Entrevista com Anonymous: o que eles querem, fazem e o que são OPs?

16 min de leitura
Imagem de: Entrevista com Anonymous: o que eles querem, fazem e o que são OPs?

Você provavelmente não estava dormindo durante a última década, então já deve ter ouvido falar sobre a Anonymous. Legião originária de 2003, o conceito da Anonymous é horizontal: sem lideranças, os "anônimos" se organizam simultaneamente por meio de comunidades online e funcionam como um cérebro global, como uma unidade.

Hoje, a legião atua em diversas frentes: lutas contra a censura na internet, combate a todas as formas de centralização de poder e verticalização, exposição de dados de empresas ou pessoas que causaram algum malefício a sociedade etc. Tudo isso pode ser enquadrado no hacktivismo.

É interessante notar que outra frente também existe: a do "Lulz". Ou seja, a zoeira que existe na invasão de sites com o simples propósito de deixar uma marca e expor o alvo ao ridículo — fazendo um paralelo, como um muro pichado.

Agora que você já sabe parte das frentes em que o grupo Anonymous atua, pode estar se perguntando: "E quem são eles?". A resposta entregue pela legião é simples: são estudantes, analistas de TI, médicos, professores, jornalistas, escritores, químicos, engenheiros, políticos, arquitetos, atores, designers, dentistas etc. São crianças, adolescentes, adultos e idosos. Ou seja, Anonymous é qualquer pessoa que acredita na ideia da defesa das liberdades individuais e coletivas por meio da consciência. É uma ideia.

É improvável que consigamos assistir a essa transformação, mas cada passo nosso é importante para aqueles que vierem posteriormente

Chris Landers, do Baltimore City Paper, talvez tenha definido de maneira clara quem são eles: "O Anonymous é a primeira superconsciência com base na internet. É um grupo, no mesmo sentido que um bando de pássaros é um grupo. Como você sabe que eles são um grupo? Porque estão viajando na mesma direção. A qualquer momento, mais pássaros podem entrar, sair e voar para uma direção completamente diferente".

O TecMundo conversou com três pessoas que atuam ativamente na legião. Você vai encontrar as respostas entregues pelo Anonymous ao longo do texto. Além disso, vai saber o que eles querem e quais são os resultados alcançados com as OPs — operações de ataque.

Quem são eles e o que querem

TecMundo: no que vocês acreditam?

Anonymous: Nós, Anonymous, acreditamos que a hiperdemocracia (democracia participativa levada ao extremo) é o meio pela qual a humanidade chegará a um ponto de igualdade e horizontalidade para que possam optar de maneira livre em que sistema querem viver, ou planejar novos sistemas que atendam às suas necessidades. É uma ideia muito aproximada da anarquia, pois também combate todas as formas de centralização de poder e verticalização, seja através da força econômica do mercado ou da força política do estado. Como toda utopia, se trata da construção de novo meio onde a ideia passa a caber

TM: Vai demorar muito para tudo isso acontecer?

Anon: É improvável que consigamos assistir a essa transformação, mas cada passo nosso é importante para aqueles que vierem posteriormente. Nossa principal luta prática dentro desse processo é pela democracia direta, onde o povo e não "seu representante eleito" passa a ter em suas mãos o poder de tomar as decisões (autogestão popular). Para isso se faz necessário um trabalho de base junto à população, mostrando as opressões da sociedade, as relações de poder que afetam principalmente pobres e as chamadas minorias. O que nos difere de outros movimentos de ideologia aproximada é que buscamos emancipar pessoas, ou seja, não somos dirigentes, não somos nós quem determinamos as pautas. Nós queremos que as pessoas recuperem suas autonomias e façam elas mesmas suas próprias lutas.

TM: Atualmente, como vocês pensam que a população enxerga o trabalho do Anonymous?

Anon: Hoje, a percepção da ideia é completamente distorcida no Brasil. Mas isso se deve à forma como algumas grandes células à "venderam". Não podemos responsabilizar as pessoas quando muitos dos nossos fizeram um trabalho bastante ruim. A falta de formação política aliada à arrogância de alguns indivíduos os fez estar mais preocupados com alcance e visibilidade do que com conteúdo, de modo que levantaram grandes mídias Anonymous com grandes comunidades virtuais interagindo com elas, mas uma qualidade de informação e formação muito baixa. O resultado é que Anonymous passou a ser associado a uma "liderança oculta". Como se fôssemos mais sábios que a maioria e estivéssemos escondidos apontando diretrizes.

