facebook ainda tem um “incremento” em relação ao Twitter, pois permite o debate em forma de comentários, reunindo tudo em um único lugar. Outra “vantagem” é a não limitação de 140 caracteres, o que permite um discurso mais amplo, porém, sem se tornar uma “bíblia”. Um meio termo entre o Twitter e os blogs tradicionais.
Facebook oficial dos presidenciáveis (clique para acessar):
- Dilma Rousseff (PT)
- José Maria Emayel (PSDC)
- José Serra (PSDB)
- Levy Fidelix (PRTB)
- Marina Silva (PV)
- Plínio de Arruda Sampaio (PSOL)
Obs.: Não foram encontrados perfis oficiais no Facebook dos candidatos Ivan Pinheiro (PCB), Rui Pimenta (PCO) e Zé Maria de Almeida (PSTU).
Blogs e sites
Os blogs já são ferramentas tradicionais na web e cada vez mais os sites de campanha integram ferramentas assim. Notícias, vídeos, fotos, programas políticos, promessas de campanha, histórico do candidato, quem apoia e muito mais informações podem ser encontradas em sites e blogs dos candidatos.
Alguns, porém, não possuem sites próprios e usam apenas a página oficial do partido ao qual são filiados. De qualquer forma, é mais um espaço na web para se conhecer um pouco mais de cada político, de cada partido, de cada proposta. A interação entre candidato e eleitor nessas ferramentas é a menor de todas.
Presidenciáveis na web:
- Dilma Rousseff (PT) - www.dilmanaweb.com.br
- Ivan Pinheiro (PCB) - www.pcb.org.br
- José Maria Eymael (PSDC) - www.psdcbrasil.org.br
- José Serra (PSDB) – http://joseserra.psdb.org.br
- Levy Fidélix (PRTB) – http://levyfidelix.blogspot.com
- Marina Silva (PV) - www.minhamarina.org.br
- Rui Pimenta (PCO) - www.pco.org.br/ruicostapimenta
- Zé Maria de Almeira (PSTU) - www.pstu.org.br
- Plínio de Arruda Sampaio ( PSOL) - http://pliniopresidente.com
Debate online
Uma ação inédita na história eleitoral brasileira será levada a cabo pelos portais Terra, iG, MSN e Yahoo!. Haverá um debate online entre os três principais candidatos à presidência da República (Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva), organizado única e exclusivamente para a web, com transmissão ao vivo e possibilidade de interação dos eleitores-espectadores via Twitter.
O formato do debate ainda não foi definido, mas já está programado para o dia 31 de agosto na cidade de São Paulo. Para detalhes da organização e mais informações, o evento possui site (www.debateonline2010.com.br) e Twitter (@debateonlinebr) oficiais.
O caso Obama
Durante as eleições presidenciais de 2008 nos Estados Unidos, o candidato Barack Obama “inaugurou” essa era de “políticos 2.0” ao usar de forma massiva ferramentas como Twitter e Facebook para interagir com eleitores, dizer diretamente ao povo estadunidense quais seriam os próximos passos da campanha e receber indicações das necessidades e dos anseios da população.
Com a ajuda da participação intensa de Obama na internet, os marqueteiros da campanha eleitoral conseguiram garantir no públicoa imagem de um jovem disposto a ouvir a população, a dar novos rumos para um país com a economia em ruínas. O resultado foi a eleição do primeiro presidente negro da história dos EUA.
Cuidado com o que lê
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas algumas coisas não podem ser deixadas de lado. Ao ter contato com material postado por políticos na web é preciso ter bastante cuidado. Nem tudo que se lê ou se vê é verdadeiro. Consciência crítica e disposição para procurar fontes alternativas de notícias não farão mal a ninguém, muito pelo contrário. Informe-se, conscientize-se e ajude a melhorar o Brasil.