- Preço bem abaixo dos praticado pelos principais concorrentes
- Modificações do CyanogenMod tornam o SO muito atraente e flexível
- Design e embalagem do produto têm aspecto premium
A empresa chinesa OnePlus não existia até dezembro de 2013. Foi nessa época que Pete Lau, vice-presidente da companhia Oppo, decidiu fazer uma aposta pioneira no mercado de smartphones: um celular Android já com CyanogenMod. Em abril deste ano, o OnePlus One, primeiro modelo da marca, foi anunciado com grande destaque na imprensa internacional.
Seu cartão de visita trazia configurações robustas, como processador Qualcomm Snapdragon 801 e 3 GB de RAM, além de tela Full HD de 5,5 polegadas e versões com 16 GB e 64 GB de espaço de armazenamento. O preço dele? Apenas US$ 299 e US$ 349, respectivamente, com disponibilidade limitada a algumas poucas lojas da Ásia.
O modelo conta ainda com a versão 11S do CyanogenMod, baseada no Android 4.4.2. Considerado o “smartphone dos sonhos” pela revista Time, o modelo não tem previsão de venda nas lojas brasileiras e ainda esbarra na falta de uma cadeia de distribuição eficiente que faça com que os consumidores tenham acesso ao produto. As nossas impressões sobre o OnePlus One são o que você confere agora nesta análise.
Testes de benchmark
Para a realização desta análise, submetemos o OnePlus One a quatro aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 4, Basemark X e Vellamo Mobile Benchmark (HTML 5 e Metal).
Para efeito de comparação, submetemos aos mesmos testes os seguintes smartphones: HTC One (M8), LG G3, Samsung Galaxy S5 e Sony Xperia Z2. O resultado de cada um dos testes, bem como o significado das pontuações, você confere abaixo.
3D Mark (Ice Storm Unlimited)
O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
AnTuTu Benchmark 4
Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 4 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Basemark X
O Basemark X tem como foco principal mensurar a qualidade gráfica dos dispositivos. Baseado na engine Unity 4, o app aplica testes de alta densidade, mostrando qual dos aparelhos se sai melhor na execução de jogos. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Vellamo Mobile Benchmark
O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes ao aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do celular no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Design
O OnePlus One chega ao mercado com três opções de cores: branca, preta e bambu. A última delas foi a versão adquirida pelo TecMundo para a realização desta análise. O aparelho faz bom uso da parte frontal, com bordas reduzidas nas laterais e com pouco mais de 2 centímetros nas partes superior e inferior.
A tela de 5,5 polegadas está colocada sobre o corpo do smartphone, sendo um pouco mais saliente do que o aparelho em si. Nas laterais há uma fina borda de metal. A tampa traseira é construída em plástico e não é removível, mas a versão bambu conta ainda com uma camada de textura, o que o torna mais resistente.
Os controles de volume e a entrada para SIM card estão do lado direito do aparelho e o botão power está do lado esquerdo. No topo há a entrada para fone de ouvido e na parte de baixo a entrada para o carregador micro USB. Neste ponto estão posicionadas também as saídas de áudio.
A apresentação do produto em sua embalagem também chama a atenção pelo acabamento impecável. Há uma caixinha especial só para o carregador, além de cabo USB flat na cor vermelha e uma pequena chave para que você possa retirar com facilidade o SIM card de sua gaveta na lateral.
Interface
É no visual da interface que estão as grandes novidades do OnePlus One. Além das configurações robustas, o bom desempenho de software é também o segredo para a fluidez do aparelho e para a excelente durabilidade de bateria. O modelo conta com o CyanogenMod 11S como interface.
Além da possibilidade de modificar os temas, por meio de uma central específica para essa finalidade, o 11S traz um visual redesenhado em relação às versões anteriores, especialmente no que diz respeito às telas de configuração e às interfaces de câmera e galeria.
Se você já utilizou o CyanogenMod alguma vez, não vai notar tantas diferenças. Porém, se você nunca manuseou um aparelho com ele, certamente notará o grande número de modificações aplicadas pela empresa. Ícones, wallpapers e animações de boot podem ser modificadas.
