Mesmo quem não é do ramo de criação já ouviu falar em Photoshop, Flash, Illustrator e nos outros programas que compõem o pacote de aplicativos Creative Suite da Adobe. Enquanto uns - como o Photoshop - chegam mesmo a ser criticados por seu uso exagerado, outros - principalmente o Flash - são os “queridinhos” de muita gente, graças às possibilidades que oferecem em termos de interação.
Como esses dois softwares são os principais elementos das últimas versões do CS, pautando a interface e funcionamento dos outros programas que fazem parte do pacote, este artigo vai explorar o que se sabe - e o que se imagina - das novidades que virão neste novo lançamento. Aliás, o CS 5 deve ser colocado à venda em Abril de 2010, e, da publicação deste artigo até lá, muita coisa pode mudar.
Uma certeza sobre a suíte de aplicativos inteira é que - para computadores Apple - não haverá mais suporte a processadores PowerPC, deixando as máquinas mais antigas limitadas à versão atual (CS 4) do pacote.
Photoshop CS 5
Provavelmente o programa de computador mais conhecido e discutido da atualidade, o editor de imagens bitmap da Adobe é o software que dá o tom do Creative Suite. Quase todas as inovações em interface, ferramentas e interação entre os diversos aplicativos do pacote são baseadas em modificações no Photoshop. Foi assim com as camadas - incluídas na versão 3.0 - e com a barra de inspetores da versão mais recente. Cada uma dessas funcionalidades foi adaptada aos outros programas que compõem a suite de aplicativos, adequando-as às ferramentas e necessidades de cada software, mas sempre baseando nomes, aparência e localização no Photoshop. Com a Creative Suite 5, o Photoshop alcança sua 12ª versão.
Novidades oficiais
Como todo lançamento no mundo da tecnologia, também o CS 5 está cercado de rumores e invenções. Enquanto as especulações sobre quais serão as novidades da versão CS 5 do Photoshop são comentadas pelos sites de tecnologia e nas redes sociais, a própria Adobe botou lenha na fogueira, com alguns vídeos demonstrando funcionalidades desenvolvidas em seus laboratórios. Desde ferramentas destinadas a economizar tempo através de processamento de pontos até maneiras de alterar completamente as formas de uma imagem, tudo isso é o que a Adobe confirmou – ou prometeu – incluir no novo Photoshop:
Pincéis e tinta
As principais ferramentas dos artistas durante séculos estão presentes em versão digital desde as versões mais antigas do Photoshop. Porém, ao contrário de outros aplicativos dedicados à simulação de pintura – como o Corel Painter – a maneira de lidar com tintas e pincéis é diferenciada. Tradicionalmente, os pincéis (brushes) do Photoshop se comportam quase como carimbos, permitindo a aplicação de algumas formas e efeitos que podem ser alterados a posteriori. Tintas, por outro lado, não são um conceito bem definido no carro-chefe da Adobe.
Na CS 5 espera-se – a partir da demonstração em vídeo – que o comportamento das tintas se torne um pouco mais próximo daquele existente nos aplicativos de pintura digital, com características de mescla, mistura e textura mais parecidas com a real. Porém o que se vê no vídeo não é exatamente isto. A ferramenta é um passo adiante bem grande para o Photoshop, sem dúvidas, mas não chega nem perto do comportamento de tintas reais, e também fica bem longe do obtido com aplicativos dedicados à reprodução digital de tinta.
Já sobre os pincéis, os novos protótipos de Pincéis Artísticos se aproximam muito do objeto físico. Os simuladores de pincéis angulados, em leque, planos e redondos – todos com resposta à pressão, simulando o uso real para quem dispõe de uma tablet – apresentam resultados interessantes quando usados para transformar fotografias em pinturas.
Distorções
A ferramenta Warp é utilizada principalmente para alterações de forma. Ao aplicar uma malha sobre a imagem, é possível – mudando a posição dos pontos da malha – puxar ou esticar partes do bitmap. É com essa ferramenta que fotógrafos corrigem distorções provenientes das lentes olho-de-peixe, por exemplo, ou modeladores 3D projetam imagens planas em superfícies curvas.
