A música sempre acompanhou o homem e com o advento de aparelhos portáteis de reprodução de áudio esta assertiva passou a ser ainda mais válida (literalmente). Porém, a tecnologia também agiu nesse sentido e em relativamente pouco tempo vários equipamentos surgiram e foram superados por formatos mais avançados.
Walkman, Discman, MD Player, iPod. Quatro equipamentos diferentes, suportando mídias diferentes, de tamanhos diferentes e com qualidade de áudio variada. Aqui se encontram quatro épocas praticamente distintas da tecnologia de reprodução portátil de áudio, com suas peculiaridades.
O Baixaki inicia uma nova série em nosso site, na qual pretendemos fazer algumas comparações bizarras entre tecnologias que se por um lado tem tudo a ver, por outro não são nada semelhantes.
Das tecnologias citadas é o mais antigo. É o avô de toda essa galera, pois foi o primeiro aparelho de reprodução portátil de som e deu o pontapé inicial nesse lance de ouvir música em qualquer lugar, com o fone no ouvido, sem incomodar ninguém. Criado pela Sony, sua gênese remonta ao ano de 1979 no Japão, quando Nobutoshi Kihara desenvolveu um equipamento para Akio Morita, fundador e presidente da Sony, ouvir ópera enquanto trabalhava.
Neste mesmo ano a produção em série do produto se inicia e mesmo com os receios por parte dos diretores da empresa ele vai para as prateleiras e se torna um verdadeiro sucesso. Em seus dois primeiros anos de mercado o produto vende cerca de 1,5 milhão de aparelhos. Num walkman você poderia sintonizar estações de rádio AM e FM e, é claro, ouvir fitas cassetes.
Seu sucesso foi tamanho que outras grandes fabricantes vieram na esteira e lançaram equipamentos com as mesmas funções, aumentando a concorrência. É o caso da Panasonic, da Toshiba e da AIWA (isso sem contar as inúmeras de fabricantes não tão conhecidas que embarcaram na onda de sucesso do Walkman da Sony).
Em 1984 a Sony lançava no mercado o Walkman CD, chamado oficialmente de Discman durante muito tempo. Era a “segunda geração” de tocadores portáteis e alcançou sucesso semelhante ao de seu “antecessor”. Na verdade o Walkman só não foi superado por motivos econômicos, afinal um Discman era um artigo caro, com o preço próximo a muitos aparelhos de som domésticos.
Inovador, o Discman foi o primeiro portátil leitor de CDs, mídias que durante algum tempo foram top de linha quando o assunto era qualidade digital de áudio. Assim como o Walkman, este equipamento foi “copiado” por várias outras fabricantes e ganhou novas versões, também com rádios AM e FM, suporte a CD-R e CD-RW com conteúdo em MP3, sistema antichoque (para evitar “pulos” do disco enquanto o aparelho era movido) e tudo mais.
Além do preço, outro fator que levou o Discman a ter seu sucesso freado foi o grande consumo de pilhas. Se você já teve ou conhece alguém que possuía um desses, deve saber bem do que estamos falando: para ouvir um disco de 1 hora, consumia-se pelo menos um par de pilhas. Contudo, com o advento de pilhas recarregáveis este problema foi amenizado.
Mais uma vez a Sony sai na frente e lança um novo equipamento portátil para a reprodução de música, é o Walkman MiniDisc ou MD Player. Apesar de ser enquadrado como portátil, a primeira versão deste aparelho, o MZ-1, de 1992, não era nada compacto.
Ele usava como mídia um MiniDisc, pequenos discos regraváveis cujas dimensões eram de 68×72×5 mm (milímetros), porém era bem grande e parecia mais uma secretária eletrônica. A partir de seu segundo modelo, o MZ-R2, o aparelho realmente se tornou compacto e suas dimensões ultrapassavam em pouca coisa as dimensões do próprio MD.
O aparelhou ganhou reformulações, como o NetMD, lançado em 2002, que permitia a conexão com um PC através de entrada USB, para converter músicas de CDs ou MP3 para o formato do MD e então transferi-las para o equipamento. Este equipamento era alimentado por uma bateria de lítio capaz de suportar até 24h de reprodução ininterrupta.
O Walkman MD evoluiu ainda uma vez mais, agora para o Hi-MD, com discos cujo armazenamento chegava a 1 GB. Este equipamento permitia transferências nos dois sentidos (tanto do disco para o PC quanto do PC para o disco), a gravação e transferência de dados sem perda de qualidade e suportava o formato MP3. Era o MD Player alcançando de vez a era digital.
O iPod foi lançado em 2001 pela Apple e, apesar de não ter sido o primeiro reprodutor de MP3, com certeza foi (e é) o mais conhecido no mundo todo. Desde o seu lançamento até o ano passado, suas várias versões e gerações já venderam mais de 206 milhões de exemplares ao redor do mundo.
O aparelho possui vários modelos: iPod Classic, iPod Mini, iPod Shuffle, iPod Nano e iPod Touch. Desde seu lançamento, todas as versões do aparelho ganharam novas gerações, tendo modificada sua capacidade de armazenamento ou então adicionadas algumas funcionalidades. Os aparelhos utilizam baterias (atualmente todos usam baterias de lítio-íon), ou seja, são carregados na tomada, como um telefone celular, acabando com o problema de consumo excessivo com pilhas.