Desempenho
Não há o que temer, pois todo e qualquer app disponível na Play Store certamente será executado com muita naturalidade pelo OnePlus One. O processador Qualcomm Snapdragon 801 – o mesmo dos principais top de linha do mercado – somado aos 3 GB de RAM garante uma fluidez invejável.
A transição entre telas e apps é bastante suave e, em nossos testes, em nenhum momento o aparelho apresentou algum tipo de travamento ou atraso no tempo de resposta. Jogos como Injustice e GT Racing 2, por exemplo, foram executados com naturalidade, sem que o produto apresentasse algum tipo de stress.
Há versões com 16 GB e 64 GB de espaço de armazenamento e nenhuma delas é compatível com cartão micro SD para expansão. Entretanto, dada a pequena diferença de preço entre as duas versões, recomendamos nesse caso o modelo com 64 GB, versão adquirida pelo TecMundo para esta análise.
Tela
O display de 5,5 polegadas IPS do OnePlus One não é excepcional, mas se mostra competente e dentro da média dos demais concorrentes da mesma faixa de preço. A resolução é Full HD (1920x1080 pixels), o que resulta numa densidade de pixels de 401 ppi.
O nível de cores é equilibrado, embora elas tenham tendência a se mostrar mais frias do que o natural. Não há empecilhos para o uso do produto contra a luz do sol e o índice de reflexividade é relativamente baixo. É possível ainda criar pré-configurações de exibição de painel, de acordo com a sua atividade ou interesse.
Sem dúvida, trata-se de um display eficiente e que não vai deixar nenhum usuário na mão. Ele pode não ser o melhor que existe no mercado, mas está dentro da média e cumpre muito bem a sua função em praticamente todos os requisitos necessários.
Bateria
Contando com uma bateria de 3.100 mAh, o OnePlus One certamente deixará você extremamente satisfeito nesse quesito. Em nossos testes, em nenhum momento de um dia de uso moderado do aparelho a bateria chegou ao fim do dia com menos de 30% de carga. Na prática, isso significa que você pode sair de casa sem o carregador sem medo.
Já em uso intenso, a duração de bateria se mostrou acima da média, vencendo com folga outros top de linha do mercado ao durar quase 8 horas exibindo vídeos. Para se ter uma ideia, aparelhos como LG G3, Sony Xperia Z2 e Samsung Galaxy S5 não passaram das 6h30 nesse teste.
Se você é fã de recarga wireless, vai se decepcionar ao saber que o OnePlus One é incompatível com essa tecnologia. Também não há modos de extrema economia de energia, mas nesse caso eles não fazem falta. Sem dúvida, estamos diante do smartphone top de linha com o melhor gerenciamento de bateria do mercado.
Câmeras
Simplicidade e objetividade são as principais características do software de câmera do OnePlus One. As opções de configuração dos disparos incluem itens como tamanho de imagem, qualidade, disparo rápido e modo noturno. É possível configurar o tempo de toque para foco, o ISO e o tempo de autoexposição. A facilidade de uso e acesso aos recursos chama a atenção.
A câmera traseira conta com sensor Sony Exmor IMX214 e captura imagens com até 13 megapixels de resolução. O resultado das imagens é satisfatório e revela belas imagens. Entretanto, alguns pequenos gargalos podem desapontar os mais preciosistas, como a ausência de um bom sistema de estabilização óptica de imagens. Fotos noturnas apresentam um resultado mediano.
Foto capturada com a câmera traseira do OnePlus One.
O aparelho é capaz ainda de capturar vídeos com resolução 4K. Há a opção ainda de filmagens a 60 fps ou 120 fps, porém apenas em 720p. Por fim, a câmera frontal surpreende com a resolução de 5 megapixels, tornando muito melhor a qualidade das selfies capturadas pelo OnePlus One.
Qualidade de áudio
O smartphone da OnePlus não vem acompanhado de fones de ouvido e também não há a função Rádio FM, recurso que costuma agradar bastante aos usuários brasileiros. A qualidade de áudio dos dois speakers, localizados na parte de baixo do celular não deixa a desejar e é satisfatória para jogos e conteúdos em vídeo.