Durante a entrevista, a Anonymous nos deu como exemplo algo que ocorre na resposta acima. No Facebook, a maior página que carrega o nome da legião, a AnonymousBrasil, possui quase 1,5 milhão de seguidores — que, infelizmente, não tem a noção de que essa página não representa o ideal.

O problema disso é que ela não tem qualquer relação com as ideias da Anonymous, segundo os entrevistados. Pior: a página é aliada de movimentos políticos verticalizados com alvos e intenções bem definidas. Segundo os entrevistados, "é uma ironia a maior página do Facebook com o nome do Anonymous, não tenha nenhuma relação com a ideologia do grupo".

Na galeria abaixo, você vê algumas imagens mostrando a relação da AnonymousBrasil com o Movimento Brasil Livre, que tem como líder Kim Patroca Kataguri, de 19 anos. Então, fica a pergunta: por que carregar um nome sem qualquer relação com as atitudes realizadas e, ainda, fazer um desserviço ao confundir o público com ideias que não são as levantadas pela Anonymous?

TecMundo: e sobre a maior página do Facebook que usa o nome de vocês?

Anon: Isso é o oposto do que somos! Para agravar, a ausência de clareza do que significa liberdade de expressão levou a muitos jovens a ideia de que significa ‘fale o que quiser sem ser punido por isso’, de modo que as comunidades virtuais abertas da Anonymous estão repletas de gente defendendo militarismo, machismo, homofobia, racismo, violência policial e atacando os direitos humanos, em um fluxo completamente contrário a uma ideia libertária.

Outra grande dificuldade é que atualmente a grande mídia tem forçado um dualismo ideológico no país, em que você deve ser governista ou oposição, como se esses blocos fossem hegemônicos. Então toda vez que nos opomos ao governo, vão pensar que somos ‘tucanoscoxinhas’, e na mesma medida quando dizemos que o governo acertou ou denunciamos a oposição, somos "petralhas". Não é fácil trabalhar nesse cenário, mas o compromisso que assumimos é justamente o de destruir a cultura de controle das grades mídias, então é preciso ter paciência e insistência”, comentaram os entrevistados sobre a situação mostrada logo acima.

Operações Anonymous

Recentemente, a Anonymous voltou a figurar na mídia após os ataques terroristas feitos pelo Estado Islâmico (EI ou ISIS) na França — para saber mais detalhes sobre isso, clique aqui. Os participantes da legião resolveram eliminar o EI da internet por meio da #OPIsis. Milhares de contas no Twitter e sites relacionados aos jihadistas foram derrubados. Além desta operação, várias outras já aconteceram para defender liberdades individuais e coletivas, como: Primavera Árabe, DarkNet, SaveGaza, KKK, Occupy Wall Street e protestos anti-SOPA (lei que aumentaria a censura na internet). No Brasil, a Revolta do Vinagre, que aconteceu em junho de 2013, também contou com um apoio massivo do grupo.

Contudo, muitas pessoas — e a própria mídia — ficaram se perguntando o quanto isso realmente ajudava "no mundo real". É interessante notar que a utilização de “mundo real” busca desconectar a internet de nossas vidas, algo que já é intrínseco em nossa sociedade. Alguns especialistas chegaram a comentar que isso atrapalhava o trabalho das autoridades. Por isso, também conversamos com a Anonymous sobre o assunto.

TecMundo: qual os motivos e razões das OPs? Quem inicia as operações?

Anonymous: não existe um procedimento padrão para iniciar uma operação. Mas há características comuns a todas elas. A operação surge de uma demanda. Alguém identifica uma injustiça ou um fator que contradiz seriamente os valores Anonymous (em geral algum tipo de violação de liberdade, abuso de poder, pessoas com necessidades urgentes) e então pode "chamar" uma operação.

No fim, faz mais diferença quem promove a OP (e como faz isso) do que quem a inicia, porque para ter sucesso ela precisa de alcance e apelo, como qualquer campanha. Há operações, no entanto, que exigem discrição. Essas terão metodologias mais específicas.