Várias características chama a atenção nos iPods: grande capacidade de armazenamento (que pode chegar até 120 GB com o iPod Classic); touch screen e acesso à internet (iPod Touch, cujo formato é exatamente igual ao do iPhone); reprodução de áudio, vídeo e imagens; dimensões minúsculas combinadas com grandes capacidades (4 GB da terceira geração do iPod Shuffle); enfim, qualidades é o que não faltam nesse pequeno, porém valente equipamento.
No iPod Touch, além de ouvir músicas, assistir a filmes e ver fotos, ainda é possível acessar a internet através de uma rede sem fio e também utilizar milhares de aplicativos disponíveis para iPhone, como jogos, GPS, agenda e tudo mais. Todos os aparelhos, além de reprodutores de mídia, servem também como armazenadores de dados e arquivos.
1 - Valores aproximados
2 - Reprodução de áudio
3 - Reprodução de vídeo
Imagine a seguinte situação: você vai fazer uma viagem um tanto longa e para se distrair no trajeto, gostaria de ouvir música. Se você tivesse um Walkman, teria que carregar aquele aparelho relativamente grande, um fone de ouvido também não tão pequeno e várias, várias fitas cassete. Lembrando que as fitas possuem lado A e lado B, ou seja, quando um termina, você precisa abrir o aparelho, virar a fita e continuar ouvindo.
Além disso, há um outro inconveniente: a sua música preferia é a quarta deste lado da fita e para chegar até ela você precisa avançar pressionando o botão específico para isso. Não há como saber exatamente onde está a música, então você pressiona stop, play e verifica se a música que você quer ouvir já chegou. Ela já passou, então você rebobina a fita um bocado, até encontrar o que deseja. Se tudo ocorrer bem, sua fita não será “engolida” pelo aparelho, causando algum dano e a perda do cassete.
Com o Discman (ou mesmo o MD), as coisas não são tão diferentes. Com esse início da música digital, você já tinha uma qualidade maior de reprodução de áudio, apesar do tamanho do aparelho continuar quase o mesmo. Além disso, para ouvir três discos diferentes você teria que carregá-los todos com você.
Com o avanço da tecnologia e os discmans suportando discos com MP3, a coisa melhorava um pouco, pois você já poderia carregar consigo umas 250 ou 300 músicas gravadas num único CD, mas com alguns inconvenientes: não poderia trocar de músicas do disco de maneiras simples e sempre que quisesse coisas novas teria que “desperdiçar” uma mídia.
O MD era regravável e trazia algumas vantagens em relação ao Discman, como a possibilidade de você selecionar sua lista de reprodução, mesmo que isso demandasse mais trabalho do que simplesmente arrastar músicas para uma pasta como acontece com o iPod (e também os outros “MP3 players”).
O NetMD melhorou ainda mais, pois já permitia o uso do computador para converter e transferir músicas diretamente para o aparelho. Já o Hi-MD avançou ainda mais, com suporte a MP3 e armazenamento de até 1 GB, quase tão simples e eficiente quanto um iPod.
Fora isso tudo, de ter que carregar várias fitas, CDs e MDs junto contigo para ter uma variedade grande de canções para ouvir, havia ainda o inconveniente das pilhas! Numa época em que não existiam nem baterias de lítio e nem pilhas recarregáveis, isso era uma verdadeira tortura, afinal o máximo que se conseguia eram pilhas alcalinas que duravam um pouco mais que as convencionais. Assim se conseguia algumas horas de música durante sua semana, mas não dava pra sair sem pilhas, pois elas poderiam acabar e você ficar no silêncio.
Enquanto isso, com o iPod você se livra de diversos inconvenientes típicos das outras tecnologias. Começando com sua super capacidade de armazenamento, que chega aos impressionantes 120 GB do iPod Classic (já que a versão de 160 GB saiu de linha), onde você pode armazenar até 30.000 músicas, 150 horas de vídeo ou 25.000 fotos (ou um pouco de cada). Além disso, o fato de quase todos os aparelhos iPod serem multimídias também deixa seus antecessores no chinelo, pois tirando a versão Shuffle, em todas as outras é possível escolher se você quer vídeo ou áudio.
É claro que não se pode deixar de falar que o iPod não utiliza nem fitas, nem CDs, nem DVDs, nem MDs... nada! Utilizando o software iTunes, você apenas transfere os arquivos do computador para o dispositivo, processo este que leva no máximo alguns minutos (dependendo da quantidade e do tamanho dos arquivos transferidos).
Na questão da energia, o iPod também não faz seus usuários terem saudades do passado (aliás, muitos deles nunca tiveram uma fita cassete em mãos!).
Aqui, as pilhas foram dispensadas e você recarrega as potentes baterias de lítio diretamente do computador, através do cabo USB, ou então na tomada. Muito mais praticidade e economia para qualquer um!
Enfim, depois dessa primeira comparação bizarra, pelo menos uma coisa ficou clara: comparar Walkman, Discman, NetMD Player e Hi-MD Player com um iPod (ou com qualquer outro aparelho de reprodução multimídia digital) é uma covardia!
E você, leitor do Baixaki, conte-nos o que achou da estreia desta nova sessão e não deixe de sugerir novos temas para serem comparados aqui! Até a próxima!
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