Na Creative Suite 5, uma nova maneira de distorcer as imagens é implantada. Através de pontos fixos – ou âncoras – na imagem, pode-se então modificar o formato do resto da imagem, sem perder a posição dos pontos ancorados. Essa funcionalidade permite correções muito mais precisas em diversos tipos de imagem, como pode ser visto no vídeo, ao mesmo tempo que possibilita aberrações, como as posições impossíveis do juiz de futebol americano do início da demonstração da ferramenta.
Seleções de restrição
O Photoshop hoje apresenta uma série de ferramentas para a alteração de imagens através de áreas de restrição, permitindo mudanças de aspecto - como deixar quadrada uma imagem retangular sem perder pedaços da foto - por exemplo. Infelizmente, a maioria dessas funções também comprime parte da imagem, gerando defeitos em algumas áreas do original. Isso acontece principalmente em fotografias com muitas linhas definidas, ou com objetos geométricos bem marcados.
Através de um inovador algoritmo de interpretação do mapa de bits que forma a imagem, uma série de novas ferramentas passam a fazer parte do arsenal do programa. Ao delimitar áreas, será possível alterar a posição - e portanto a composição - de pedaços da imagem. Entre os diversos usos previstos para as seleções de restrição, alguns merecem destaque - como você pode acompanhar no vídeo a seguir:
Reshuffling
Provavelmente o uso mais básico da capacidade de interpretação do novo código do Photoshop, o reshuffling nada mais é do que a recomposição de uma fotografia. Alterações de quadro e orientação são os reshufflings mais comuns.
Inpainting
Ao selecionar áreas de uma fotografia, a técnica de inpainting permite a exclusão de elementos indesejados da imagem, substituindo-os por uma cópia do fundo da área selecionada.
Image Retargetting
Esta prática consiste em comprimir ou extender a imagem, refazendo a proporção de algumas áreas enquanto outras partes selecionadas permanecem inalteradas.
Todas essas formas de se utilizar seleções de restrição estarão disponíveis na nova versão do Photoshop sob o nome de PatchMatch. Esta ferramenta pode ser utilizada principalmente na restauração de fotos danificadas, já que analisa o campo do bitmap para adivinhar como preencher áreas da imagem. Para isso, basta que o usuário identifique as regiões a serem preenchidas e delimite o espaço que o programa utilizará como referência do preenchimento.
À boca pequena
Entre a infinidade de características que supostamente serão incluídas no novo Photoshop, algumas se destacam por atenderem o desejo de muitos usuários do programa, ou pela total desconsideração com limitações reais de programação.
Mais bits
Entre os rumores, este é provavelmente o que tem mais chances de realmente ser aplicado na versão definitiva do programa: a capacidade nativa de rodar sob os processadores de 64 bits usados em computadores Mac. Isso já acontecia na versão CS 4 para Windows e deixou vários usuários da maçã revoltados. Segundo a Adobe, a culpa pela ausência dessa capacidade é da própria Apple, que abandonou a linguagem Carbon de programação em seus computadores de 64 bits, passando a suportar apenas a linguagem Cocoa nestes processadores. Como o Photoshop era até então desenvolvido em Carbon, não houve tempo hábil para a Adobe adaptar o Photoshop para a nova linguagem.
Com o suporte a 64 bits, o acesso à memória pelo programa aumenta consideravelmente, diminuindo o tempo de processamento ao trabalhar com imagens muito grandes. É importante lembrar que em tarefas simples - que não exijam tanto da RAM - o funcionamento em 64 bits não representa uma aceleração significativa, mas ao trabalhar com imagens RAW do tamanho de um outdoor a velocidade aumenta consideravelmente.