TM: e sobre as ações que não impactam no “mundo real”? Como vocês enxergam isso?

Anon: Derrubar contas no Twitter realmente não combate o ISIS, por exemplo, e nem o processo que sustenta a criação de grupos como este pelo mundo. Para esses casos, o fundamental seria compreender esse processo, todas as intervenções imperialistas no mundo, o que elas causam com o tempo, a violência dessas intervenções e o que isso resulta a longo prazo.

Ainda, devemos estar preparados para dar voz às vítimas que a grande mídia ignora nos países do Oriente Médio, Ásia e África. Toda aquela região é cheia de conflitos e rica em grupos de resistência antiterrorismo, grupos libertários, frentes feministas e grupos laicos. O mais importante nesse processo é garantir autonomia a esses povos e despertar o senso crítico do ocidente sobre essas questões — olhar também para o próprio umbigo e a para o terrorismo institucional que financiamos direta ou indiretamente.

TM: e sobre a alcunha “mundo real”?

Anon: É preciso entender que não existe um "mundo real". O fato de a internet ser informação organizada não a tira da realidade. Hoje mais que ontem, amanhã mais que hoje. É aqui que as pessoas estudam, trabalham e formam as próprias opiniões. É um meio de comunicação que só cresce, e justamente por isso é usado para propaganda, proselitismo, manipulação e controle de massas. Por isso a resistência deve estar ali também. Se o mundo virtual não afetasse o mundo real, as pessoas não usariam senhas para seus perfis, suas contas de banco, seus serviços contratados. Aquilo é uma extensão de suas vidas.

Para a polícia, nós somos terroristas. E a polícia está aí a serviço do Estado e seus donos, não das pessoas

Pessoas podem ser presas por informações conseguidas em um ataque a um banco de dados. Pedófilos podem ser encontrados a partir dos rastros que deixam na rede. Nós podemos ser considerados terroristas por planejarmos ações que violem os interesses do estado. Quem ainda não entendeu que as ações na internet afetam o "mundo real", está vivendo décadas atrás de seu tempo. De qualquer forma, acreditamos que o maior impacto seja o despertar. A maior parte dessas tecnologias é apresentada como lazer e tem o objetivo de alienar. Mas podemos subverter esses meios e usá-los a nosso favor, contra o sistema que nos escraviza.

TM: existe uma colaboração com as autoridades?

Anon: Não temos como objetivo ser uma instituição ou qualquer tipo de acessório a uma instituição. Dessa forma, a colaboração com a polícia não está exatamente entre nossos métodos padrão. Porém, dependendo de onde uma operação pretende chegar, ela pode sim levar informações a polícia para que alguém seja preso — isso é mais comum nas operações contra a pedofilia.

Mas veja, essa atitude não é enxergada por nós como colaboração à polícia, e sim como intervenção contra um objeto. Se amanhã conseguíssemos material para prender um político, por exemplo, é muito provável que isso seria exposto. Não porque a polícia merece a informação, sim porque ele merece a prisão.

TM: e como vocês enxergam as autoridades?

Anon: Não cremos na idoneidade de órgãos de repressão. Para a polícia, nós somos terroristas. E a polícia está aí a serviço do estado e seus donos, não das pessoas. Portanto, esse é um casamento que nunca vai acontecer. É a polícia que se infiltra em nossos espaços buscando traçar perfis para intimidar pessoas ou prendê-las. Isso porque elas ameaçam a estrutura de poder que eles são pagos para proteger. E é preciso entender que não se trata de "os bons e maus policiais". Para nós, isso é irrelevante. Estamos falando de instituições, não de indivíduos. E o poder institucional é uma pedra no caminho de qualquer povo que busque a liberdade.

TM: qual OP ainda precisa ser trabalhada?