Para quem gosta de um áudio personalizado, a boa notícia é que o aparelho conta com um app chamado Audio FX. Trata-se de um equalizador que permite ao usuários escolher uma entre várias opções customizadas de estilo sonoro. É possível criar a sua própria equalização e ainda selecionar o tipo de ambiente em que você está. O resultado final é uma percepção sonora acima da média.
Softwares adicionais
O OnePlus One não tem como procedência uma das grandes empresas fabricantes de smartphones e, por conta disso, é natural que ele conte com alguns aplicativos menos usuais entre os softwares pré-instalados. Há vários deles, mas a boa notícia é que você pode removê-los caso queira.
Alguns softwares da empresa chinesa Baidu estão entre os destaques e já vêm instalados, como o Baidu Browser, o Du Battery Saver e o Du Speed Booster. Os demais apps extras são o seguintes: 360 Security, Dr. Safety, Lovoo, Mobogenie, MoboMarket e o game Pocket Poker.
Relação custo-benefício
Mesmo para os padrões do mercado internacional, o OnePlus One é sem dúvida um dos smartphones que conta com o preço mais acessível entre os top de linha com o sistema operacional Android. A versão com 16 GB de espaço de armazenamento custa US$ 299 (o equivalente a R$ 688, sem impostos). Já versão de 64 GB custa US$ 349 (o equivalente a R$ 803, sem impostos).
Entretanto, o maior problema da empresa no início de sua jornada com o aparelho parece ter sido a distribuição do produto. Com número de unidades limitadas, a companhia optou por um sistema de convites em que poucas pessoas tiveram acesso à compra direta do OnePlus One.
Por isso, mesmo nas lojas dos Estados Unidos ou da China, é rara a chance de você encontrar o aparelho para a venda. Entretanto, encontramos o produto no site AliExpress, com preços maiores do que os oficiais, mas ainda assim atrativos: entre US$ 360 e US$ 460. Com as taxas de entrega e impostos, é possível importá-lo por menos de US$ 700 – valor de referência nos Estados Unidos para as versões desbloqueadas de celulares como LG G3, Samsung Galaxy S5, Sony Xperia Z2 e iPhone 5S.
Vale a pena?
Parece inegável que o OnePlus One é um dos grandes smartphones desta geração. Ao lado dos modelos LG G3, Samsung Galaxy S5, HTC One M8 e Sony Xperia Z2, o aparelho não deixa em nada a desejar no que diz respeito a configurações e desempenho, levando vantagem em alguns quesitos e sendo páreo em outros.
O preço agressivo de US$ 299 na versão mais simples do produto é um diferencial de peso e que nenhum outro concorrente consegue atualmente bater. Entretanto, não basta apenas disponibilizar o aparelho por um bom preço, é preciso colocá-lo no mercado em grande escala. Nesse quesito, a OnePlus falhou feio e hoje não é uma tarefa simples encontrar o produto à venda – o que desaponta muitos consumidores em potencial.
As inúmeras possibilidade de customização do CyanogenMod se revelam um ponto bastante benéfico para o usuário. O desempenho de software e a duração de bateria são um show à parte. Por outro lado, a câmera apenas razoável e sem uma eficiente estabilização óptica de imagens pode desapontar aqueles que esperam muito mais de um top de linha.
Infelizmente, não há previsão de lançamento do aparelho no Brasil, mas é possível importá-lo de lojas online por um preço final, com frete e impostos, compatível com o que é praticado nos tops de linha desbloqueados dos Estados Unidos. Há compatibilidade com o 4G brasileiro.
Entretanto, embora ele seja uma excelente opção, fique atento a outros detalhes como o fato de ele não ter garantia ou assistência técnica no Brasil ou ainda não estar na lista dos aparelhos homologados pela Anatel. É pouco provável que ele seja confundido com um “xing-ling” e tenha o seu funcionamento bloqueado no Brasil, mas não é possível afirmar com 100% de certeza que isso não acontecerá.
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