Mais GPUs
Ainda não confirmado, mas bastante provável também, é a inclusão de suporte a múltiplas placas gráficas - ou GPUs (Graphic Processing Units). Se ocorrer, essa mudança reforça ainda mais o arsenal de fotógrafos, ilustradores e tratadores de imagem. Ao enviar dados para processamento em mais de uma GPU, a velocidade com que filtros e outros processos serão aplicados aumenta bastante, já que não dependerão apenas da memória disponível na placa padrão do sistema.
Flash CS 5
Originalmente desenvolvido pela Macromedia - empresa comprada pela Adobe em 2005 - a ferramenta de animação vetorial faz parte da Creative Suite da empresa desde a versão CS 3 (equivalente à 9ª versão do Flash desde seu lançamento). Utilizado na criação e publicação de conteúdo multimídia, o Flash se tornou rapidamente uma das principais ferramentas de apresentação de material online. Além da enorme quantidade de menus de navegação e banners de propaganda desenvolvidos no programa, sites como o YouTube utilizam um formato de vídeo - FLV (Flash Video) derivado dos padrões do aplicativo multimídia.
Os rumores que transitam pela internet citam apenas a inclusão de uma ferramenta de extensão mais versátil na versão a ser lançada em 2010. Já a informação oficial é bem mais animadora, uma vez que a Adobe confirmou algumas funcionalidades bastante esperadas pelo público do Flash.
iPhone e iPod Touch
Até o presente momento, não existe suporte oficial para aplicativos criados em ActionScript - linguagem de programação orientada a objetos nativa do Flash - para iPhone e iPod Touch. Como a Apple tem suas diferenças em permitir que esses aplicativos sejam levados à AppStore, não existe muita esperança de que esse suporte aconteça logo também.
Apesar de ser possível executar alguns programas que lidam com arquivos Flash (como o YouTube, por exemplo), isso não é regra no iPhone OS. Para suprir essa demanda que vem crescendo constantemente, a Adobe incluirá no Flash CS 5 um tradutor que permite a conversão de um SWF (ShockWave Flash - extensão original dos aplicativos criados no programa) para o formato IPA (binários iPhone ARM). Com isso torna-se possível a instalação de aplicativos Flash em seu iPhone e iPod Touch sem depender diretamente da Apple para isso - mesmo sendo certo que houve muita conversa entre as duas empresas até essa função ser anunciada oficialmente como parte do Flash CS 5. Entretanto, o Safari – navegador de internet do iPhone OS – continuará sem ter uma maneira de apresentar conteúdo em Flash por enquanto.
Física de movimento
Em programas de animação - muitos deles baseados no Flash, quando não são cópias descaradas - os conceitos da física são aplicados para dar mais realismo aos movimentos dos objetos. Partículas que se espalham em direções variadas e até a simulação de impactos entre dos corpos, tudo isso é feito tomando por base as leis estabelecidas por essa ciência. Assim, refinamentos na interpretação dos comandos que governam esses movimentos resultam em animações cada vez mais convincentes.
Além disso, a física também tem no seu rol de pesquisas um campo chamado biomecânica, que estuda o movimento - principalmente - do corpo humano. Para melhor integrar essa disciplina nas suas animações, a partir do CS 5 o Flash também dispõem de “ossos” digitais. Esses artefatos funcionam - na animação - como o esqueleto de uma pessoa ou animal, direcionando e até mesmo limitando seus movimentos de acordo com seu formato e dimensões.
Texto, código e outras ferramentas
Além de expandir ainda mais as possibilidades do ActionScript 3.0 ao inserir mais amostras de código, a Adobe também melhorou a utilização de texto no Flasch CS 5 através de alterações no processamento de campos TLF (Text Layout Framework – esquema de disposição de texto).
Somadas as novidades no Flash e no Photoshop a tudo que deve ser influenciado por esses dois aplicativos no resto da Creative Suite pode-se ter uma boa ideia de porque a nova versão dos programas da Adobe é tão esperada. Fique ligado, pois assim que esses softwares forem liberados, o Baixaki irá analisá-los com a qualidade e o cuidado de sempre!