Anon: Muitas. Diariamente nos deparamos com injustiças, com abusos de poder e com a corrupção do sistema. Muitas vezes é preciso elencar prioridades de acordo com o regime de urgência de cada assunto. O Marco Civil da Internet, por exemplo, impõe restrições à liberdade e a neutralidade da internet. Entretanto, ele não é prioridade da próxima OP. Por quê? Porque temos algo ainda pior vindo aí: a Lei de Terrorismo (PL 2016/15) que o governo quer aprovar a todo custo ainda esse ano. Uma OP contra essa lei tem muito mais urgência porque ela poderá criminalizar toda e qualquer manifestação e protesto político, seja "no mundo real" ou feito via internet.

Um dos exemplos dentro do projeto é o artigo que dá ao DdoS, que é um simples ato de sobrecarregar um servidor, uma punição totalmente desproporcional com, no mínimo, 16 anos de prisão. Além disso, cabe lembrar que, quanto ao DdoS, existe precedente internacional de legalidade enquanto manifestação legítima. E vazamento de informações de interesse público, terrorismo? A parte em que fala sobre coagir autoridades, o que seria isso? O Legislativo e o Executivo não funcionam na base da pressão popular.

A hora do ataque

Ops, DDoS, defaces, exposeds e doxings. Nomes e siglas que são comuns para os Anonymous, mas podem ser estranhos para você. Tudo isso diz respeito ao modus operandi da legião. Ou seja, como e quais ferramentas eles utilizam para atacar um alvo.

O mais conhecido e utilizado é o ataque de negação de serviço, ou DoS. Ele é utilizado para desativar sistemas e deixá-los inutilizáveis — como derrubar o servidor de um site e ele ficar fora do ar. Também existe o DDoS, que é basicamente a mesma coisa, mas utiliza um computador mestre para comandar outros PCs.

É válido notar que o ataque de negação de serviço não é uma invasão: é uma invalidação por sobrecarga. É como se milhões de pessoas tentassem entrar no mesmo lugar ao mesmo tempo e, por falta de acesso, esse “lugar” para de funcionar. Assim, o DDoS vai consumidor todos os recursos de um servidor ou obstruir a comunicação entre os utilizadores.

Exemplificando, no caso de sites, a Anonymous comenta que é como se “milhares de pessoas estivessem apertando o botão ‘Atualizar’ incessantemente.

TecMundo: e quais outras ferramentas ou tipos de ataques que vocês fazem?

Anonymous: existem também os "defaces", quando processos em que sites são invadidos e a página principal é substituída por outra, em geral com uma mensagem de protesto, escárnio ou ambas. O “deface” é bastante utilizado para expor injustiças e para dar voz a problemas que não encontram espaço na mídia tradicional por causa dos interesses que a mantém. Existem os "exposeds", ou "doxing", processos em que informações sigilosas sobre pessoas físicas ou jurídicas são compiladas e expostas ao público.

Como exemplo, a Anonymous citou o caso do Capitão Bruno, do Batalhão de Choque da PM do Distrito Federal. Durante as revoltas populares em 2013, o policial havia jogado gás lacrimogêneo em manifestantes pacíficos que pretendiam chegar ao Congresso Nacional após o desfile de sete de setembro. Quando questionado da razão de tal agressão, o capitão respondeu sorrindo: “Porque eu quis. Pode ir lá denunciar”.

De acordo com os participantes, células da Anonymous utilizaram de “exposeds” para tornar público todos os dados de Bruno. Como resultado, após a liberação de todas as informações na internet, “ele teve que mudar de batalhão, trocar o telefone e até mudar de casa”. Os entrevistados comentaram que Bruno também tentou identificar os responsáveis pela exposição, mas não teve sucesso.

Outros casos, principalmente internacionais, podem ser conferidos em vídeos no YouTube ou até no documentário “We Are Legion: The Story of the Hacktivists”.

Hacktivismo

Tudo isso que você conheceu até agora sobre a Anonymous também faz parte de algo chamado Hacktivismo. Segundo a definição da palavra, hack + ativismo, é o ato de escrever um código fonte, ou manipular bits, para entregar uma ideologia política. Em ideologia política, podemos entender desde a liberdade de expressão, os direitos humanos até a informação ética.

Talvez, a informação ética seja um dos principais pontos levantados pelo hacktivismo. Segundo a Anonymous, a mídia pode deturpar informações e não trazer as elucubrações necessárias ao leitor.

Um dos pontos citados foi a PEC 37, uma proposta de Emenda Constitucional (37/2011) que, se fosse aprovada, proibiria as investigações citadas pelo Ministério Público. Por causa das Jornadas de Junho de 2013, protestos massivos que não aconteciam no Brasil há muito tempo, a PEC foi rejeitada e tratada como “antidemocrática”. Contudo, a queda da PEC 37 gerou uma bola de neve:

Um dos criadores do Reddit, do sistema RSS e ativista, o jovem foi perseguido por empresas e advogados por muito tempo. Tanto, que acabou cometendo suicídio em janeiro de 2013

“Ela é algo dogmático e que ninguém questionou. Hoje, nós sabemos que, nessa época, a Procuradoria Geral da República (PGR) teve ressalvas quanto aos softwares espiões da Hacking Team por causa da PEC, por exemplo. Com a queda, a PGR pode elaborar contratos para a aquisição desse tipo de software, que pode ser usado para perseguir os próprios Anonymous”, comentaram os entrevistados.

O software em questão, desenvolvido pela empresa Hacking Team, serve como uma ferramenta de vigilância — podendo ser utilizada em smartphones, tablets, computadores para pegar informações pessoais e de uso. Porém, isso é papo para outra matéria que você vai conferir em breve aqui no TecMundo.

Aaron Swartz

Aaron Swartz talvez seja um dos maiores ícones do Hacktivismo. Um dos criadores do Reddit, do sistema RSS e ativista, o jovem foi perseguido por empresas e advogados por muito tempo. Tanto, que acabou cometendo suicídio em janeiro de 2013, enquanto passava por longa batalha judicial. O “crime” de Swartz foi distribuir gratuitamente conteúdo e informação científica de empresas que possuíam direitos autorais sobre as obras.

Se você ficou interessado, o filme “O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz” detalha como foi a vida e a guerra do norte-americano — e o filme está no Netflix.

Como entrar na Anonymous?

Depois de conhecer um pouco mais sobre a legião, pode ser que você queira fazer parte de alguma célula ou ajudar o grupo. Então, a seguinte pergunta vai surgir: “como eu entro na Anonymous?”.

Como citamos anteriormente, Anonymous é qualquer pessoa que acredita na ideia da defesa das liberdades individuais e coletivas. Por ser uma ideia, se você pensa assim, você já está inserido no “bando de pássaros”.

Agora, sobre participar ativamente, os próprios entrevistados podem responder:

Anonymous: O caminho mais curto é procurar um grupo, entrar em contato com ele e dizer como você pode ajudar. Mas nem todo mundo encontra esse grupo, então qualquer pessoa pode formar um novo. O importante é que sejam relações horizontais e colaborativas. Por exemplo: um escreve bem e faz o roteiro, o outro é bom em edição e faz um vídeo, o outro tem contatos em mídias alternativas e faz a divulgação. De modo geral é assim que trabalhamos para tudo.

TecMundo: que tipo de pessoa pode formar uma célula ou entrar em algum grupo?

Anon: Nós precisamos de pessoas que façam bem um trabalho, de forma ética, e que ensinem às pessoas interessadas. A nossa maior demanda atualmente é a livre aprendizagem, já que os sistemas de ensino estão falidos e as escolas são pequenas prisões do pensamento. Agora, quem já se sentir mais "preparado", pode buscar uma operação em andamento e buscar contatos para ajudar (e elas variam de ataques virtuais a servidores até entrega de alimentos para pessoas com necessidades) em redes sociais, por exemplo. Costumamos usar hashtags específicas, então é interessante ficar ligado. A melhor forma de ajudar é praticar a ideia em seu cotidiano e ser o exemplo prático dela, dar força a quem está próximo e estabelecer novas redes de solidariedade.

Ao final da entrevista, a Anonymous também comentou que não faz “trabalhos pagos”, caso essa dúvida exista:

“É bom lembrar que não somos prestadores de serviço. Queremos criar uma cultura de independência e emancipação, em oposição ao paternalismo do estado, dos partidos e de outras estruturas verticais. Queremos que as pessoas sejam livres. Inclusive, que sejam livres para questionar os próprios posicionamentos do Anonymous”.

O que você acha do trabalho da Anonymous na internet? Comente no Fórum do TecMundo

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.